No entanto, nas palavras do próprio autor, encontradas no epílogo da coletânea Galactic North (referindo-se ao cenário de Ringworld, de Larry Niven, mas perfeitamente adequadas à sua própria obra, como Reynolds estava completamente ciente quando escreveu): "As conexões estão lá. Encontrá-las é metade da diversão." E, de fato, encontrar as conexões, e mesmo tentar extrapolar alguns dos fatos que serão descobertos ou mencionados pelos personagens foi extremamente divertido ao longo do livro.
Essas conexões, no entanto, são bastante superficiais, e a trama do primeiro livro não tem qualquer efeito sobre o segundo livro. Eu fiquei meio livro esperando para encontrar algum ponto de contingência, até desistir ao perceber que, além de se passarem no mesmo cenário, as duas tramas não tinham qualquer conexão. Eu esperava um pouco mais de... Sintonia entre as duas obras, mas minha esperança foi em vão. Ao menos eu vou de encontro do terceiro livro da série desarmado de qualquer expectativa de que ele possua ligações mais do que superficiais com os dois livros anteriores - e eu gostaria de ter lido Chasm City munido desse preceito, para não passar tanto tempo procurando a conexão entre as duas histórias. O livro é excelente, mas certamente não estar esperando qualquer conexão com o livro anterior teria feito a jornada pela trama muito mais prazerosa.
Independente das desconcertantes diferenças com relação ao primeiro livro, Chasm City é excelente e extremamente instigante, e não só será atraente para fãs de ficção científica, mas também para leitores de histórias deteviscas (principalmente aqueles que tiverem um gosto particular por tramas rocambolescas)!
Leitura fortemente recomendada!
Post Scriptum: Antes de ir para o próximo livro da série, Redemption Ark, eu sugiro fortemente a leitura do conto Great Wall of Mars e, se possível, Glacial (apesar deste segundo conto não ser tão relevante). Acredite, vai fazer bastante diferença!
A resenha que eu tenho para oferecer termina aqui, e, adiante, haverão algumas revelações sobre a trama, para minha apreciação pessoal futura. Leiam por sua própria conta e risco.
---REVELAÇÕES SOBRE A TRAMA---
Não tenho certeza se Tanner Mirabel (engraçado como, escrevendo o nome agora, ele me lembrou dos wafers da minha infância, mas ao longo do audio, isso não aconteceu. O nome sempre soou algo familiar, mas provavelmente o fato de ser pronunciado em outro idioma impediu que eu fizesse a conexão diretamente) era realmente Sky Haussman (cujo nome foi responsável pelo nome do planeta Sky's Edge, já que ele foi o responsável por vencer uma corrida de "naves arca" até o planeta) ou se essa parte das memórias dele foram simplesmente causadas pelo virus com o qual ele foi infectado.
Afora isso, sim, temos aliens! Os Grubs (lagartas?) são uma raça anterior à Dawn War que, ou estavam do lado vencedor ou (o que é mais provável, considerando sua natureza não violenta) não tomaram parte dela. Eles possuem uma consciência coletiva de três bilhões de anos (portanto bem anterior à Dawn War) e entraram em contato com os Inibidores em algum ponto entre o fim da guerra e uns 300 milhões de anos atrás. Eles tentaram fugir dos Inibidores, se escondendo em planetas com interferências magnéticas e ficando "em silêncio" por algum tempo, até terem certeza que os Inibidores não estavam mais nas proximidades. O primeiro contato das Lagartas com os Humanos foi através de Sky Haussman, enquanto ele se dirigia para a nova colônia e posteriormente uma das criaturas, soterrada em Chasm City se tornou algo como um "animal de ordenha" para a produção de "Fuel", a droga que mantém os imortais.... Bem, imortais!