segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Towers of Midnight

Penúltimo livro da série Wheel of Time, e segundo livro escrito por Brandon Sanderson como parte da finalização da série. Rapida recapitulação de eventos com relaâo à execução deste livro: Robert Jordan, o autor original da série, faleceu em 2007 antes de concluir o último livro, mas deixou vários manuscritos explicando como a série deveria acabar, e a esposa dele contratou Sanderson para finalizar o último volume. Sanderson concordou, mas considerando o volume de material deixado por Jordan, decidiu escrever uma trilogia.

Esse livro, ah, esse livro! Finalmente temos um grande foco em Perrin Aybara, meu personagem favorito da série! E que quantidade imensa de diferentes experiência temos para o personagem nesse livro! Não só Perrin finalmente resolve seus problemas com os White Cloacks de uma vez por todas, mas também faz as pases com seu lobo interior, luta contra Isan no Sonho do Lobo em uma série de combates espetaculares (Sanderson sabe realmente como escrever bons combates, e sua criatividade em lidar com a realidade dos sonhos é espetacular!) e ainda salva Egweine e a Torre Branca no processo!

A cena em que ele forja Mah'alleinir é absurdamente divertida de ler, e me remeteu em algo a forja da Espada de Shannara em First King of Shannara, mas com mais energia. Eu tinha um sorriso nos lábios ao longo da descrição de toda a cena, e certamente alarmei alguns transeuntes ao vibrar de forma excessivamente efusiva com a conclusão da narrativa, enquanto andava pelo Calçadão de Pelotas!
Um dia eu ainda vou escrever um livro com uma cena de forja de artefato que faça juz à esses dois exemplos!

Perrin me oferece uma quantidade imensa de emoções ao longo desse livro. A morte de Hoper foi esperada, eu já imaginava que o mentor de Young Bull iria morrer (na verdade, achei que isso poderia ter acontecido até antes na série) e chorei copiosamente na cena em que Perrin descreve a sua descoberta sobre o "lobo que não era um lobo". Me trás água aos olhos só de lembrar da passagem. Um dos melhores exemplos de tragédia que eu jamais li. 

Mat passa por algumas coisinhas importante. Ele vai até Elayne pra convencer ela a começar a construir os dragões" - canhões de bronze - e depois consegue se livra do Gholan, que estava atrás dele há vários livros, enganando a criatura e derrubando ela através de um portal para o vazio, onde e ela cairá para sempre. Além disso, ele vai com  Thom e Noal resgatar Moiraine, na torre de Ghenjei. Apesar de passar por várias coisas relevantes ao longo do livro, eu admito que achei a parte de Mat a mais... Desgastante. Talvez por ele ter a maior parte dos capítulos do livro, e eu estar com muito mais interesse em Perrin que, infelizmente, não teve muito espaço ao longo da série.

Rand tem a participação menos interessante ao logno do livro. Considerando o final do livro anterior, eu esperava grandes ações por parte dele, mas, ao invés disso, ele vai até Egwene - que é a Amyrlin seat - e diz pra ela que vai destruir os selos, o que faz a coisa toda ficar um tanto complicada porque ela acha que isso é devido à loucura dele. Pois é, o problema é que eles tem um vínculo mental, podem sentir um ao outro, e as razões dele são absurdamente lógicas, mas ele não explica NADA ao longo do encontro, o que cria uma tensão entre os dois completamente desnecessária. O próximo livro provavelmente vai ter que idar com isso, que será um problema diplomático completamente desnecessário e poderia dar espaço pro desenvolvimento e foco em outros personagens (Perrin. Sim, eu estou olhando pro Perrin) e tramas mais interessantes - e menos forçados.

Além disso, uma nova trama começou a se desenrolar na Torre Negra, onde aparentemente alguma coisa está controlando a mente de Asha'man e de Aes Sedai do Ajah vermelho - sempre elas. Mais uma vez, uma mudança de foco meio que sem sentido já que estamos no penúltimo livro, mas eu imagino que seja absolutamente necessário dar algum tipo de atenção pra torre negra, de alguma forma.

Em geral, o livro é bom. Não tem um final climático como aconteceu com quase todos os livros até aqui - quando o livro terminou eu fiquei "Ué, sério? Assim, acabando?" porque estava esperando os finais com revelações bombásticas, decisões inesperadas, reviravoltas na trama - ou descobertas scooby-doo - que sempre aparecem nos finais dos livros anteriores. Há várias resoluções importantes no livro, o que é de se esperar, já que é o penúltimo da série e ainda há muitas pontas soltas, mas as únicas partes em que eu realmente me diverti foram os capítulos com o Perrin - o encontro dele com Egwene, na Torr Branca, me fez rir alto! De longe o personagem mais interessante neste livro.

Não tão bom quanto a anterior, me pareceu menos inspirado. Ainda assim, pra quem leu toda a série até aqui, não é nem de longe o pior livro da série.


















terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Pedra no Céu

O primeiro livro publicado por Isaac Asimov em 1950, e que é a gênese do que mais tarde se tornaria o imenso universo literário da Fundação, uma série de livros que conta como o homem se espalhou e dominou o universo sobre a qual eu já falei aqui.

Apesar dos primeiros escritos de Asimov sobre o universo da Fundação datarem de dois anos antes da publicação deste livro, estas histórias foram escritas na forma de contos em revistas de ficção científica. Pedra no Céu é o primeiro livro publicado por Asimov e portanto considerado como o ponto de partida desse universo - os contos originais foram, dois anos depois da publicação de Pedra no Céu, reescritas por Asimov (para que as datas e fatos coincidissem de maneira mais harmônica) e compilados em um livro coeso, na forma do primeiro livro da trilogia da Fundação.

Apesar de ter fcado extremamente satisfeito em ter lido esta história depois de ter lido Fundação e poder perceber a semente daquele livro aqui - há muitos paralelos entre os livros, alias - mas imagino que o caminho oposto também deva ser extremamente interessante.

Um dos aspectos que eu mais gostei desse livro é o fato de que o protagonista (Joseph Schwartz, um alfaiate aposentado) é um homem do nosso tempo, transportado, graças à um acidente, para o futuro em que já existe um império galáctico e onde a terra nem sequer é mais reconhecida como o berço da humanidade. Esse ponto de partida nos permite explorar o cenário junto com Joseph, o que foi certamente uma idéia magistral de Asimov para mostrar as estranhezas da civilização do futuro (incluindo uma inicial barreira linguistica enfrentada pelo protagonista ao chegar no futuro).

O livro tem um pouco de tudo: religião, preconceito racial, conspirações e informações desencontradas (que, alias, pra mim, é o ponto alto do livro) e uma revolução à caminho.

É interessante observar que Asimov adicionou um posfácio em 1982 explicando que, na época em que escreveu o livro, não se sabiam quais seriam as consequências da radioatividade causada pelos ataques nucleares à Hiroshima e Nagasaki, e no livro os efeitos da radiação tomaram uma proporção muito maior do que realmente aconteceu.

Apesar de um final irrealisticamente otimista, o que é comum nos livros de Asimov, a trama em si é extremamente empolgante e mesmo o final sendo muito mais positivo do que se poderia esperar, ele faz sentido dentro da obra como um todo.

Definitivamente uma excelente leitura, fortemente recomendada!

Agradecimentos especiais ao Luciano Abel (e por extensão à Livraria Julio Werne) por ter me apresentado o livro. Eu provavelmente não teria procurado por ele se não fosse a esfuziante propaganda!