quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Mundo sem Estrelas

Mais um livro sessão-d-tarde de Poul Anderson. Eu fico me perguntando quanto tempo Hollywood ainda vai levar pra começar a adaptar os livros de Anderson em blockbusters de ficção científica, porque eles serviriam de forma excelente pra isso!

Seguindo a tradição das capas tenebrosas e que não fazem sentido com a trama que aparentemente amaldiçoam as versões brasileiras do autor, Mundo sem Estrelas é um bom livro, despretensioso mas com uma história divertida, apesar da apresentação horrível e sem sentido com frases de impacto que pouco tem à ver com a trama.

A premissa do livro é que em um futuro distante, os humanos passaram a viver para sempre graças à uma droga que impede o envelhecimento. Eles precisam apagar suas memórias de tempos em tempos, ou podem acabar esquecendo de partes importantes de sua personalidade - aparentemente, o cérebro humanos só tem uma limitada quantidade de espaço pra informações nesse cenário, o que é, por si só, uma premissa interessante. Graças à essa imortalidade virtual - humanos ainda possuem corpos tão frágeis como sempre - a humanidade pode se engajar em longas viagens para os confins do universo, que podem levar décadas. E considerando que a humanidade apenas cresce, já que ela não é mais aterrorizada pela premissa da morte, essas viagens são necessárias para encontrar novos planetas habitáveis para os humanos.

Nossa história começa com o Capitão Argens reunindo uma tripulação para realizar uma viagem para travar contato com uma raça recém descoberta que pode ter interesses em comercializar com os humanos. Graças à um erro de comunicação, no entanto, a nave Meteoro acaba realizando um pouso forçado em um planeta vizinho àquele que desejavam chegar, e precisam não apenas sobreviver ao planeta alienígena, mas se preocupar com as raças nativas.

A trama se desenvolve de uma maneira bastante interessante, e as culturas alienígenas são bem exploradas. O final é previsível, como é comum no caso de Anderson, e um tanto quanto romântico demais pro meu gosto, mas não estraga a experiência.

Como nota de rodapé, graças à este livro, eu descobri que Anderson também escrevia músicas, além de livros! Mary Omeara, que é cantada em trechos ao longo desse livro - e se entrelaça com a trama - por Valland, um humano de três mil anos e o Übermensch do livro, que canta, luta, filosofa, inspira a tripulação e consegue fazer amizade com os nativos enquanto cria táticas de combate quase infalíveis (além de ser o último romântico do universo). Um personagem interessante, apesar de excessivamente perfeito.

Abaixo, a única versão da música Mary Omeara que eu consegui achar na internet. Não tenho certeza do grupo que canta, e pelo que eu entendi da descrição do vídeo, pode ser o próprio Anderson cantando nessa versão.



Um bom livro, com assuntos interessantes infelizmente apenas rasamente discutidas, mas ainda assim apresentando premissas instigantes e uma trama sólida. Vale a leitura, com certeza!

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