quarta-feira, 27 de maio de 2015

Problemas de Linguagem

Sim, o blog tem andado quieto ultimamente. Abril não teve nenhuma postagem, e maio vem sendo um mês magro - com apenas um livro "terminado" e comentado.

Achei, por bem, escrever alguma coisa a respeito. Digamos que isso é mais um desabafo do que um tipo de justificativa, mais pra mim do que pra qualquer outro, como eu me prometi que esse blog sempre seria. De fato, considerando que não há um novo comentário por aqui fazem cinco meses, acho que isso não está muito longe da verdade. 

Abril foi um mês complicado, e maio seguiu basicamente a mesma trilha. Muito trabalho, alguns problemas, algumas novas descobertas e muita pesquisa. Claro, isso nunca me manteve longe da literatura, e, na verdade, esse não é o caso agora. O que aconteceu foi, como o título sugere, que eu acabei tendo uma série de problemas com linguagens. 

Bom, do começo. 

Depois de ler Xógum durante praticamente todo o mês de Março, eu estava procurando por alguma literatura mais leve. Xógum é uma monstruosidade de mais de mil páginas, denso, politicamente complexo e culturalmente absorvente, cheio de referências e pesquisas laterais que surgiam durante a leitura. Quando terminei de ler os dois volumes, tudo o que eu queria era algo que fosse literariamente de fácil digestão. Assim, fu em busca de livros de contos. E aí começou minha pequena - e extremamente frustrante - epopéia literária de abril. 

No começo do dito mês, tinha me caído em mãos um livro de contos do senhor Edgar Alan Poe. Depois de terminado Xógum, imaginei que seria uma boa idéia tentar um clássico que eu havia pouco experimentado. Até então, só tinha lido um livro de contos dele, em italiano, uns bons 15 anos atrás, pelo menos. Lembrava vagamente que havia gostado, e alguns contos tinham nomes que realmente chamaram minha atenção por já ter visto referência à eles em outras fontes - principalmente RPGs, devo admitir. Resolvi ler.

E se eu queria um pouco de quietude cerebral, fiz a pior escolha possível. 

O tradutor tratou de deixar os contos com a linguagem da época em que o livro foi escrito - em meados do século XIV. Depois de ler os tr~es primeiros contos, com um dicionário acompanhando o livreo na miunha cabeceira, eu simplesmente não consegui ir adiante. A forma de narrativa, o ritmo, os termos empregados.... tudo era extremamente cansativo. Acabei deixando o livro pra mais tarde. precisava de algo mais simples. Então me decidi por Sleeping Planet, um livro de bolso de ficção científica que estava na minha pilha de leitura faziam alguns anos.

Ficição científica é uma das minhas literaturas favoritas, e eu já lí uma boa quantidade de livros de RPG, HQs e mesmo literatura em inglês pra saber que a língua definitivamente não seria uma barreira. 

Ledo engano. 

O autor usa uma quantidade imensa de jargões da década de 60 - quando o livro foi escrito - que obviamente não fazem parte do meu vocabulário normal, além de usar uma narrativa focada em diversos personagens isolados uns dos outros, mudando o foco pra um ou outro personagem sem uma lógica aparente e sem nenhum tipo de aviso. Cada parágrafo pode estar falando de um personagem completamente diferente a qualquer momento, e não é totalmente óbvio - ao menos pra mim - quando essas mudanças ocorria, o que me fez precisar reler várias passagens mais de uma vez. O exercício acabou sendo mais difícil do que eu imaginava, e o livro engrossou minha recentemente inaugurada pilha de "livros meio lidos". 

Enquanto estava me batendo contra a leitura de Sleeping Planet, minha mãe me devolveu alguns livros que eu havia emprestado pra ela algum tempo atrás. entre alguns Bradburys, Andersons e Asimovs estava um livro em dois volumes chamado Maré alta estelar, que eu comprara por conta da capa - com golfinhos em armaduras reluzentes e humanos em roupas de mergulho futurísticas. Bem, um livro em bom português, ainda dentro de ficção científica, pequeno e escrito na década de 80 parecia a solução para os meus problemas! Dei início à leitura. 

E então percebi que ele era um livro traduzido para o português, sim, mas português de Portugal. Joguei ele em cima da pilha de livros meio lidos depois de alguns dias lutando pra conseguir passar das primeiras páginas. 

Então, repentinamente, me deparei com o livro destinado a tragédia intitulado Antalogia de Ficção Científica - sua triste história está contada na postagem diretamente anterior à esta. 

Apesar de ser uma tradução do meio da década de 70 de contos majoritariamente da década anterior, esse livro era definitivamente mais simples de ler do que qualquer uma das alternativas anteriores.

Recobrado das experiências de "quase-leituras", agora estou nadando arduamente contra a complexa leitura de Maré Alta Estelar - que, apesar da língua lusitana, parece um bom livro no fim das contas. Mas a leitura tem sido bastante cansativa e eu tenho conseguido avançar apenas umas poucas braçadas a cada dia, antes de ficar muito cansado da interpretação que o livro exige - sem contar as frequentes consultas ao dicionário que ele exige. Ele certamente vai ser o próximo livro a figurar aqui no blog - provavelmente dividido em duas resenhas, já que o livro é dividido em dois volumes.

Depois, provavelmente os contos de Alan Poe e a aventura futurística de Sleeping Planet devem ser os próximos. Provavelmente.

"Mas, hey, Domênico, e essa imagem ilustrativa da postagem, que parece uma página inacabada de HQ?" pode perguntar-se alguém. Bem, no meio de uma série imensa de ilustrações pra uma revista digital da Coisinha Verde e de outras para um livro de culinária (não perguntem) que me deram cãibras nos dedos, eu resolvi voltar à um antigo roteiro de uma HQ só pra relaxar um pouco.
(pois é, eu relaxo do trabalho como desenhista... Desenhando)

Depois de desenhar essa primeira página e metade da segunda, eu desisti de voltar ao projeto. Tenho algumas outras HQs que ainda quero desenhar, e essa em particualr ia servir mais como uma espécie de treinamento pro trabalho de verdade. Só que, apesar de curta, me dei conta (depois que reli o roteiro todo) que era uma merda de história. Sim, com direito à um palavrão depreciativo. Então, desisti dela. Mas como eu não tinha nenhuma outra imagem pra ilustrar essa postagem - e como o resultado dessa página não está de todo ruim - achei que eu merecia um pouco de exposição, já que, afinal de contas, sou o dono desse maldito blog.

Enfim, acho que é isso.

Apesar de acreditar que esse foi o texto mais chato e sem propósito que já escrevi desde a virada do milênio, fica um abraço praqueles que chegaram até esse ponto da leitura! ^_^

domingo, 10 de maio de 2015

Antologia de Ficção Científica

Abril foi um mês literalmente complexo, literalmente. Vou falar sobre o assunto em uma futura postagem. Por hora, vou fazer o que é costume por aqui: Resenhar o último livro que li - nesse caso, uma antologia de contos de ficção científica da década de 60/70.

Achei esse livro perdido por aqui, sem capa, enquanto mudava minha "biblioteca" de lugar. Não sei de onde saiu, mas estava precisando de alguma coisa simples pro meu apetite literário, e uma coletânea de contos de FC sempre é uma boa pedida.

Sem autores particularmente reconhecidos, incluindo um brasileiro - cujo nome me foge - este volume fadado à tragédia me trouxe algumas horas de leitura tranquila e divertida. Sem histórias particularmente geniais, essa antologia foi muito boa de ler justamente porque suas histórias, pouco pretensiosas (em sua maioria, exceto pelo supracitado autor brasileiro de nome perdido) me deram justamente aquil o que eu procurava: histórias simples e diretas. Algumas delas, apesar de esdrúxulas - como a patente de uma máquina de fazer ovos - se desenvolveram de forma inesperadamente interessante, enquanto outras - como a história da equipe de construção de linhas de energia confrontada pelos últimos "motoqueiros" da terra - partem de princípios mais originais. A maioria, no entanto, era bem lugar-comum para leitores de ficção científica - como o futuro das instituições presidiárias, métodos de ensino distópicos, extinção de raças graças à exploração de recursos naturais e dogmas culturais extremos que se mantém sendo levado à cabo apesar de ilógicos e daninhos. Mas estamos falando de uma antologia de ficção de obras de 1963 à 1973, o que significa que, para a época, alguns desses assuntos não tinham sido experimentados à exaustão ainda.

O supracitado conto do autor brasileiro cujo nome se perdeu, no entanto, é medonho. Além de usar um tipo de linguagem bizarra, com várias passagens em espaços brancos, para demonstrar a incapacidade do leitor em entender o que o personagem pestá falando - e sim, é uma história contada por um personagem, supostamente um gênio, sobre sua genialidade - o texto é recheado de passagens em caixa alta, descoladas do texto, sem nenhuma conexão aparente com a história em sí. De fato, são passagens de cunho apocalíptico, enquanto o tal cientista fala de suas descobertas no campo da beleza, seja lá o que significa isso. Recheado de pseudo-intelectualismo e palavras difíceis sem significado - supostamente para demonstrar a superioridade intelectual do cientista - o conto termina sem nenhum mérito, exceto o de entrar na minha lista de piores coisas que já li na vida - e eu já lí alguns panfletos de igreja particularmente horrorosos...

"Mas Domênico, porque tu não está citando o nome das obras nem dos autores? Não dá pra ir ali pegar o livro ao invés de ficar dizendo que não lembra ou que esqueceu os nomes dos contos e autores? E porque tu disse que esse livro estava fadado à tragédia lá no começo da postagem?" Bem, ávidos leitores, o fato é que o livro não existe mais.

Hoje, logo depois de eu ter terminado minha leitura da antologia, esqueci a porta da casa aberta depois de levar roupas pra lavar, logo cedo. O que aconteceu então é que minha cadela - na verdade, ela é da minha mãe, mas eu tenho tomado conta dela pelos últimos anos, infelizmente - infiltrou-se na casa, comeu a comida dos gatos, derrubou minha caixa de ferramentas de cima da mesa - o que causou um óbvio caos de plástico e metal por toda a minha sala - e terminou seu ato de terrorismo destruindo dois livros, um dos quais era justamente a antologia - o o outro era um livro que eu estava lendo e que, bem, não vou poder terminar...

Alias, tenho uma cadela pra doação. Sei que essa não é a melhor propaganda do mundo pra se fazer de um anial do qual a gente espera que alguém se interesse em levar embora, mas ela tem qualidades. Como o fato de ser castrada - o que implica que ela não vai mais espalhar seus genes por aí, graças à Cérbero!

Alias, acabei de notar que não conheço nenhuma divindade associada aos cães... Se alguém conhecer alguma, fico agradecido.

Do livro, só sobrou inteira a página que ilustra essa postagem. O resto eram peças rasgadas de papel ou uma massaroca de celulose e baba canina. Nojento.