segunda-feira, 20 de junho de 2016

Praticamente Inofensiva

Finalmente cheguei ao fim da Trilogia de Cinco do Guia do Mochileiro das Galáxias!

Depois de um terrível desapontamento com o terrível Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes, que foi, digamos, uma obra com gosto de chá de camomila com quatro colheres de sopa de açúcar, cheguei um pouco receoso ao quinto e último livro da Trilogia de Cinco.

Mas, por sorte, o livro é bom! Não excelente, como os dois primeiros volumes, mas tão bom quanto o terceiro, certamente!

Apesar de Zaphod Beeblebrox e Marvin, o Androide Paranóide não aparecerem no livro, os outros personagens da série (Trillian, Ford Prefect e Arthur Dent) estão aqui, diferente do livro anterior, focado apenas em Arthur Dent - e na tenebrosa Fenchurch, a mulher-água-com-açucar.

A história também retoma algumas coisinhas da trilogia original que foram completamente deixadas de lado no quarto livro, como Vogons, o próprio Guia do Mochileiro das Galáxias e até mesmo as últimas palavras de Agrajag de que Arthur encontraria ele em Stavromula Beta.

O livro também retoma o clima nonsense dos primeiros livros e, apesar de não fazer isso tão magistralmente, definitivamente permite que o leitor relembre o quão bom os primeiros volumes foram - e que bela bosta foi o quarto!

Li pela internet afora que, na verdade, alguns fãs da série não consideram esse livro como pertencente à saga do Guia do Mochileiro das Galaxias - eu, particularmente, preferiria desconsiderar Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes, mas ok... - provavelmente por conta do final, que encerra a série definitivamente, o que pode ser uma alegação válida, apesar dos personagens do livro, já que a trama revolve em torno de realidades alternativas. O próprio Douglas Adams considera que o quinto livro realmente termina de forma um tanto quanto sombria, e enquanto escrevia O Salmão da Dúvida, chegou a dizer que talvez fosse depurar o conteúdo do livro e transforma-lo em um sexto livro da série do Guia do Mochileiro das Galaxias - o livro, infelizmente, não chegou a ser terminado antes da morte de Adams, e portanto nunca saberemos se essa possibilidade poderia mesmo ter ocorrido.

Apesar de haverem outros livros e contos ligados ao universo do Guia, creio que não devo voltar à esse universo, já que esses outros livros não foram escritos por Adams - exceto por Young Zaphod Plays it Safe, que provavelmente, como o nome indica, gira em torno de Zaphod Beeblebrox, o personagem da série que eu menos gosto, e portanto não me chama a atenção.

Como uma nota relativa ao universo do Guia do Mochileiro das Galáxias, descobri também que Douglas Adamns criou uma "edição terra" do Guia, na forma de um site, antes mesmo da Wikipedia dar as caras, e que parece bem interessante! Pra aqueles interessados, o site é o h2g2, e me pareceu bem interessante, pelo pouco que li.

Bom, pra finalizar, eu diria aos interessados na série que fiquem só nos primeiros dois livros, ou, se quiserem um pouco mais de divertimento, o terceiro e o quinto livros são boas pedidas. Mas, façam um favor à si mesmos, e fiquem longe do quarto livro!

Finda essa resenha, só me resta dizer Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes!

sexta-feira, 10 de junho de 2016

A Study in Emerald


A Study in Emerald é um conto de Neil Gaiman sobre Sherlock Holmes passado no cenário dos Mythos de H. P. Lovecraft - sim, o cara do Chutulhu!

É, parece uma salada monstruosa de batata com pizza inglesa picada e cobertura de polvo cru, eu sei. Mas acreditem: É muito bom!

Esse conto está presente no livro Coisas Frágeis, que eu já resenhei aqui no Café com Letra, e inclusive já mencionei lá - como sendo "Surpreendentemente surpreendente!" E tenho que dizer que, após ler o conto outra vez, agora no original em inglês, eu definitivamente concordo comigo mesmo com relação à isso!

É, essa afirmação ficou meio maluca. Deve ser influência de algum Grande Antigo.

Não, eles definitivamente não se importam tanto assim comigo. Deve ter sido o melete de cogumelos que comi mais cedo, mesmo.

Enfim!

Gaiman publicou esse conto tanto em Coisas Frágeis como em Shadows over Baker Street - que é uma coletânea de contos de vários autores misturando as obras de Arthur Conan Doile e H. P. Lovecraft. Sim, a idéia é boa e muita gente parece ter embarcado nela!

A parte divertida aqui é que Gaiman disponibilizou o conto em sua página pessoal - e com o bônus de ter usado um lay-out e ilustrações que fazem o conto parecer estar impresso em um folhetim de época, incluindo uma série de propagandas de produtos que remetem à outros personagens folclóricos como Drácula, Frankenstein e Doctor Jekill. Uma sacada genial!

O link pro conto está bem ali à vista no site do Gaiman, mas eu vou deixar aqui um segundo link, diretamente pro material em .pdf pra quem preferir ir direto pro conto sem precisar passar pelo site - sei lá, mas vai saber? Tem maluco de todo jeito nesse mundo.

Ah, sim: Como o título sugere, o conto está em inglês. Pra ler em português - sem o lay-out e as ilustrações, infelizmente - só no livro Coisas Frágeis, mesmo.

"Mas é só isso a resenha, Domênico?" pergunta alguém. Sim. Se Sherlock Holmes encontra Chutulhu não é atrativo suficiente pra tu ler o conto, então não adianta eu gastar meu latim aqui. E não tem muito mais que eu possa usar pra resenhar esse conto do que Sherlock Holmes encontra Chutullu, de qualquer modo, então...



Ph'nglui mglw'nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtagn

sábado, 4 de junho de 2016

Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes

Depois de uma breve pausa para ler Stonehenge, voltei à Trilogia de Cinco do Guia do Mochileiro das Galáxias, pra terminar de ler ela dessa vez. Eu já tinha lido uma versão desse livro, "Adeus, valeu o peixo", publicada em Portugal - e como todos sabem (se não sabem, agora saberão) eu tenho sérias dificuldades em ler livros em idioma lusitano porque muitas vezes eu não entendo perfeitamente o que os tradutores querem dizer e as palavras ou semânticas completamente diferentes entre as duas línguas portuguesas acabam me catapultando pra fora do livro, impedindo uma imersão na leitura.

Quando li o livro pela primeira vez, portanto, culpei a língua lusitana pelo fato de ter achado o livro tão ruim - particularmente comparado com os outros três. Ledo engano. O livro é ruim mesmo, até em bom idioma tupiniquim.

Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes tem três grandes problemas: A descaracterização dos personagens (subitamente Arthur Dent se torna um galã auto-confiante absolutamente hábil e capaz), um romance automático e sem sentido e a falta de nexo geral do livro, incluindo a lógica sem lógica do desaparecimento dos golfinhos.

Sim, porque ninguém explica porque diabos os golfinhos foram embora. "porque a terra estava pra ser destruída, oras!" diz alguém. Ok, seria válido, se os próprios golfinhos aparentemente não tivessem feito alguma coisa que impediu isso! O que eles fizeram nunca fica claro, no fim das contas - mas sabemos que foram eles por conta dos aquários presenteados à pessoas aleatórias. Que é outro problema. Porque eles deram os aquarios de presente pro Arthur - um humano sem nenhuma importância - pra Fenchurch - outra humana sem importância, exceto por ter descoberto alguma coisa que também não fica clara sobre o que é, apesar de ser aparentemente importante - e pro Wonko - que, esse sim, tinha pelo menos alguma ligação com os golfinhos - não faz sentido algum.

Ok, coisas sem sentido algum fazem parte dos livros do Guia do Mochileiro das Galáxias, mas mesmo as coisas sem sentido tem alguma lógica - geralmente distorcida. Mas essa história dos aquários eu realmente não entendi.

Alias, não entendi o papel da Fenchurch no livro, além de ser um par romântico pro Arthur, em um dos romances mais água com açúcar, gratuitos, sem razão de ser e desnecessários de todos os livros que eu já li. Sim, eu já passei por "casais destinados", mas em geral esses casais estavam em livros extremamente ruins e com uma história absolutamente medonha.

O que, pensando bem, é exatamente o caso aqui...

Douglas Adams disse que seu editor cobrou muito dos prazos, e por conta disso o resultado do livro ficou aquém do que ele gostara. Uma boa desculpa, mas eu fico imaginando quanto a mais de livro ele ia precisar pra fazer essa história ficar um pouco menos espinhosa, e definitivamente creio que só funcionaria se ele fosse totalmente reescrito.

Bom, vamos ver se Praticamente Inofensiva consegue ao menos fechar essa trilogia (de cinco volumes) de uma forma que salve um pouco a dignidade dos três primeiros livros apesar desse quarto volume tenebroso.

Aceito críticas e defesas efusivas nos comentários, mas duvido que alguém consiga me convencer de que esse livro vale o papel no qual foi impresso.