terça-feira, 8 de outubro de 2019

Criaturas Estranhas

Criaturas Estranhas é um conjunto de contos reunidos por Neil Gaiman - o nome imenso do autor na capa me deu a impressão errada que o livro era de contos dele. Mas tem um diminuto "histórias selecionadas por" entre o título e o nome do autor. De Gaiman, mesmo, só há um conto, Pássaro do Sol, que também está no livro Coisas Frágeis, então não foi uma grande leitura.

Os outros contos, em geral, não me agradaram. Em parte porque o nome do livro é uma tradução muito porca do original, Unnatural Creatures, e a maioria dos contos não tem criaturas lá muito estranhas - e, na verdade, alguns deles sequer tê criaturas de fato, no caso dos contos Sorriso no Rosto e A Mantícora, A Sereia e Eu. No primeiro, uma garota engole um caroço mágico e aparentemente desenvolve temporariamente alguns poderes, até que o tal caroço é regurgitado. No segundo, se trata de uma vestimenta mágica (ou, mais provavelmente, uma alucinação, ao menos foi o que eu entendi....).
Venha, Dona Morte, é um caso a parte. Não se trata de uma criatura de fato, mas sim da materialização de um conceito (a morte, literalmente). Se esse conto for sobre uma criatura estranha, então Deuses Americanos é um livro sobre criaturas estranhas, não sobre, bem, deuses. Claro, se o livro se chamasse Criaturas Sobrenaturais, a questão seria um tanto diferente, mas a tradução não ajuda nem um pouco.
PrismáticaO Mal Também se Levanta e O Sábio de Theare são um caso estranho nesse livro também. Eles são contos de espada e feitiçaria, e embora hajam, de fato, criaturas sobrenaturais nesses contos, elas são totalmente aceitas como parte natural do cenário. Ninguém se espanta com o fato delas estarem lá - no caso específico de O Sábio de Theare, não existe de fato uma criatura, mas sim uma pessoa com poderes especiais.
Os outros contos do livro realmente possuem criaturas estranhas - ou sobrenaturais - de fato. A criatura mais estranha de todas está no primeiro conto (cujo título é uma mancha), e é um conto estranho e interessante.
As Vespas Cartógrafas e as Abelhas Anarquistas tem uma escrita muito próxima de um documentário, e é algo chata de ler, não tendo um roteiro, de fato, e sim uma explicação detalhada sobre a vida das criaturas do título. Interessante, mas chato. Bem chato.
O Grifo e o Cônego Menor, Ou Todos os Mares com Ostras e Ozioma, a Maligna, possuem criaturas sobrenaturais interessantes, boas ideias e são bem escritas, e idealmente o livro traria uma leva de contos semelhantes à estes.
O Cacatuano: Ou, a Tia-Avó Willoughby, é um conto com semelhanças demais com Alice no País das Maravilhas pra eu ter realmente apreciado. Achei arrastado e chato. Mas a idéia do Cacatuano é interessante.
O Vôo do Cavalo, Gabriel-Ernest e O Lobisomem Cabal são, de longe, meus contos favoritos no livro. O primeiro é sobre cavalos e viagens no tempo, e a conclusão é absolutamente fenomenal. Os outros dois são simples, diretos e eficientes, tratando sobre Lobisomens, ambos.
No geral, achei um livro fraco. Poucos contos realmente bons, a maioria não passando de viagens meio psicodélicas sem um objetivo. Alguns contos seria mais interessantes se tivessem sido explorados como livros (no caso de Prismática e talvez o Sábio de Theare). Os poucos bons contos do livro não valeram a pena pra mim, principalmente pela falta de criaturas realmente estranhas - ou sobrenaturais, vá lá.

No geral, um livro fraco, com contos altamente esquecíveis - o que, alias, me deu trabalho pra fazer essa resenha, porque eu sequer lembrava de alguns dos contos depois que terminei de ler o livro, e precisei literalmente reler alguns finais e procurar resenhas....