domingo, 12 de julho de 2020

The Three Body Problem

Vou começar dizendo que esse foi um livro difícil.

The Three Body Problem (cujo nome deriva do problema de física conhecido como, bem, problema dos três corpos) é um livro de ficção científica escrito pelo autor chinês Liu Cixin. Além de ser extremamente carregado de questões filosóficas e de problemas de física bastante complexos - que eu não consegui entender nem parcialmente, mesmo tendo feito várias pausas no audiobook pra pesquisar sobre as questões tratadas - tem uma estrutura bastante complicada por ser escrito de forma não linear, com a narrativa indo e vindo desde a China da década de 60, durante a revolução cultural que ocorria na China naquela década, até os dias atuais - passando por vários momentos cronológicos entre esses dois pontos. A narrativa não linear, somada aos problemas de física e filosofia apresentados e o estilo de escrita do autor tornam esse livro um desafio bastante considerável.

Eu não sei se o estilo de escrita de Liu Cixin é característico de autores chineses como um todo, porque tive poucas oportunidades de ler livros de autores chineses (e nenhum deles foi na última década), mas ela é mais similar à escrita de autores japonêses que li do que aqueles autores ocidentais, o que me leva a crer que a forma de escrita (longa, arrastada, reflexiva, sem um ponto-de-vista definido muitas vezes) é uma característica da literatura oriental e não apenas desse autor.

A trama em si trata de uma investigação policial sobre mortes recentes de eminentes pesquisadores da área da física, o que faz com que o detetive do caso procure a ajuda de um pesquisador de nanotecnologia para tentar fazer sentido nas questões científicas sobre as quais o tal detetive tem muito pouco conhecimento. A investigação acaba esbarrado em uma conspiração governal global que, de alguma forma, está ligada à um programa de realidade virtual que se passa em um planeta que reside em um sistema de três sois.
Sim, investigações policiais, conspirações governamentais, jogos de realidade virtual, física e filosofia, tudo dentro do mesmo livro.

"- Tá, Domenico" pergunta alguém depois de ler o que eu escrevi até aqui "e a parte de ser um livro de ficção científica?" Bem, acontece que a tal conspiração global envolve alguns assuntos bastante convulsos, que basicamente permitem que algumas idéias de física experimental (como entrelaçamento quântico) além de áreas por enquanto pouco exploradas (como nanotecnologia) sejam usadas como ferramentas eficientes, incluindo, obviamente, armas.

É, física quântica, nanotecnologia, paradoxos de física e realidade virtuais. Imaginem isso em uma narrativa não linear.

Eu já mencionei que esse livro é complicado?

Bom, Three Body Problem é o primeiro de uma trilogia de livros (Remembrance of Earth's Past), e basicamente serve pra dar o chute inicial na história, apresentando a conspiração em si, que certamente será explorada nos outros dois livros.
Eu levei semanas pra conseguir ouvir esse livro, e ainda vou levar algum tempo pra me recuperar dele - e avançar para o próximo livro da trilogia. 

Vale a pena como leitura? Com certeza. Ele é coeso e bem escrito, mas extremamente complexo em seus conceitos e estrutura de narrativa.

Post Scriptum: vou deixar, adiante, algumas linhas de resenha pessoal, para que eu possa lembrar de pontos importantes do livro pra quando for voltar pra série - o que deve levar algum tempo. Se alguém quiser ler, fique à vontade, mas o conteúdo terá sérias revelações sobre a trama! O material adiante serve como guia pra eu não me perder na leitura (eu já mencionei que esse livro é complicado....?) e tentar lembrar da estrutura cronológica dos acontecimentos.


***REVELEAÇÕES SOBRE A TRAMA ADIANTE!!!***

Então, sim, alienígenas. É claro que há alienígenas.

A parte genial sobre eles é que não há alienígenas na terra. Eles existem em um sistema solar distante, que possui três sóis, e foram a inspiração para a criação do tal jogo de realidade virtual, já que eles tem sérios problemas com o seu sistema solar trinário, e estão à beira da extinção.

Como a comunicação com os tais alienígenas foi feita apenas por rádio, eles são retratados no livro como sendo idênticos à humanos, mas eu duvido que seja o caso.
Enfim.

Ye, a primeira pesquisadora que entrou em contato com os alienígenas, na década de 70 (depois de ter escapado da revolução cultural da década anterior, onde o pai dela foi morto por suas "idéias reacionarias" leia-se: Aceitar que as teorias de um ocidental sobre física, um sujeito chamado Einstein, estavam corretas) e ela foi considerada uma espécie de traídora da cultura chinesa. Graças à isso, Ye acha que a humanidade é um saco de bosta e, quando entra em contato com sinais de rádio alienígenas meio que sem querer, descobrido que eles desejam conquistar a terra e erradicar a humanidade, manda um sinal indicando a posição do nosso planetinha na esperança que os aliens venham mesmo e exterminem os terráqueos.

Ye acaba compartilhando essa informação com um playboy antiespecista (Mike Evans) em algum momento na década de 90, acho, e Evans usa os recursos do pai, um empresário do petróleo, pra conseguir um navio cargueiro e tentar se comunicar com os aliens - o que ele consegue. Dessa comunicação surge o jogo de realidade virtual, porque alguns membros do grupo formado por Evans (ETO, Earth-Trissolarian Organization) acham que podem resolver o problema pra que os alienígenas não nos invadam. Outros membros do ETO estão tentando preparar a humanidade para a chegada dos aliens (prevista pra 450 anos no futuro) na forma de uma resistência, e outros ainda desejam uma fusão pacífica entre humanos e trissolarianos.

Os trissolarianos, por sua vez, querem a subjugação da terra, e com a ajuda de algumas pessoas como Ye - que querem que a humanidade se exploda mesmo - tem eliminado cientístas que desenvolvem tecnologias que podem fazer com que os humanos desenvolvam métodos de defesa eficientes contra os trissolarianos (que obviamente tem uma tecnologia muito mais avançada do que a nossa).

É uma trama bem interessante, apesar de algo convulsa, e tem várias partes técnicas que me escapam totalmente a compreensão (como a comunicação por ressonância quântica) que eu considero como uma parafernália fictícia, porque meu cérebro não consegue acompanhar a trama não linear, a narrativa oriental e as questões filosóficas e históricas da China - tudo isso em audio e em inglês - e ainda processar todas as informações técnicas. Alguma coisa tem que ficar pra trás!

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