segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Os Gelos de Ganymedes

Mais um livro sessão da tarde do meu autor favorito de desligar o cérebro, Poul Anderson. Esse livreco, no entanto, diferente da maioria dos livros de Anderson, me frustrou bastante, e ao invés de me deixarcom a sensação usual de que "tem idéias interessantes, mas a maioria foi explorada com pouca profundidade" que eu geralmente tenho quando leio os livros do autor, os Gelos de Ganymedes realmente me incomodou com seu desenvolvimento. 

A premissa do livro é interessante - como acontece com quase todas as obras de Anderson: um grupo deterraformadores profissionais é contratado para tornar a vida da colônia humana em Ganimedes (que no livro é escrita com "Y" porque sim), a lua de Júpiter que já foi colonizada há algumas décadas mas que ainda sofre profundamente com as condições climáticas do maior satélite natural do planeta dos anéis. 

Uma idéia extremamente interessante ao longo do livro é o fato de que a Ordem dos Engenheiros Planetários (os tais peritos em terraformação) tem uma postura quase religiosa com relação ao seu trabalho e seu dever com a Ordem em si. Eles colocam em risco suas vidas várias vezes ao longo do livro para proteger seu profissionalismo e o bom nome da Ordem. Não é dado nenhum tipo de explicação sobre o assunto de forma mais explícita, e se por um lado pode ser simplesmente o fato de estarmos diante dos mais leais funcionários de uma empresa jamais vistos ao longo da história da literatura, parece que há uma certa compulsão que faz com que os homens e mulheres que trabalham para a Abadia (o nome dado ao escritório central da Ordem, na lua) protejam, à todo custo, sua profissão. 

Mas, como tudo no trabalho de Anderson, isso não é realmente explorado ou explicado. 

Enfim, de volta à trama em si: 

O que acontece é que em Ganimedes, esses primeiros colonos la instalados na imaginativamente cidade batizada de "X" desenvolveram uma comunidade que, embora não possua ocnhecimento de engenharia avançado o suficiente para modificar o planeta ao seu redor, possui um conhecimento extremo de genética que permite que eles tenham alterado seus habitantes para suportarem o ambinte hostil do planeta. Esses humanos alterados - em contraste com os <<Cinc>> e os Angels>>, os líderes da comunidade, aparentemente sem alterações - que formam a maior parte da mão de obra da lua tem uma interessante característica secundária devido à sua alteração genética, que é o de serem extremamente afáveis e de baixa inteligência. 

Eu imagino se isso teria sido feito de propósito... 

Enquanto os <<Angels>> são os lideres religiosos e acasata mais alta de Ganimedes, os <<Cinc>> são os líderes civís, subordinados da liderança religiosa e fazendo todo o serviço burocrático de fato, enquanto os humanos alterados são a força de trabalho dos branquelos. 

Ah, alias, eu memcionei que os colonos originais eram um grupo de extremistas religiosos chamada de Doutrina Branca Americana? Então. A colônia é basicamente um antro da Klu Klux Klan no espaço. 

Considerando que os membros da Abadia senviados para o trabalho de verificação inicial são homens e mulheres de diferentes culturas da terra e do resto do sistema solar - tendo um marciano, uma japonesa, um indiano e um europeu que eu lembre agora de cabeça - obviamente que a chegada deles causa um certo rebuliço imediatamente. 

Alias, as descobertas feitas ao longo do livro fazem com que haja uma consideravel tensão entre os dois grupos o tempo todo, com escutas, uso de idiomas diferentes utilizados para a conversação, uma conspiração envolvendo um grupo de cientistas extinto há séculos... Tem algumas coisas bem interessantes que podiam realmente dar uma baita história. 

Mas ao invés disso, Anderson decide se focar em dois dos personagens, perdidos no planeta, sem contato com o resto da ppulação de Ganimedes, criando teorias infundadas e decidindo como salvar a própria pele da situação em que se encontram. Basicamente desconsiderando toda a construção de cenário e se concentrando nesse drama de sobrevivência que, no final, leva literalmente 4 páginas para resolver a situação na Luazinha quando os dois finalmente conseguem voltar pra X e desbancam o governo sem aparentemente dificuldade nehuma... 

Um desperdício do tamanho de um livro de bolso. 

De fato, esse foi, facilmente, o livro mais frustrante de Anderson, que costuma resolver sua trama com pressa e deixa de desenvolver alguns dos assuntos mais interessantes na suas tramas, mas definitivamente nunca nessas proporções. 

Infelizmente, este é o primeiro livro de Poul Anderson que eu não posso recomendar para ninguém.