domingo, 9 de agosto de 2020

Revelation Space

Eu entrei em contato com o trabalho de Alastair Reynolds enquanto pesquisava algumas questões referentes à clonagem e criogenia, o que me levaram à um conto dele, Glacial, que eu eventualmente vou resenhar aqui. Depois de ouvir o supracitado conto, eu fui pesquisar o autor, e descobri que ele possuía uma extensa bibliografia já publicada, desde o ano 2000. Fui atrás do livro de contos que continha Glacial, e eventualmente catei não só os outros livros de contos dele, mas também seus romances mais extensos. Reynolds é um excelente autor, com uma imaginação excelente, auxiliada por um conhecimento científico muitíssimo bem fundamentado - ele é possui um phd em astronomia e trabalhou para a Agencia Espacial Européia por vários anos, antes de eventualmente se aposentar para se tornar um escritor em tempo integral. 

Ao invés de resenhar as obras de Reynolds na ordem que ouvi - comecei pelas coletâneas de contos dele - eu decidi ouvir o primeiro livro publicado por ele, em 2000, e começar as resenhas a partir daí. Acredito que vou ouvir alguns contos das coletâneas mais uma vez quando chegar nelas outra vez, já que ouvi eles durante um período de falta de conexão com a internet no meio do distanciamento social, e algumas vezes os audiobook não eram mais do que barulho de fundo enquanto em fazia as coisas do dia-a-dia, o que significa que não absorvi realmente o conteúdo de mais de um dos contos. Assim, vou resenhar os livros da série Revelation Space antes de ir para os livros de contos - e outros romances. 

Revelation Space é o primeiro livro de uma série que recebe o mesmo nome desse primeiro volume, e que, até aqui, se constitui de quatro livros. Além disso, alguns contos que eu ouvi dele se passam no mesmo cenário, embora esse não seja necessariamente o caso em todos eles (os contos, no caso). 

Revelation Space é uma grande obra de Space Opera, que se estende por dezenas de anos e lida com os resultados dos humanos encontrando os resquícios de da cultura Amarante, uma antiga civilização alienígena durante suas explorações da galáxia. Essa raça, há muito extinta e sem apresentar sinais de ter atingido a capacidade tecnológica de viagem interestelar, assim como várias outras encontradas pelos humanos antes, possui, no entanto, características distintas que fazem com que uma série de questões relativas ao Paradoxo de Fermi e à teoria do Grande Filtro sejam levantadas. 

O livro se arrasta em tramas fracamente interligada pelo primeiro terço do livro, mas eventualmente as peças começam à se montar de modo efetivo, e a sombra de uma grande trama começa a aparecer. No final do livro, todas as peças estão se encaixando de modo tão efetivo que é possível ir 

Apesar da forma de escrita de Reynolds nesse primeiro livro ser bastante, digamos, genérica, se destacando pelas idéias apresentadas e dos mistérios que vão de desvelando à medida que sua trama se desenvolve. No entanto em livros posteriores, ele desenvolve uma voz narrativa muito própria, com uma certa estranheza de descrições e uma vaguidão de descrições que tornam suas narrativas uma experiência distinta. Revelation Space, no entanto, ainda não possui essas características, mas o mistério da trama, o desenvolvimento dos personagens e as idéias propostas definitivamente são mais do que suficientes para manter o leitor (ou ouvinte, dependendo do caso) bastante interessado. 

Este primeiro livro da série é excelente e extremamente instigante, e para qualquer fã de ficção científica, a leitura é fortemente recomendada!

A resenha que eu tenho para oferecer termina aqui, e, adiante, haverão algumas reveleçaões sobre a trama, para minha apreciação pessoal futura. Leiam por sua própria conta e risco. 


---REVELAÇÕES SOBRE A TRAMA---


Cerca de um bilhão de anos atrás, a galáxia possuía uma série de espécies alienígenas distintas, que se desenvolveram de forma mais ou menos previsíveis dentro da teoria de Fermi. Eventualmente, essas raças, atingindo capacidade de viagens interestelar, entraram em guerra, e se destruíram, assim como causaram muitos estragos no continuum espacial da galáxia. Uma espécie de inteligência artificial, conhecida como Os Inibidores, se desenvolveu durante ou logo após esta guerra (dawn war) e, para evitar que o mesmo processo recomeçasse, destruiu as raças sencientes ainda existentes ao longo da galáxia e criou meios de inibir o desenvolvimento de culturas desenvolvidas, para evitar que uma nova Dawn War se iniciasse e causasse mais danos à galáxia como um todo. Eventualmente, no entanto, a rede de aparatos inibidores parou de funcionar com eficiência, e uma raça senciente, os Amarentes, conseguiu atingir capacidade de viagens interestelar. Eles entraram em contato com um dos aparatos de inibição nas proximidades de seu sistema solar, e isso fez com que a máquina voltasse sua atenção para a raça, extinguindo-a. Alguns membros da raça, no entanto, conseguiram escapar, transferindo sua consciência para um estado extra dimensional (na forma de dados eletrônicos, pelo que eu consegui compreender) chamado "Shroud" e deixando uma espécie de "armadilha" em um planeta cuja forma de vida é composta por bactérias que, embora não sejam aparentemente conscientes, são capazes de gravar os padrões de criaturas com as quais ela entra em contato, assim como imprimir esses padrões em futuras criaturas sencientes que entrem em contato com as bactérias - essas bactérias de transferência de padrões estão espalhadas pela galáxia toda, mas pelo que eu entendo, apenas no mundo próximo ao sistema solar Amarente foi deixada uma "armadilha" no padrão. Dentro dessa rede de padrões, os Amarentes deixaram uma forte impressão de procura pelo aparato inibidor. Se a cultura entrasse em contato com o aparato e conseguisse sobreviver ao contato, isso enviaria um sinal para o Shroud, avisando aos Amarentes extra dimensionais que era seguro voltar à galáxia.