terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A Memory of Light

E cheguei, finalmente, ao último livro da série criada por Robert Jordan e escrito por Brandon Sanderson. A Memory of Light é o décimo quarto livro da série, ou o décimo quinto se for levado em consideração New Spring, livro que Jordan escreveu como uma introdução à série em 2004. Eu, pessoalmente, comecei a série por New Spring, o que foi uma satisfação considerável - mas o livro não é essencial, basicamente tratando de eventos ocorridos 20 anos antes da história da série, e servindo, literalmente, como introdução à hist´ria. Ele serve não apenas para apresentar as motivações de alguns personagens que não tiveram tanto espaço na série - mas que são de extrema importância para a história - mas também para tratar dos eventos que levaram ao começo da série.

Mas não estou aqui para falar da introdução da série, e sim de seu final.

A Memory of Light é um livro longo, que tem a missão de não apenas finalizar a história mas também resolver todas as tramas importantes que não haviam sido concluídas na série até este ponto. Grande parte do livro narra a Última Batalha, em que o Dragão Renascido precisa enfrentar O Escuro. Sendo o foco principal deste livro, a Última Batalha é muito bem desenvolvida, com várias reviravoltas - o que é de se esperar uma guerra que conta com exércitos de conjuradores - e extremamente satisfatória de ler. Apesar de quase todos os personagens da ´serie estarem envolvidos na batalha, Sanderson consegue descrevê-la com maestria, de modo que ela nunca pareça confusa (bom, não mais confusa do que uma batalha de larga escala deveria ser). O autor tem várias idéias para o uso criativo e inesperado de efeitos mágicos, e várias magias - particularmente portais - são utilizados de modo surpreendente na batalha, o que fornece várias cenas memoráveis. A batalha, em sí, é extremamente satisfatórias, e apesar de ser longa e ter vários pontos de vista, nunca se torna cansativa. Os eventos são bem encadeados e eu me encontrei interessado em ouvir os acontecimentos que rodeavam todos os seus personagens, inclusive aqueles com os quais não criei afinidades ao longo da série (estou olhando pra ti, Matt Cauthon!). Uma das partes que mais me surpreendeu na Última Batalha é que vários personagens morrem, o que era de se esperar, mas Sanderson descreve essas mortes de modo banal, sem heroísmo ou "últimas palavras". Os personagens se encontram em uma situação de desvantagem e, bem, são mortos. Fim. Algumas mortes são extremamente inesperadas e abruptas, e alguns personagens tem sua morte simplesmente narrada por outros personagens, o que foi um tanto chocante pra mim ao longo da narrativa, mas faz todo sentido dentro de um campo de batalha, e admito que gostei de como essas mortes foram narradas devido à isso. Além disso, algumas mortes são, de fato, heróicas, mesmo que abruptas, o que eu considero extremamente adequado numa batalha apocalíptica.

Embora a maioria das "pontas soltas" das tramas criadas em outros livros tenham sido amarradas durante a Última Batalha, algumas aconteceram antes ou depois dela. Não sei se alguma trama ficou sem conclusão, mas eu não consigo me lembrar de nada. Algumas são pouco satisfatórias, como a de Padan Fain, que foi um antagonista importante ao longo da primeira metade da série, depois foi caindo na obscuridade, desaparecendo completamente nos últimos volumes só pra aparecer na Última Batalha de forma extremamente inesperada e ser morto sem grandes repercussões - simplesmente para fechar a trama dele. Perrin sofre de algo semelhante, desenvolvendo novas habilidades rapidamente ao longo do último livro, mesmo tendo tido problemas pra compreender o Sonho do Lobo antes. Ele simplesmente passa a compreender a sua funcionalidade de forma reflexiva nesse livro, podendo resolver problemas que não teria como serem resolvidos se ele não tivesses novos poderes.

Me divertido bastante lendo as passagens de Perrin nesse livro - como em quase todos os outros - principalmente pela sua batalha final com o Algoz, que além de uma conclusão extremamente satisfatória foi muito bem escrita e emocionante de ouvir. Mat ainda brilha muito mais ao longo do livro, como sempre, e embora eu não simpatize muito com o personagem, ele ganhou algumas passagens interessantes nesse livro. Sem um inimigo jurado para derrotar, ele acaba se tornando o comandante da Última Batalha, o que foi interessante. Rand toma algumas decisões importantes nesse livro, e definitivamente a conclusão da batalha dele com O Escuro é bastante apropriada.

Todos os outros personagens recebem bem menos foco do que nossos três protagonistas, o que era de se esperar, mas alguns deles receberam conclusões pouco apropriadas, infelizmente.

De modo geral, A Memory in Light é o que se poderia esperar da conclusão da série. A Última Batalha é o clímax da série, e os últimos capítulos do livro me pareceram pouco interessantes, e, de fato, a finalização do livro, em seu último epílogo, me pareceu... Bom, preguiçosa. Algumas coisas me incomodaram - como Rand pretende que vai ter uma vida normal tendo o rosto do vilão mais relevante do cenário, conhecido por praticamente cada Canalizador do continente, é algo que eu não consegui conceber. A relação dele com suas três amantes também ficou extremamente vaga, o que eu entendo que talvez fosse algo desconfortável para Sanderson descrever, mas ainda assim, pareceu pouco satisfatório. Mas na verdade o livro não tem uma conclusão de fato. A Última Batalha acontece, e as brasas do seu fim vão simplesmente esmorecendo até que se apagam, o que finaliza o livro. Pra uma saga tão longa e complexa, eu admito que esperava bem mais do epílogo. Não chega à comprometer a série, definitivamente, mas ficou pouco adequado.

O livro, em si, é excelente, e embora ele não conclua a saga com a quantidade de detalhes que eu teria gostado, ele não causa nenhum tipo de dano à história, tendo um final simplesmente vago demais para o meu gosto pessoal. Um bom livro, mas não a melhor das conclusões para uma saga tão rica.

Ainda assim, leitura fortemente recomendada! A série como um todo é extremamente divertida, e eu provavelmente vou escrever uma pequena resenha sobre a série como um todo, assim que tiver tempo.

Até lá, leiam Wheel of Time, antes que vire série de TV!

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