terça-feira, 31 de dezembro de 2013

A Flecha Negra


Esse livrinho é uma dessas versões para adolescentes acéfalos que bombardeou o Brasil durante as décadas de 80 e 90. Uma "edição juvenil", com o que me pareceu uma tradução bastante pobre de um livro de um ilustre senhor conhecido como Robert Louis Balfour Stevenson. Se o nome não liga um botão mental naqueles que estiverem lendo isso, por favor, dirijam-se ao link fornecido e verão que, certamente, já assistiram algum filme que foi adaptado de uma obra desse sujeito, se não leram nada dele. Na pior das hipóteses, certamente já ouviram falar em alguns dos seus personagens.

Mas não foi por causa do autor que comprei esse livro. Nem da história nele (livro, não autor) contida. De fato, considerando que as palavras "Juvenil", "tradução" e "adaptação" estão presentes na capa, eu já sabia que o conteúdo literário do livro seria de pouco interesse.

Mas, pra não dizer que não falei das flores, a história gira em torno de um Dick Shelton que, durante o curso da história - cujo pano de fundo é a Guerra das Rosas - resgata um rapaz que na verdade é uma lady em apuros, é aprisionado por seu teórico benfeitor, junta-se à um grupo de renegados que na verdade são os heróis da história, é enganado e manipulado por praticamente cada personagem que encontra (incluindo seus amigos, seu padre e sua futura esposa) até que, enfim, consegue vingar a morte do pai, casa com a supracitada lady e tem um final feliz.

Mas eu não comprei o livro por causa da história. Como já disse, considerando as palavras-chaves na capa, eu sabia que o livro não ia prestar muito como leitura. Comprei o livro por causa das ilustrações.

Infelizmente, o ilustrador não é creditado - muito agradecido, Editora Globo! - e eu não consegui descobrir o nome do sujeito, que não assina os trabalhos e de que eu não consegui reconhecer o traço. Numa busca pela rede, não achei nenhuma menção à  essa edição em particular - tive inclusive que scannear a capa e as ilustrações que usei nessa resenha - e muito menos sobre quem seria o ilustrador. Assim, temo que só vou ter esse livro como exemplo do seu excelente trabalho, seja lá quem ele for.

Por sorte, o livro é fartamente ilustrado. Praticamente cada uma das 46 página tem uma ilustração, nem que seja um daqueles desenhos de objetos que se faz pra completar m pequeno espaço em branco. Há, portanto, uma boa quantidade de exemplos do excelente trabalho do sujeito. Essa edição é praticamente um portfólio com umas letras chatas perdidas no meio.

Se alguém souber quem é o sujeito, eu agradeceria muito se me pudesse dizer.

A história em sí não me chamou atenção suficiente para tentar encontrar uma versão integral da obra, mas já achei mais dois outros livros que, acredito, são ilustrados pelo mesmo sujeito. Infelizmente, as duas edições são da mesma coleção da editora Globo, então tenho poucas esperanças de conseguir identificá-lo mesmo quando esses livros chegarem às minhas (ávidas!) mãos.

Sei que essa não é uma resenha particularmente construtiva, mas era impossível deixar de mencionar essa obra, considerando o quanto gostei do livro - apesar da história em si.

Como nota final, seria interessante ler a opinião de alguém que tenha lido a versão integral da obra para corroborar ou negar as minhas impressões sobre ela.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Queda de Atlântida Volume 2 - A Teia de Trevas

Esse livro trás a conclusão da história iniciada no volume intitulado A Teia de Luz. Como eu já esperava, o foco nesse volume é Deoris, a irmã mais nova de Domaris, que por sua vez protagoniza o primeiro volume.

Esse segundo volume é o que se poderia chamar de "o outro lado" do volume anterior. Como no primeiro, o foco principal é o relacionamento da personagem principal com seu cônjuge. Mas diferente do livro anterior, o relacionamento aqui está bem distante de um romance new age; o relacionamento de Deoris com Riveda, um mago curandeiro, é frio, abusivo e constituído de uma ambição e busca por conhecimentos - e poderes - não só perdidos como proibidos por serem considerados profanos. É basicamente, uma história de obseessão: Deoris é obcecada por Riveda assim como ele é obcecado por conhecimento.


Como não pode deixar de acontecer nesse tipo de situação, a coisa toda desanda em uma grande tra´gedia. Apesar do final acalentador - um típico final feliz - a história em sí é tensa e perturbadora. Muitas das experiências vividas pelos protagonistas não são completamente explicadas, e eu pessoalmente passei boa parte do livro sem entender qual a finalidade das ações dos personagens. Apesar de terem conseguido revelar um "grande poder" no decorrer da trama, esse poder basicamente trouxe algumas cicatrizes físicas e emocionais e levou a algumas mortes; A "moral da história" é que quem brinca com conhecimentos desconhecidos só tem à perder. Uma moral tolamente desenvolvida, já que nenhum poder real adveio de atos que, teoricamente, desencadeariam um movimento de forças imensas. Pra mim, a história toda não fez sentido algum.

Como ponto-de-partida para a saga que continua por vários livros, culminando nas Brumas de Avalon, é até interessante por explicar como (e porque) a coisa toda foi posta em movimento, mas sinceramente, a leitura não vale muito pra praticamente mais nada.

E uso a expressão praticamente mais nada porque, na verdade, esse livro me trouxe uma idéia interessante que pretendo utilizar em RPG algum dia desses. Mas ainda assim, é uma pequenina idéia, apenas.

No fim, uma história com voltas e reviravoltas, com moral besta e sem explicações sobre quase nada que é apresentado. Uma leitura frustrante e cansativa.

Só espero que a minha mãe - que vai ganhar os dois livros de presente - tenha uma impressão melhor do que a minha sobre a obra...

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os Filhos de Anansi


Achei esse livro na feira do livro de Pelotas esse ano. Preço camarada, em um sebo. Não era um livro que eu estivesse querendo muito ler, mas é um livro do Gaiman, algo difícil de achar em sebos - e sempre uma leitura que tu pode adicionar na pilha de livros pra ler sem nenhum receio.

Na verdade, quando comprei o livro, resolvi colocar ele no topo da minha lista de leitura. A maioria da minha pilha é de livros mais "densos", digamos, do que eu estava interessado no momento, e decidi dar a vez pro Gaiman.

O que eu sabia de antemão do livro é que ele não era uma das melhores obras do Gaiman, de acordo com quem já havia lido ele, e que se tratava de algo relacionado à mitologia africana, considerando o título.

Considerando isso, esperava bem menos do livro. Não tenho grandes conhecimentos sobre mitologia africana, tenho que admitir, e nem sobre cultura negra em geral, que é onde eu imaginei que o livro fosse se focar.

Bem, realmente, não é um livro magnífico. Tem uma boa história, personagens bem desenvolvidos e um toque de humor leve, nem de longe comparável à Belas Maldições, por exemplo. Tem mitologia africana, haití, USA e Londres. Tem muitos negros, uns poucos brancos, e muitas referências musicais. E tem animais, também.

E, pra ser sincero, não tem muito mais do que isso.

É um livro descontraído, aparentemente despretensioso e com uma história fácil de acompanhar. Os personagens são interessantes. Um bom livro pra ler, que me fez querer ler outros livros do Gaiman que eu ainda não li - como Deuses Americanos.

Acho que a parte mais interessante foi ler algumas expressões que eu não sei se são originalmente desse livro ou se foram apropriadas pelo Gaiman, como "tenha medo! Tenha muito medo!" e (referindo-se à como Spider, um dos personagens, preferia seu café) "-Negro como a noite e doce como o pecado."

Enfim. Um livro divertido. Pra quem quer uma leitura apenas pra passar o tempo, é muito válido.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Queda de Atlântida Volume 1 - A Teia de Luz

Comprei esse livro - e sua conclusão - pra dar de presente pra minha mãe, no aniversário dela esse ano - que é em 9 de março. Acabei esquecendo o livro dentro de uma caixa até mais de dois meses depois do aniversário dela. Pois é, eu não sou bom com aniversários...

Enfim, resolvi dar o livro de presente pra ela de natal, já que não funcionou no aniversário. Assim, como tinha tempo de sobra, resolvi ler o livro antes. Marion Zimmer Bradley não tem como ser ruim.

Ledo engano.

Basicamente, o livro é um romance com temas new-age entre a típica garota perfeita e o sujeito deformado, cego porém super gente fina, com teorias filosóficas babacas com super-sayajins enrustidos, além de uma irmã caçula ciumenta e muitos dramas familiares.

O livro tem duas ou três cerejas na cobertura e é recheado com uma trama fraca e melodrama escorrendo pelas bordas. Uma bela chatice.

Sim, ele tem um segundo livro que conclui a obra, mas eu não tenho muitas esperanças nele, apesar de ter dado uma olhada nas resenhas - só o fato dele ser focado em Deoris, a tal irmã caçula ciumenta, já me demove da idéia de ler o livro. Mas como eu sou um sujeito incapaz de deixar um livro pela metade, eu certamente vou ler o volume conclusivo da Queda de Atlântida. Mas vou precisar de alguma coisa pra desopilar, antes.

Não tenho uma opinião formada sobre a obra ainda, já que, até aqui, só li metade do todo. Mas a necessidade de uma pausa na leitura me fez escrever essa postagem parcial sobre a obra - pra que a leitura não esfrie na memória - e o fato desse primeiro volume ser sobremaneira chato e a história não ter avançado pra lugar nenhum me deixou bastante desesperançoso com respeito à conclusão.

Até aqui, esse foi o primeiro livro ruim que eu lí da Marion, e admito que isso me deixou bem chateado. Em geral, gosto muito de como ela escreve. Espero que o Tomo 2 seja bom. Veremos.

domingo, 10 de novembro de 2013

E de Espaço

E lá vamos nós com mais um livro de contos do senhor Bradbury!

E de Espaço poderia perfeitamente se chamar F de Futuro, ou, melhor ainda, T de Tempo. Não que não hajam algumas histórias sobre o espaço - A Crisálida é certamente um ótimo exemplo de história sobre o espaço! - mas a maioria absoluta das histórias narra distopias em um futuro ou passado distantes, algumas sem sequer mencionar qualquer coisa sobre espaço, foguetes, outros mundos ou qualquer coisa sobre o assunto - como O Pedestre, O Sorriso e Pilar de Fogo (este último, alias, uma exelente história sobre vampiros no futuro!).

É claro que, de forma alguma, isso reduz a qualidade dos contos do livro, apenas cria uma interessante discrepância entre o título e o conteúdo do livro. Mas, para aqueles que lerem o prefácio do livro antes de ir além, provavelmente vão notar que o livro se trata mais de uma época do autor do que uma coletânea de contos sobre um tema. O nome do livro não é mais do que incidental.

Dois contos desse livro - O Pedestre e O Piquenique de Um Milhão de Anos - também estão presentes em F de Foguete, e já andei dando uma olhada em outro livro de contos de Bradbury que comprei recentemente e notei que há naquele volume alguns contos repetidos também. Preciso tentar descobrir qual a lógica por trás da seleção de contos de cada um dos livros do autor...

Mas bem, sobre os contos em sí, temos aqui um pouco de tudo misturado de uma forma bem caótica. Alguns contos têm elementos de vários estilos diferentes da ficção científica "padrão", com pitadas de horror, algumas doses de sobrenatural aqui e ali e até o que poderia ser considerado como um documentário em O Bonde - uma história bastate possível e que deixa o leitor com gosto de nostalgia na boca. Além disso, é claro, temos os elementos mais comuns de Bradbury, com histórias sobre marte, viagens no tempo, visões do futuro e contatos com alienígenas em vários níveis diferentes. E até um conto de teor cristão, pra ter certeza que o livro é bem eclético!

A maioria dos contos me agradou, mas admito que a miscelânea generalizada me deixou um pouco desconcertado. Temas demais, misturados de forma não-linear demais pro meu gosto. Bom livro, mas certamente não tanto quanto F de Foguete.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

The Amazing Spider-Man

Dia desses, dando uma volta pelo facebook, encontrei uma postagem de um site sobre super-heróis que dizia que o Jack Kirby teria feito uma versão do uniforme do  homem-aranha que foi rejeitada pelo Stan Lee. Então Steve Ditko teria aparecido com a sua versão do uniforme, que foi a que vingou, e é conhecida até hoje.

A suposta versão de Kirby seria esta:


Não sei, honestamente, se essa informação procede. Andei dando uma olhada pela rede, e não achei nenhuma outra matéria à respeito, nem em português nem em inglês, pra poder confirmar. Ainda assim, por algum motivo, a imagem do uniforme - horroroso diga-se de passagem - supostamente desenhado por Kirby, ficou me perseguindo por dias. Não sei dizer porque, mas a imagem ficava ali, num canto escondido da memória, e vinha volta e meia me assaltar, pulando na minha cara como uma aranha armadeira!

A coisa evoluiu, e eu me peguei pensando, esses dias, numa possível "edição original" do Homem-aranha, usando o uniforme esdrúxulo do Kirby. Uma coisa que teria feito eles se sentirem envergonhados - se é que é possível que essa sensação atinja o Stan Lee... - e que teria sido caçada e queimada pelos dois, na calada da noite, logo após sua publicação.

E fiquei imaginando se, de repente, hoje, sei lá quantas décadas depois, um exemplar sobrevivente viesse a tona. Que tipo de comoção causaria?

Provavelmente nada mais do que muito falatório na internet, como com quase tudo...

Mas, de qualquer forma, a idéia seguiu me perseguindo. Decidi, então,  fazer alguma coisa à respeito. O resultado é a capa abaixo.

Originalmente, eu tentei fazer uma cópia do traço do Kirby. Não fui nada feliz. Acabei desistindo, e desenhei o uniforme à moda da casa, mesmo. O título eu achei em uma versão variante da edição do Amazing Stories onde a primeira história do cabeça-de-teias aparece. Quanto ao fundo, foi roubado de uma capa famosa do escalador de paredes - que eu não sei qual é, na verdade, mas já vi umas duas mil vezes na vida. Mais uma textura de papel manchado e uns dois filtros bobalhões, um photoshop 7 e uma hora e meia depois, voilá! Ei-lo!

Não é nada realmente impressionante, nem muito bem feito, na verdade, mas eu bem que gostei do resultado final. Achei simpático.

E espero que, agora, o maldito uniforme bizonho do aracnídeo me deixe em paz!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Essas Estrelas são Nossas!

Esse livro tem uma pequena história curiosa. Quando chego na Montecristo, enquanto espero o café, geralmente dou uma passada de olho pela estante de ficção científica - eu olharia a de fantasia com mais frequência, se eles tivessem uma sessão específica pra isso. Dia desses, olhando os livros, achei um título curioso: Essas Estrelas são Nossas, Poul Anderson! Eu não tinha lido nada do autor até aquela altura, mas o nome me soava familiar. Achei que o livro tratava de uma space opera com um personagem chamado Poul anderson - Alguém lembra do Paul Altreides? Ou do famigerado mr. anderson? Pois é, mistura tudo, a gente nunca sabe...

Olhei só a lombada do livro, e a minha curiosidade sobre o tal personagem sequer foi suficiente pra tirar o livro da estante.

Pois bem. Nessa mesma tarde, alguns cafés depois, acabei me dando de cara com a capa de outro livro, sobre o qual já falei aqui. Daí que o nome do autor era Poul Anderson, e nesse momento, a minha curiosidade ficou aguçada. Será que era coincidência o nome do personagem e do autor serem iguais? Ou será que o personagem era uma homenagem ao autor? Peguei o livro da estante para ver se havia alguma explicação sobre isso na orelha ou contracapa. Mas a explicação, muito mais simples e não tão interessante, estava na capa do livro. Essas Estrelas são Nossas! Poul Anderson. O sujeito que fez a lombada da capa colocou o ponto de exclamação depois do nome do autor. Tudo com a mesma fonte, praticamente o mesmo tamanho... Malditos revisores inúteis.

Mas enfim! E quanto ao livro?

Essas Estrelas são Nossas! é basicamente um livro do James Bond (dos filmes dos anos 80, não dos livros) no espaço. É divertido, fácil de ler, previsível e tem algumas idéias interessantes. Gosto muito dos alienígenas que o Poul Anderson cria.

Ah, a resenha na contra-capa é uma mentira deslavada. A espiã loura é uma guria meteorologista do interior, os tais seres do espaço que já arrasaram e saquearam inúmeras galáxias são uma coligação de mundos rival à terra, e o ataque não é ao sistema solar de forma alguma, mas à um planeta de nome Raposa ao redor de uma tal estrela Cerúlea. Até onde alcança meu conhecimento de astronomia, tudo invenção da mente do autor.

Mas, como eu disse, é um livro divertido. Desses de ler como se assiste filme da sessão da tarde. Sem muitas complicações nem questionamentos, só briga entre o espião terráqueo e os vilões intergalácticos.

domingo, 6 de outubro de 2013

O Alquimista

Eu tenho uma memória muito, muito ruim. Esse foi um dos motivos que me fez criar esse blog - lembrar as tramas dos livros que eu já li, e apontar os motivos pelos quais eu gostei ou não delas. A maior parte dos livros que eu li há mais de dez anos se apagaram completamente da minha memória. Então, apesar de ter lido alguns livros do Paulo Coelho em anos passados, eu só lembro mesmo de dois deles: O Demônio e a Senhorita Prym e o Manual Do Guerreiro da Luz. O primeiro tem uma história interessante, e o segundo eu sabia que era uma obra renegada pelo autor. Considerando esses fatos, eu considerava Paulo Coelho um bom autor. O Demônio e a Senhorita Prym não é um livro fantástico e inacreditavelmente bem escrito, mas tem uma história consistente e funcional, e o Manual do Guerreiro da Luz é um daqueles livros que tu entende que foi escrito em um momento de amadurecimento literário de um autor - e muito provavelmente em uma época em que ele consumia doses cavalares de alguma substância psicotrópica!

Mas quando terminei de ler O Alquimista, minha noiva virou pra mim na cama e perguntou:
- E aí, o que tu achou?
Eu titubeei um pouco, mas acabei admitindo que, apesar de uma boa história, tinha muita moral católica e misticismo raso pra senhoras desocupadas, pra eu realmente gostar, ao que ela ajuntou - Mas o Paulo Coelho é católico! Os livros dele são assim!

E então eu pesquisei as sinopses dos livros, e descobri duas coisas: A primeira é que o cara escreve livros de auto-ajuda, e o segundo que O Alquimista é baseado em uma história das Mil e Uma Noites. Ou seja: O que eu gostei do livro provavelmente nem sequer saiu da imaginação do sujeito!

Agora vou procurar algum livro que tenha mais histórias das Mil e Uma Noites, e me contentar em me juntar ao coro dos que dizem que não faz sentido o Paulo Coelho ser um best seller.

Sem mais, deixo apenas aqui minha desilusão com Paulo Coelho e meus votos de que aqueles que leem esse blog nunca caiam na besteira de ler um livro do sujeito - exceto, talvez, O Demônio e a Senhorita Prym.

Pelo menos o livro era emprestado. Eu ia ficar bem chateado se, além de meu tempo, eu tivesse gastado dinheiro com esse livro... 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Guerra dos Homens-Alados

Comprei esse livro por causa da capa. Poucas vezes eu vi uma capa tão tenebrosa quanto essa. Sim, eu sei que é meio estranho comprar um livro porque a capa é horrível, mas eu simplesmente não pude me furtar à esse pequeno prazer. Até tentei encontrar outros trabalhos do capista, mas ele tem um nome tão absolutamente genérico - Edú - que me vi diante de uma tarefa impossível!

Mas eu fico me perguntando o que leva alguém à criar uma capa dessas? Será que ele leu o livro antes? Provavelmente, não. Eu me pergunto então, como teria sido o briefing que passaram pra ele: "Uma criatura parecida com um gárgula, mas dourada, usando um colant cor-de-rosa com uma pochete azul e portando uma lança e um escudo." Acho que ele estava usando os restos de tinta que tinha em casa pra pintar o bicho...




Só pra constar, os diomedanos descritos no livro se pareceriam mais com algo
semelhante à criatura na imagem ao lado (tirada de outra versão da capa do mesmo livro).

Ah, e humanos usando capacetes pseudo-medievais de cores gritantes também não aparecem no livro.

Mas enfim!

A despeito da qualidade tecnica da capa, o livro é interessante. Basicamente, é a história de três humanos que sobrevivem à queda de uma nave espacial mercantil no planeta Diomedes, e se vêem às voltas com uma guerra entre os homens-alados do título, os Drak'honai e os Lannachska, que são duas etnias da raça dominante do planeta, ainda na idade da pedra. O objetivo dos humanos é cruzar meio planeta para chegarem à um posto de comércio humano onde podem encontrar alimentos que não sejam nocivos à sua espécie - apesar de ser semelhante à Terra, Diomedes possui enzimas com propriedades extremamente alergênicos aos humanos, capazes de matar um homem em dez minutos se eles apenas beberem um gole de água do planeta.

Claro que, em meio à suas tentativas de alcançar o tal posto de comércio, eles acabarão se envolvendo substancialmente na guerra diomedana.

É interessante a idéia de Anderson de usar técnicas, tecnologias e até mesmo discursos históricos por parte dos humanos em uma guerra entre grupos que, além de não conhecerem a cultura da terra, também estão em um nível de desenvolvimento técnico atrasado e com uma biologia completamente aberrante.

É um livro interessante, e divertido em quase sua totalidade - apesar do personagem principal ser um sacripantas! - com algumas idéias realmente interessantes.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Contos Fantásticos - O Horla e outras histórias


Na última visita à casa da minha avó, depois de dar uma revirada na biblioteca da anciã, arrebatei uma braçada de livros que me interessaram ou que tive curiosidade de ler. Esse livro específico, peguei como uma espécie de coringa: um livro de contos é sempre algo que eu simplesmente posso desistir de ler depois do fim da primeira história - como, efetivamente, aconteceu com um outro livro que veio nessa mesma leva - sem dor de consciência. Explico: Como eu já disse aqui, detesto desistir de um livro no meio, e geralmente, depois de ter me decidido a ler alguma história, vou até o fim, mesmo que em supremo sofrimento. Livros de contos não são diferentes, é claro, mas têm o benefício de ter várias histórias curtas, geralmente de teor semelhante, o que significa que tendo lido um ou dois contos, eu posso ter uma idéia se quero ou não ler outras histórias do mesmo autor dentro daquela mesma proposta. O supracitado livro do qual eu desisti, é de um autor que eu gosto, mas tinha um teor religioso que não me agradou; assim, depois de terminado o primeiro conto, desisti do resto das histórias que viriam à seguir.

Mas estou me perdendo do foco. De volta ao livro que está no título dessa postagem:

Esse livro de bolso me chamou a atenção pela capa - como é muito comum de acontecer comigo. Apesar da ilustração não apresentar nenhum atrativo, eu tinha uma vaga lembrança de já ter lido o nome Guy de Maupassant em algum lugar. E apesar de não saber do que se tratava "O Horla", o título também me atraiu. Histórias fantásticas são sempre interessantes, afinal!

Mas, diferente do fantástico usual, com magia, animais fantásticos e o material do qual se fazem as lendas, os elementos fantásticos descritos nesses contos são, como é descrito no prefácio:

"(...) aqueles onde existe 'a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais face a um acontecimento aparentemente sobrenatural'. Contos avessos à fé absoluta e à incredulidade total (...)".

Há, é claro, elementos obviamente sobrenaturais no livro. Fantasmas, monstros e criaturas inexplicáveis. Mas estes não são o foco das histórias: a hesitação de crença que eles causam sim.

No total, são 11 contos relativamente curtos - com exceção a'O Horla (segunda versão), que é bem mais longo do que os outros - com focos distintos. 'O Lobo' e 'A Mãe dos Monstros' são dois contos excelentes, enquanto os outros são moderados, bons mas não particularmente inspirados - ao menos não para o paradigma contemporâneo. Mas o grande conto do livro é, como bem diz o título, O Horla. As duas versões estão presentes no livro, e apesar da segunda suplantar e expandir a primeira, esta também é interessante pela questão do ponto-de-vista.

Como todos os leitores usuais do blog sabem, eu raramente faço comentários sobre a trama, para não prejudicar possíveis surpresas, mas admito que é bastante difícil não fazê-lo nesse caso, para exprimir o meu espanto e admiração por O Horla. Não posso deixar de apontar, no entanto, uma semelhança de sensação desta história com a obra de Lovecraft; horror na sua melhor expressão.

Fica, então, minha sugestão para aqueles que puderem que leiam, ao menos, O Horla (segunda versão) se mais nada do autor. Vale cada página virada!

Em tempo: Depois de ler esse livro, fui verificar a lista de obras do autor e, apesar do nome ter me soado familiar, não lembro de ter lido nada dele anteriormente. Mas essa pequena obra foi mais do que suficiente para eu poder dizer que ao menos um punhado de boas histórias Guy de Maupassant escreveu.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A Espada Diabólica





Depois de muitos anos lendo e relendo as versões em quadrinhos do Elric lançadas no Brasil - A mini-série Elric, a graphic novel Navegantes dos Mares do Destino e a edição do Conan em que o albino faz uma aparição - eu finalmente tive a chance de botar as mãos em um livro do Michael Moorcock: A espada Diabólica (Stormbringer, no original).

As três histórias do Elric que eu citei acima sempre foram parte do meu imaginário de fantasia - a mini-série Elric foi uma das primeiras HQs de fantasia que eu tive a oportunidade de ler - quando pensava em personagens interessantes e em cenários incomuns.

Elric é o último Melniboneano, uma raça de feiticeiros ancestrais, cujos poderes estavam intrinsecamente ligados ao Caos. Melniboneanos são capazes de invocar magias utilizando as forças do Caos sem que essas forças lhes afetem - humanos normais são 'distorcidos' quando entram em contato com as forças do Caos, tanto mental quanto fisicamente - graças à pactos que fizeram há milhares de anos com os demônios Caóticos. Esses poderes sobre o Caos lhes permite viver muito mais longamente do que humanos normais, e  ainda lhes confere domínio sobre os Dragões, que dormem sob a ilha de Imrryr, a capital do império melniboneano, e despertam apenas quando seus mestres necessitam. Graças à tudo isso, eles dominaram o planeta por centenas de anos, se auto-proclamando reis-feiticeiros, e impondo sua tirania sobre o mundo todo.

Mas, como todo o império, este também chegou ao seu ocaso. Elric é, como eu disse, o último descendente da raça - na verdade, ele tem um primo melniboneano puro, também, mas este não é decendente direto dos reis-feiticeiros -cujo império sucumbiu em decadência quando ele ainda era jovem.

Além de ser o último descendente desse império morto, Elric também é albino. Além da aparência distinta - pele e cabelos completamente brancos e olhos vermelhos - seu corpo também é fraco e débil devido à doença.

Mas ele é o escolhido para possuir a mais poderosa arma já forjada: Stormbringer, que drena a alma de seus oponentes e tranfere a força vital dos adversários assim abatidos para o seu portador. De posse da espada, Elric é inigualável em combate singular - desde que Stormbringer tenha se 'alimentado' recentemente.

Então, depois de todos esses anos relendo as mesmas velhas histórias de Elric, eu finalmente me deparei com um livro do personagem! Sem exitar, comprei o volume. Nada muito grandioso, pouco mais de 160 páginas.

Com uma linguagem rebuscada, e com expressões por vezes estranhas - Tonitruante? Alimária? Enxárcia? Sim, precisei consultar o dicionário mais de uma vez durante a leitura! - o livro tem um ritmo um tanto quanto frenético, com as ações se sucedendo rapidamente e cenas curta sempre jogando o leitor rapidamente adiante. Admito que demorei a me acostumar com o ritmo do livro, e a forma de escrita, mas da metade do livro ficou difícil largar a leitura.

O livro tem várias passagens bastante interessantes, e muitas ações  reações inesperadas, e apesar de não ser completamente imprevisível, o final e bastante dramático.

Apesar da capa medonha da edição brasileira, que mostra Elric não só com uma roupa e uma expressão que não condizem com o personagem, mas também dificultam a simpatização com o personagem - ele ficou com uma cara de mancebo romano sem emoção - eu tive suficiente informações visuais do personagens vindas das edições em quadrinhos que li, e o visual criado por P. Craig Russell (e que ilustram essa postagem) não me abandonaram durante a leitura. Sugiro àqueles que se interessarem por ler esse livro que primeiro leiam as edições que citei lá no início dessa resenha, pra se "aclimatarem" ao personagem.



sábado, 17 de agosto de 2013

Animais Fantásticos & Onde Habitam


Um livrinho de bolso com umas poucas páginas com informações divertidas e interessantes sobre a fauna mágica do universo de Harry Potter. Essa é a melhor definição sobre esse livro que me vem à mente.

Lí esse livro pela primeira vez lá pelos idos de 2006, enquanto mestrava uma campanha de Hogwarz. Peguei o livro emprestado pra usar como referência - afinal, todo bom jogo de RPG tem que ter um bestiário! - mas acabei nunca usando nada do livro - nem devolvendo o mesmo, sob risco de ser afetado pelo feitiço anti-ladrão que foi lançado sobre cada volume. Parece que o feitiço não considera empréstimo de longa duração como roubo, o que é um alívio!

No entanto, um projeto pessoal que surgiu na época me voltou agora com mais itensidade do que na época: desenhar os animais fantásticos descritos no livro!

De fat, quando peguei o livro pela primeira vez, fiz uma série de desenhos, quase todos inacabados. E dessa vez, quando terminei de ler, fui correndo dar uma olhada na internet atrás de imagens das criaturas. O livro trás poucas ilustrações, quase todas de qualidade duvidosa. E, pra minha surpresa, descobri poucas ilustrações na rede, que representassem os tais animais fantásticos - o que foi uma surpresa, considerando a quantidade de fãs da franquia que fazem fan art e espalham pela rede internacional.

Assim, tirando aqueles animais que aparecem nos filmes - e que, pessoalmente, considero já extremamente bem representados - eu pretendo retomar meu projeto pessoal de ilustrar os Animais Fantásticos do mundo de Harry Potter. Esperem algumas coisinhas por aqui em breve!

O livro é escrito pelo Professor Newton Artemis Fido "Newt" Scamander, como se o livro fosse  parte do universo dos livros, incluindo "anotações adicionais" do próprio Harry Potter (o dono oficial do livro), Ron Weasley (que perdeu o seu exemplar e 'estuda' no de Harry) e até da Hermione! Um livro ridiculamente rápido de ler, que é fácil de encontrar pra baixar. Interessante não apenas pra fãs da franquia, mas também para aqueles que - como eu - gostam de uma leitura leve de vez em quando. Recomendo fortemente a leitura!

Como informação adicional, o livro foi publicado para a Comic Relief, um evento de caridade inglês, que visa levantar fundos para as crainças da Etiópia.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dois para Conquistar


Enquanto procurava livros pra minha mãe - que adora Marion Zimmer Bradley - achei esse volume sobre o qual eu lembrava de já ter ouvido falar e arrebatei junto com outros três livros da autora - certamente vou falar sobre eles por aqui em breve!

Pelo título, eu estava esperando algo como dois príncipes lutando pra unir um reino ou salvar uma princesa, ou até algo mais próximo de Os Barbaros (alguém lembra desse filme?). Mas, claro, vindo da mente de Marion Zimmer Bradley, nunca teríamos uma trama realmente tão simplista.

De fato, a trama como um todo é tão cheia de reviravoltas e situações inesperadas, que fica difícil, durante a leitura do livro, conseguir imaginar o que vem à seguir. Eu passei quase todo o livro esperando que determinadas questões fossem resolvidas e que certos fatos fossem melhor delineados; e então, o livro chega nas últimas dez páginas e não tem como imaginar a trama ser terminada de modo satisfatório em tão poucas linhas com tantas coisas ainda pra serem resolvidas! E então... Ele termina (afinal, é o que todos os livros fazem). E tu fica com a impressão que, caramba, a mulher conseguiu! Ela arrumou tudo de repente, no final do final, sem deixar (praticamente) nenhuma pergunta sem resposta! Parece episódio da série original de Star Trek!

Como detesto estragar a trama dando informações demais sobre a mesma, posso dizer apenas que, além de um terráqueo enviado pra outra dimensão, uma guerra secular a ser resolvida e o fato do vilão não ser exatamente um vilão, mas sim um homem com um ponto-de-vista muito errado sobre as coisas, temos aqui um excelente exemplar de espada e magia! Há guerras, combates singulares, mortes, incendios e sexo.

Oh, sim, sexo.

Não seria um livro de Marion Zimmer Bradley se isso não acontecesse - e a sexualidade dos personagens é amplamente explorada. Mas é importante observar que, diferente daquela piada que são aquelas fanfarronices sexuais dos livros do Martin, aqui as questões sexuais não são gratuitas. Elas servem à um propósito, e têm repercussões - e não são repercussões de espanto ou repudia no leitor, puramente, como faz a Canção do Fogo e Gelo  (Martin poderia aprender uma duzia ou duas de coisas com os livros da Zimmer, mas eu duvido que ele leia qualquer coisa, dela ou de algum outro autor).

Mas, enfim!

Não foi o melhor livro da Marion que eu já li, mas ainda assim, é um livro divertido, e que, embora não seja o melhor exemplar no qual eu poderia pensar em termos de espada e magia, certamente eu recomendaria para fãs do gênero - desde que eu soubesse que eles não se importem com um pouco de 'estranheza', como é comum aos livros de Darkover.

Ah, eu não mencionei que esse livro é de Darkover? Pois é. Mas como eu só li um outro livro da série - A Senhora do Trilio, anos atrás - eu não saberia encaixá-lo cronologicamente na história desse mundo. Um dia, contudo, espero, eu seja capaz disso!

E aos leitores incautos que porventura lerem esse livro depois de apreciar essa resenha, um aviso: é bastante fácil não gostar da história. Esse é, de acordo com Deborh J. Ross, co-autora de muitos livros da Marion e também amiga pessoal da mesma, esse é um dos livros mais desconhecidos e que menos agrada os fãs de Darkover. De fato, só por termos um protagonista homem já é um livro que não parece coisa da Marion em seus melhores dias...

domingo, 30 de junho de 2013

As Crônicas Marcianas


Quando comprei esse livro, tinha certeza absoluta que estava adquirindo a obra em que foi baseado o filme John Carter of Mars. Bem, eu estava muito errado, como alguns devem saber.

John Carter é, na verdade, personagem das Crônicas de Barsoom, escrita por  Edgar Rice Burroughs
. Erro meu, fazer o que? Todo mundo erra (feio) volta e meia.

Mas tendo lido Ray Bradbury, eu sabia que não iria me decepcionar com o que encontrasse dentro do livro de qualquer forma.

E nisso eu estava absolutamente certo!

O que temos aqui é o que o próprio Bradbury chamou de "primo bastardo de uma novela", em uma série de 26 contos mais ou menos interligados sobre a chegada dos primeiros colonizadores à Marte. De fato, todos os contos falam sobre os primeiros exploradores de Marte e a subsequente colonização do planeta. Apesar de ser uma estrutura narrativa baseada nesse elemento comum, muitos dos contos não parecem fazer muito sentido dentro da narrativa - e alguns são até um tanto contraditórios. Possivelmente por ser uma coletânea de contos de ficção que tratam sobre o assunto escritos entre 1946 e 1951. A própria aparência dos habitantes de Marte varia a cada vez que eles são mencionados. Mas apesar dessas aparentes discrepâncias de narrativa, o livro é excelente como um todo - tanto se lido como um livro de contos isolados quanto como uma espécie de novela. Há alguns contos bastante dramáticos no livro, enquanto outros são histórias que se pode considerar como típicas de um pulp e até algumas histórias de humor. E essa variedade de estilos narrativos é justamente onde se encontra o encantamento da obra - como em F de Foguete, aliás; é impossível saber onde o próximo conto vai nos levar antes de começar a ler. 


Também como F de Foguete, eu recomendo sem hesitar a leitura desse excelente livro de ficção científica de Bradbury - que vem ganhando minha admiração à medida que leio suas obras e sua biografia. 

Não creio que tenha perdido alguma coisa ao ler As Crônicas Marcianas e não as Crônicas de Barsoom - apesar de ainda ter intenção de ler este último - e sinseramente espero poder ler ainda muitas outras obras de Bradbury. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Macaco Asteca Gigante

Uma HQ antiga, parida em um sextão com o pessoal do extinto Estúdio 9 - um dia falo sobre isso por aqui. Na época faziamos uma espécie de jam de HQ: cada participante escolhia um personagem, um sentimento, um local e um tempo e escrevia em papeizinhos que eram sorteados aleatoriamente entre osjammers. Com cada categoria em mãos, criava-se uma história em até quatro páginas, que em seguida era desenhada por outro participante e finalmente arte-finalizada por um terceiro. Rendeu noites inspiradas - e parece que o Fábio Ochôa está instituindo a atividade lá pros lados da capital, atualmente!

Eu saquei Macaco Asteca Gigante como personagem, Tibet como local, eleição do Evo Morales como tempo e Solidão como sentimento. Saiu esse roteiro, eximiamente desenhado - e posteriormente arte-finalizado - pelo supracitado Fábio Ochôa.

Uma pequena nota adicional: Como o Fábio tinha uma certa vergonha do meu nome, acabou usando solamente meu sobrenome do meio - Niemeyer - e não o Gay. Sempre achei engraçado isso, mas nunca me importei de fato. É mais uma curiosidade, mesmo.

Espero que aproveitem a leitura!

Sem mais delongas, a HQ!





sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Bruxa Solitária


Que eu seja como a que tece o pano
na floresta, profundamente escondida.

Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.

Que eu seja uma exilada, se este é o sacrifício.

Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo
e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios.

Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, nas árvores desenhadas no céu luminoso.

Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.

Que eu possa libertá-las, sem apanhar nenhuma, para viver em abundância.

Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio.

Que sejamos inocentes e despretensiosos.

Que eu seja capaz de gratidão.

Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.

Que eu saiba isso como o meu gato, no sangue e nos ossos.

Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como o aroma do alecrim 
como todo o dia e na antiguidade, erva forte da cozinha.

Que eu não me incline à auto-integridade e a auto-piedade.

Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra e dos círculos de pedra, como raposa ou mariposa
e não perturbar o lugar mais que isso.

Que meu olhar seja direto e minha mão firme.

Que minha porta se abra àqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio.

Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega a minha porta.

Que se percam na jornada labiríntica.

Que eles voltem.

Que eu me sente ao lado do fogo no inverno e veja as chamas brilhando para o que vier 
e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.

Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro regozijo.

Que o lugar onde habito seja como uma floresta.

Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores, animais e pássaros 
todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.

Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento 
ou o orgulhoso crescer das árvores.

Por isso, eu jogo fora a minha roupa.

Que eu possa conservar a fé, sempre!

Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.

Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor.

Que eu faça a mesma escolha todos os dias e de novo.

Quando falhar, que eu me conceda o perdão.

Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.




Rae Beth - A Bruxa Solitária

sábado, 27 de abril de 2013

F de Foguete


Apesar de ser um ávido leitor de ficção científica, admito que vários dos autores clássicos do gênero me escaparam à leitura. Seja por não ter conseguido encontrar seus cópias dos seus trabalhos à venda - e algo com o que se precisa lidar quando se compra livros quase que exclusivamente em sebos - seja por ter muitos livros pra ler e acabar não procurando os 'melhores do gênero' a fim de não aumentar as pilhas de volumes a serem lidos.

E Ray Bradbury era um desses autores que tinham se esquivado da minha pilha de leitura.

Li Crônicas Marcianas vários anos atrás, antes de ter alguma idéia de que era um grande livro de FC. Antes de saber que existiam livros bons, ruins e lamentáveis... E admito que lembro de muito pouco do livro.

Li a algum tempo atrás elogios rasgados à Bradbury feitos por um amigo que considero um conhecedor de boa literatura. Lembrei então de ter visto alguma coisa dele (Bradbury) na Montecristo - a livraria/sebo/cafeteria que eu frequento, caso alguém ainda não saiba... - e resolvi comprar. F de Foguete foi o escolhido, já que eu sabia que se tratava de um livro de contos, que é meu tipo favorito de leitura.

Eu nem tinha terminado este livro dele e já tinha comprado outro. E quando terminei F de Foguete, fui correndo comprar o outro título dele que estava na estante da Montecristo!

Clássicos. Grandes autores. Eles não são elencados dessa forma à toa.

Apesar do nome, nem todos os contos são sobre foguetes. A maioria é, ou ao menos tem algum foguete no cenário, mas nem todos. E em termos de narrativa, temos de tudo: Space Opera, viagens no tempo, slices of life, fantasia, horror. É uma maravilha pro cérebro! A imaginação se sente absolutamente embriagada com a quantidade de idéias geniais a cada página, e em nenhum momento a imaginação deixa de ser estimulada! Cana novo conto é a promessa de uma história interessante, com alguma idéia fantástica esperando pra pular no colo do leitor! Definitivamente, uma grande obra!

Eu poderia dizer que esse ou aquele conto é melhor do que os outros ou mesmo que algum deles foi meu favorito, mas seria uma mentira. Apesar de algumas tramas mais óbvias que outras, ou narrativas menos que perfeitas em algum casos, todos os contos do livro são excelentes. Um Som de Trovão, que deu origem à um filmeco de qualidade duvidosa, tratando de viagem no tempo, um dos meus temas favoritos; Tio Einar, uma fantasia contemporânea não exatamente original, é de uma beleza narrativa excepcional; Gelo e Fogo é uma pequena saga de quarenta e poucas páginas; A Máquina do Tempo é uma daquelas histórias cuja simplicidade implica em perfeição. Enfim, cada obra é única e brilhante. É impressionante como Bradbury consegue, em suas poucas páginas, criar todo um universo em cada um dos contos individualmente.

Considerando que ele escreveu uma quantidade absurda de livros na sua vida - soube que ele tem um livro que compila seus 100 melhores contos! - tenho certeza que ainda vou ter a oportunidade de ler muitas obras dele. No momento, vou, é claro, me ater aos dois livros dele que já tenho em mãos, mas certamente vou procurar outras obras do sujeito pra ler, sempre que encontrar!

Ray Bradbury. Apesar de provavelmente já ser um autor sobre o qual todos os leitores de FC já ouviram falar, vou manter a tradição do blog e recomendar fortemente a leitura! Vale muito a pena!

sexta-feira, 29 de março de 2013

Os Mortos Vivos



Ghoust Stories no original, esse é um dos raros casos em que a tradução pode ser considerada tão boa ou até melhor do que o título original. Ou não.

Em um volume de quinhentas e poucas páginas, Peter Straub nos conta a tragedia da pequena cidade de Milburn, causada pela ação insensata de um grupo de jovens que, algumas décadas mais tarde, viria a se tornar a sóbria Sociedade Showder - um grupo de respeitáveis senhores que se reúnem mensalmente para relembrar os velhos tempos, contar histórias e trocar experiências.

E acabo de me dar conta que acabei de revelar parte da trama do livro... Bem, nada que realmente atrapalhe a trama da história, realmente.

O fato é que a narrativa do livro começa de modo um tanto deslocado, e nos coloca diante de um aparente dilema moral por parte de um homem perturbado. Obviamente, o prólogo é extremamente enganoso, e a história passa a se desenvolver a partir de como ele chegou à esse ponto inicial do livro.

O problema é que, após um prólogo deslocado e sem grandes explicações sobre o que está realmente acontecendo, entramos em uma narrativa morosa sobre o pacato dia-a-dia de Milburn e da Sociedade Showder - cuja explicação do nome me escapa por completo. Nadei arduamente por dois meses nas águas turvas da trama, até finalmente conseguir vencer toda a distância que separavam o prólogo do epílogo do livro. É uma leitura chata, na maioria das vezes aparentemente sem sentido, com muitas histórias aparentemente soltas entrelaçadas no meio da narrativa, personagens que recebem muito foco e simplesmente não têm importância alguma, capítulos inteiros que não ajudam a desenvolver o enredo e um excesso de detalhes sem qualquer relevância. A trama só fica realmente clara no último quinto do livro, onde várias - mas não todas - "pontas soltas" são explicadas e encaixadas. Só que, até chegar nesse ponto, eu já quase tinha perdido as forças e lia duas, três páginas por dia e então pegava no sono - um efeito que poucos livros conseguiram me causar nos últimos anos!

O fato é que a lentidão e a enrolação do livro me fizeram perder o interesse na trama de tal forma que a conclusão perdeu todo o impacto, e quando eu terminei de ler o livro, só consegui pensar "Finalmente! Agora posso resenhar esse calhamaço!"

Porque eu creio que a tradução do titulo é aparentemente melhor do que o nome original, alguém pode perguntar. A resposta é: Deixarei para aqueles bravos e resilientes leitores que se julgarem durões o suficiente para lerem o livro que o descubram. Sim, eu sei que isso é baixo e vil da minha parte, mas infelizmente explicar esse detalhe estragaria grande parte da trama.

Eu? Teria gostado mais se o enredo envolvesse os homenzinhos verdes do espaço, como pensava erroneamente o caro senhor Scales...

Post Scriptum: Straub já ganhou vários prêmios, como o Bram Stoker Award, dois World Fantasy Award e o International Horror Guild Award, e a crítica considera Os Mortos Vivos como uma das melhores histórias sobrenaturais do século XX, com "uma narrativa incomparavelmente moderna" - ou ao menos foi o que eu li quando pesquisei pelo livro na rede. Assim, é bem possível que minha preferência por outros gêneros de ficção não tenham permitido que eu absorvesse toda a qualidade da obra. Mas considerando que eu aprecio o trabalho de Lovecraft e que Frankeintein é um dos meus livros favoritos, tenho dificuldades em acreditar plenamente nessa explicação.

Post Scriptum 2: A capa é uma cena do filme homônimo, baseado no livro. A qualidade da capa está bem ruim, mas eu simplesmente não me dei ao trabalho de scannear o meu livro só pra esse post ter uma imagem melhor. Mas ali o meio tem um idoso Fred Astaire, fato que por si só já me fez ficar curioso pelo filme!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Os dez livros mais lidos dos últimos 50 anos


Essa semana me deparei com estatísticas que mostravam os dez livros mais vendidos no mundo. Meu primeiro impulso foi ir logo compartilhando a informação. Mas me peguei pensando sobre a veracidade dos números, e fui pesquisar primeiro. E durante a pesquisa, me deparei com outra questão interessante.

Mas há uma série de detalhes a serem considerados nessa lista. Primeiro, a vendagem de Harry Potter considera todos os sete livros. O mais vendido entre eles é H.P. e a Pedra Filsosfal, com cerca de 110 milhões de livros vendidos. A versão compilada ou em "box" com os três volumes do Senhor dos Anéis vendeu cerca de 100 milhões de cópias, mas se considerarmos as vendagens em volumes separados também, esse número vai à 150 milhões de cópias. No caso de Crepúsculo, é difícil calcular os números reais do livro, porque as fontes divergem imensamente, e estimam vendagens que vão de 28 à 100 milhões de cópias.

Mas então vêm as questões interessantes: As Crônicas de Nárnia - todos os sete livros - venderam 120 milhões de cópias entre 1949 e 2005. Será que essas vendagens foram de mais de 93 milhões só nos primeiros 14 anos (até 1943), pra que eles não chegassem a vender cópias suficientes nos últimos 50 anos?

Ainda, O Pequeno Príncipe foi originalmente publicado em 1943, e desde então vendeu cerca de 200 milhões de cópias. Ele teria que ter vendido 173 milhões de cópias nos primeiros 20 anos de publicação pra não figurar nessa lista.

Também achei bem difícil de engolir que O Hobbit, publicado em 1937, que já vendeu mais de 100 milhões de cópias, não vendeu cópias suficientes pra vigorar nessa lista- principalmente considerando as adaptações do Senhor dos Anéis e do próprio Hobbit tão recentemente. 


E onde estão E os três livros dos Jogos Vorazes (publicados entre 2008 e 2010), The Eagle Has Landed (de Jack Higgins, publicado em 1975), O Nome da Rosa (de Humberto Eco, publicado em 1980), Watership Down (de Richard Adams, publicado em 1972), todos livros que, desde sua publicação, já venderam pelo menos 50 milhões de cópias? E a Trilogia Millenium, de Stieg Larsson, publicados entre 2005 e 2007, com 53 milhões de cópias vendidas, e que não são uma trilogia fechada porque o autor morreu antes de dar sequencia à saga? Esses livros venderam mais ANTES de serem publicados do que nos últimos 50 anos?

Essa lista que apareceu pelo facebook tem alguns sérios problemas, e o maior deles, certamente, é querer colocar Crepúsculo entre os dez mais vendidos dos últimos 50 anos.

Em tempo: Considerando que O Código Da Vinci já superou os 80 milhões de cópias vendidas - e não os 57 milhões que aparecem no gráfico - a lista dos dez mais vendidos provavelmente seria:
Bíblia (alguns bilhões de cópias)
O Livro Vermelho (entre 600 e 800 milhões de cópias)
Harry Potter (400 milhões de cópias)
O Pequeno Príncipe (200 milhões de cópias)
Senhor dos Anéis (150 milhões de cópias)
As Crônicas de Nárnia (120 milhões de cópias)
O Hobbit (100 milhões de cópias)
O Código Da Vinci (80 milhões de cópias)
O Alquimista (65 milhões de cópias)
Trilogia Millenium (53 milhões de cópias)

Não é exato, considerando o que já escrevi acima, mas é bem mais aproximada do que o infográfico que apareceu pelo facebook.

Até que alguém consiga números mais acurados, fico satisfeito com essa lista! 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Adeus, Lorde Gato.


Lorde Gato está morto. Longa vida ao Lorde Gato.

Cerca de quatro semanas atrás, minhas gatas atacaram um ninho de almas de gato. Tiraram do ninho um dos filhotes, que minha mãe conseguiu resgatar. Sem saber bem o que fazer, decidimos criar o bichinho.

Depois de quase matarmos o pobrezinho dando-lhe frutas pra comer - almas de gato são aves de rapina! - nos demos conta que o que ele precisava era carne. Cavamos atrás de minhocas e caçamos aranhas e besouros pra alimentá-lo. na segunda semana, com a escassez de minhocas à mão, decidi que talvez um pouco de carne poderia ser uma alternativa viável. Começamos com carne de peixe, depois carne guizada, e finalmente compramos camarões - que se usa pra alimentar tartarugas - e iscas de carne. Ele aceitou todas essas opções com prazer.

Lorde Gato cresceu bem durante essas três semanas. Conversava bastante, e estava sempre faminto!

Mas nesses últimos três dias, perdeu a fala, e tinha dificuldades pra respirar. Perdeu o apetite, no último dia.

No começo dessa tarde, ele morreu. Não sabemos a causa. Mas o pequenino faleceu apesar de todos os nossos esforços.

Acabei de voltar do seu funeral. Fiz uma fogueira, e quando ela estava queimando com toda a intensidade, depositei o corpo do pequeno pássaro junto com o ninho improvisado que fizemos pra ele, e uma boa quantidade de minhocas - sua comida favorita.

Finalmente, em sua morte, Lorde Gato pode subir aos céus como nós sempre desejamos enquanto ele ficou conosco.

Eu nunca senti tanto a perda de um animal quanto a de Lord Gato, provavelmente porque ele estava sempre comigo, com seu ninho indo pra onde quer que eu fosse.

Vou sentir falta de seus gritos esfomeados e o cheiro de guano que eu sentia diariamente quando trocava os panos do seu ninho.

Ele ficou apenas quatro semanas entre nós, mas eu vou lembrar dele por muito mais tempo. Provavelmente vou sentir sua falta pro resto da vida.

Onde quer que esteja, Lorde Gato, espero que sempre tenha minhocas pra comer, e que suas penas finalmente lhe sustentem o vôo que eu sempre desejei ver.

Lorde Gato morreu. Longa vida ao Lorde Gato.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Os Druidas

Um excelente livro de pesquisa com base em vários documentos históricos, literatura medieval e moderna e comparações com religiões de diversas partes do mundo. Com um olhar crítico, mas sem deixar de de apontar elementos não explicados pela ciência como possibilidades concretas, Ward Rutherford cria uma imagem vívida de quem poderiam ser os druidas por trás dos mitos atuais criados sobre a organização.

Rutherford cita lendas celtas e fala sobre a cultura desse povo, criando um panorama onde ele descansa a imagem dos druidas de maneira magistral.

Apesar de ser um livro baseado apenas em conjecturas - de um historiador que vive na região onde antes era a Galia, e portanto convivendo com os costumes da civilização na qual os druidas estavam inseridos - é extremamente lúcido e conciso. Rutherford levanta teorias, derruba mitos e aponta vários textos com descrições de membros da organização.

Astrônomos, numerologistas e curandeiros, a possibilidade de que fossem também xamãs com capacidades extra-sensoriais não é descartada pelo autor, apesar do próprio afirmar que provavelmente a maior parte das lendas sobre os poderes sobrenatuais dos druidas não passassem disso: lendas.

Rutherford escreveu muitas obras sobre celtas, druidas e até mesmo shamanismo - além de um grande número de livros sobre as duas guerras mundiais - e apesar de relativamente antigo - a publicação original é de 1978 - não há como ser considerado ultrapassado; mesmo que novos fatos possam ser adicionados ao que conhecemos sobre os druidas, dificilmente alguma das informações que constam desse livro se tornarão obsoletas.

Uma excelente leitura para aqueles interessados na cultura celta e em religião, Os Druidas é uma leitura interessante e elucidativa.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Dialogando

Pois é, fim-de-ano, a leitura anda lenta, e a vida tentando voltar pros eixos. Além de estar com pouco tempo pra ler - na verdade, pouca energia; tem tanta coisa pra fazer que quando me sobra tempo eu só quero descansar a cabeça no travesseiro.

Além disso, estou lendo quatro livros ao mesmo tempo - não foi intencional, mas algo que simplesmente aconteceu. Não tenho idéia de quando vou terminar algum deles, nem quando vou conseguir resenhar um satisfatoriamente depois de seu término.

Então resolvi que, pra não deixar o blog parado por mais um tempo indeterminado - dezembro passou em brancas nuvens por aqui... - era hora de dizer alguma coisa ao meu público fiel (???). Mas daí tropecei num pequeno problema: falar sobre o que?

Não tenho nenhuma "postagem coringa" que as vezes me aparece, e não quero começar agora a falar de filmes aqui - apesar disso ter me dado uma excelente idéia, enquanto escrevo; vamos ver se amadurece - ou outros assuntos não relacionados à literatura, já que esse é o ponto focal do blog, acreditem se quiserem!

Então pensei comigo: o que eu gostaria de ler aleatoriamente nos blogs que costumo visitar? E a resposta veio bem fácil!

Listas!

Vou porpor algo sumariamente simples: vou deixar aqui uma lista de livros, com um pequeno adendo contendo regras, e espero que os leitores deixem em resposta uma lista também, considerando, é claro, as regras que eu estipularei adiante!

As quatro regras que vou impor são simples e fáceis de seguir:

1 - O livro deve ser um romance. Baseado em fatos reais ou não, e de qualquer estilo literário ao gosto do leitor, mas nada de livros de filosofia, livros técnicos ou teses - ele precisa conter uma história com início e meio (sim, ter fim ou não é opcional);

2 - O leitor precisa possuir o livro. Eu sei que muitas vezes nossos livros favoritos não estão mais conosco, então abrirei uma cláusala especial: O leitor precisa ter possuído o livro em questão. Ficam de fora livros emprestados ou de bibliotecas;

3 - O livro precisa ser amplamente recomendável. E essa é a regra mais importante! Não que ele seja recomendado pra qualquer um, mas ele precisa ter um motivo pra indicá-lo para os outros lerem! Não precisam ser listados esses motivos, só o nome do livro é suficiente - mas um mínimo de explicação seria apreciável. Assim não são necessariamente os seus livros favoritos que vigoram nessa lista, mas aqueles que tu acha que as outras pessoas do mundo deveriam ler!

4 - cinco livros. Nem mais, nem menos. Se tu leu menos de cinco livros que poderiam ser recomendados, tá na hora de expandir a biblioteca... Se tem mais, guarde pra uma segunda edição desse diálogo!

Então, vamos lá! Minha singela lista:

* Frankeinstein, o Prometeus moderno (Mary Shelley). O original ou sua revisão (perla própria Sheley). O original não é tão fácil de conseguir, e a versão revisada é melhor. Já falei sobre ele aqui no blog duas vezes, ao menos, e volto à indicar. É uma excelente história sobre a natureza humana que funciona lindamente na contemporaneidade. Além de ter uma das idéias mais originais sobre "monstros".

* O Verão do Lobo Vermelho (Morris West). Em momentos de desespero literário, já li algumas obras do West. Não gosto das histórias dele, mas a escrita é boa. Esse livro, no entanto, é - de acordo com o autor - bibliográfico. É bem diferente das histórias de tribunal dele, e o ritmo de escrita é bem tranquilo. É um livro que traz uma daquelas estranhas amizades com pessoas que não fazem sentido, mas que todos nós temos.

* Longe é um lugar que não existe (Richard Bach). Um conto-de-fadas contemporâneo, que nos lembra de coisas importantes. Lindo, simplesmente.

* O Anel dos Nibelungos (Saga nórdica). A versão em prosa. É uma dessas histórias universais. Pode não ser simples de ler, entender ou interpretar, já que não somos nórdicos nem estamos na idade média, mas ainda assim é uma história poderosa, mesmo que o leitor não perceba toda a simbologia escondida no livro.

* O Último Reino (Bernard Cornwell). O primeiro livro das Crônicas Saxônicas, mas que pode perfeitamente ser lido como uma história isolada - diferente dos outros. Cornwell é um excelente contador de histórias, e é o único escritor que eu já li que consegue passar a sensação de se estar em um combate. Não que eu tenha estado em muitos, mas me fez lembrar do frenesi controlado que acontece quando eu entrava em um tatame pra pelejar em um kumite. Pra além disso, é uma baita história!

Aí está minha pequena lista! Só espero ver algumas listas nos comentários, agora!

A sim: Devia ter uma imagem, certo? Pois é, não rolou, dessa vez. Acontece. Lamento se desapontei alguém.