quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Missão em Sidar

Missão em Sidar é um livreco de bolso da coleção argonauta - que eu já havia decidido não ler mais, devido ao fato de ter descoberto que eles retiram partes dos textos dos livros que traduzem pra que caibam no seu formato de bolso. Encontrei esse livro pegando poeira no meio de mais outros livros quando estava movendo algumas coisas na casa, e pensei "Raios, é uma leitura de o que? Umas duas horas. Não vai doer muito ler essa coisa e ficar livre dessa editora pra sempre" afinal, um livro à mão não deve ser desperdiçado.

Bem, o livro certamente não é doloroso de ler. Admito que os jargões lusitanos tornem o livro praticamente impossível de se tornar imersiva, o que já é um ponto negativo, mas a história em si não é de todo ruim, até certo ponto.

Deixe eu avisar aqui, antes de continuar à seguir: vou fazer revelações sobre a trama adiante, porque este não é um livro particularmente interessante, pra ser honesto. Se alguém quiser ler o livro, e não quiser sofrer as terríveis revelações da trama a seguir, é só passar na Taverna do Valhalla e pedir. Não terei nenhum problema em simplesmente dar o livro de presente.

Dito isso, vamos à história.

Nosso personagens são dois humanos e dois <<robots>> (é assim que eles são grafados no livro, o que, obviamente, é bastante fastidioso depois de algum tempo) em uma missão em um planeta que vou negociado com uma outra raça. Pois bem, a tal raça não é lá grandes coisas em termos tecnológicos ou sociais, e pratica o escravagismo. E Sidar, o tal planeta, tem duas raças nativas, pouco desenvolvidas, e os quatro personagens principais aparentemente acham que sabem melhor como lidar com eles (apesar de enfiarem cigarros literalmente até em suas orelhas....) ao invés de permitir que os ratos alienígenas os escravizem.

A parte interessante do livro é que o protagonista morre em dado momento do livro, antes do meio. A narrativa então foca no seu <<robot>>, que faz uma cirurgia pra remover as pernas do humano e acoplar em si mesmo, tendo perdido as suas em um combate com uma besta do planeta. Essa idéia é deveras interessante, e eu fiquei bastante surpreso com ela, exceto que, depois de duas páginas, eu me dei conta que... Bem, o autor ia ressucitar o sujeito morto. E aí vamos com o novo protagonista, que faz algumas observações interessantes quanto às limitações do corpo humano, e como eles devem sofrer terrívelmente por serem fracotes e precisarem descansar, esse tipo de coisa. Quisera o livro tivesse seguido essa linha de ação e esquecido o protagonista inicial....

Enfim, eventualmente o tal <<robot>> acha um outro <<robot>> que tinha sido dado como destruído, recolhe sua cabeça, ainda funcionando (num evento interessante, considerando as condições em que a cabeça estava, sendo adorada por nativos e se ligando e desligando de tempos em tempos graças aos galhos que lhe eram enfiados na cabeça) e segue de volta para a civilização.

Lá eles ressuscitam o protagonista humano, lhe dão as pernas novamente, constroem um novo corpo pro <<robot>> que só tinha cabeça e novas pernas pro <<robot>> protagonista. E a partir desse ponto, a coisa fica maluca.

Até aqui tudo já estava muito bizarro. A idéia de tecnologia suficientemente eficiente pra cortar um humano ao meio, mnater suas pernas funcionando por dias, depois recolocar no corpo original, que havia morrida dias antes é completamente incongruente com o fato do tal humano ter um adaptador que lhe foi instalado na garganta que o deixa desconfortável, falha e faz com que ele fique extremamente doente, ao ponto de mal poder andar - mesmo com caixas de remédios à sua disposição, literalmente. Cirurgias no futuro funcionam pra algumas coisas, mas não pra outras, o que já acabou com minha suspensão de descrença.

Mas daí, o autor me vem com o plano fantástico pra salvar o planeta: evaporar os metais pesados no centro do planeta pra usar a falta de peso - e a evaporação rápida - como meio de propelir o tal planeta pra fora de sua órbita, na direção do sistema solar! Se as implicações de desestabilizar o centro de um planeta não fossem suficientes pra me deixar de cabelo em pé, e a idéia de transformar um planeta em uma bexiga furada não fosse totalmente estúpida, a viagem interplanetária ia levar 50 anos! É uma viagem interestelar, e sem entrar na questão de que a atmosfera do planeta ia ser mandada pra casa do caralho no processo de "descompressão planetária", ainda tem a questão de que a vida no planeta, no vazio do espaço, sem nenhuma estrela para aquecer ele ia ser obviamente insustentável! Além disso, a lua do planeta ainda segue normal, ali, na volta dele, apesar de todo o rebuliço gravitacional que eles fizeram no pobre balão furado de dimensões planetárias!

Sim, esse livro me irritou deveras! A ponto de eu ter deixado até palavrões no texto, coisa que eu costumo não fazer. O desenvolvimento não é de todo ruim, eu admito, mas a conclusão.... Caralho, que conclusão de merda!

Coleção argonauta, adeus para nunca mais!

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