domingo, 23 de setembro de 2012

Ostara

E então, é primavera!

Ventos, flores, amores, cores, aromas e sabores! É tudo o que eu espero da estação, nada mais, nada menos!

Ano passado, nessa época, a minha vida andava um caos. Estava afogado em desamor, sem vontade de dar continuidade nos meus projetos, nenhuma expectativa em área alguma da vida. Precisei juntar forças pra me preparar pra celebrar o casamento de dois amigos a quem eu amo muito e foi isso que me manteve com um mínimo de foco. E meus amigos mais próximos estenderam as mãos na minha direção, o tempo todo, e me deram toda a força que eu precisava para seguir adiante. E no meio daquela primavera, lentamente, tudo foi ficando simplesmente perfeito! Senti a roda do ano girando sob meus pés, me empurrado adiante.Fui surpreendido por um novo amor, que embora breve foi muito intenso - pra mim, ao menos - e reencontrei a fé na Velha Religião. Uma fé que andava abalada, algo esquecida, mas que naquela primavera, voltou com toda a força! Uma fé que vem me acompanhando nesse último ano, e que eu celebrei nesse equinócio de primavera, sozinho em corpo, mas com meu espírito espalhado entre todos aqueles que estavam lá, que me acompanharam, e alguns novos amigos que se juntaram a mim recentemente nessa jornada.

Dormi longamente à beira do fogo, sob a lua crescente e na companhia de um vinho, com a mente flutuando nas lembranças do último ano, desejoso que essa primavera me traga tantas boas surpresas quanto a última, e com a certeza que dessa vez vou lutar uma luta melhor e mais honrada para manter a felicidade que me foi apresentada no giro anterior da roda, mas que por surpresa, falta de preparação, eu deixei escapar. Esse será, porém, um grande ano, tenho certeza!

E como disse uma amiga, esta é uma época de ações, não de planejamentos! E eu pretendo agir, da melhor e mais serena maneira possível, para criar boas lembranças dessa primavera, que durem até a próxima Ostara, não apenas como lembranças de um bom momento, mas como lembranças de um bom começo!

Onde houve despreparo, haverá contemplação. Onde houve cegueira, haverá visão. Onde houve loucura dispersa, haverá calma furiosa.

que a primavera seja magnífica para todos, e que a roda desse ano gire com mais intensidade do que nunca!

Que assim seja!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

As Sete Faces do Dr. Lao

Esse foi um daqueles livros que eu comprei simplesmente pela curiosidade. Imagino que todos conheçam o filme, tendo visto ou não. É um clássico, não há duvidas. E tendo assistindo ainda guri, pela primeira vez, é também um dos filmes que se amontoa como parte do meus imaginário mais primitivo.

Assim, levado pela curiosidade de leitor e empurrado pela memória de criança, comprei o livro.

E que decisão feliz! Charles Finney escreveu uma obra definitivamente singular, com começo, meio e catálogo. Não, o livro não tem um fim, propriamente dito; simplesmente acaba - o que é uma concepção completamente diferente - muito como um circo, penso eu. Recolhe a lona principal, recoloca os animais nas jaulas e segue viagem.

O cenário é uma típica cidade americana fictícia de nome inventado, meio isolada no oeste americano da década de vinte, onde chega - sabe-se lá como ou porque - um circo sem nome, comandando por um chinês que atende pelo nome de dr. Lao.

Os personagens são a mais inusitada mistura dos clássicos cidadãos americanos medíocres de uma cidadezinha isolada de nome inventado com animais fantásticos saídos de várias mitologias e lendas diferentes. O mais estranho é o modo como eles simplesmente não entram em conflito em termos de paradigma. Eles estão todos lá, e tu fica esperando que alguma coisa aconteça com a mistura, mas ela simplesmente se mantém estável, de uma maneira absolutamente desconcertante.

Chego a ver o jovem Stephen King lendo esse livro numa tarde poeirenta de verão, e tendo seu cérebro irrevogavelmente pirografado com a descrição de Abalone e seus habitantes singularmente comuns, que habitariam pra sempre a sua Castle Rock e lhe daria aquele ar sonolento de cidade perdida no tempo.

Sem muita lógica, o livro vai se desenrolando de maneira mais ou menos ordenada até que abruptamente, acaba. Ou não. Há ainda um estranho, disfuncional e terrivelmente interessante catálogo no final, que inclui um desfile de todos os personagens, além de algumas coisinhas inusitadas - e que eu não encontrei mesmo depois de reler o livro! - e tópicos absolutamente interessantes em sua inutilidade, como o material do qual são feitas as estatuetas e símbolos do livro, e ainda algumas perguntas e detalhes obscuros que despontam durante a leitura - e não, o catálogo não contém as respostas...

Enfim!

The Circus of Dr. Lao é uma obra de fantasia sobrenatural com algum humor, suspense e erotismo, sem muita lógica e certamente sem nenhum tipo de moral.

Definitivamente, um livro à ser recomendado!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pontomorto #1

Comprei essa HQ durante uma conversa de bar, numa madrugada em POA. Estava numa mesa com meu bom amigo Rafael Christino e dois sujeitos muito estranhos que ele me apresentou, um tal de Lobo - que depois eu vim a descobrir que era editor da Barba Negra - e o Rogê - um sujeito muito estranho que acha que futebol é um tipo de religião... O tal Rogê acabou com a minha auto-estima fazendo um desenho de bar finalizado à nanquim enquanto eu brincava de bonequinhos de palito. Tem uns caras muito sem-noção nesse mundo...

enfim, passada a humilhação e o estranhamento pelos estranhos hábitos religiosos do tal sujeito, acabei descobrindo que ele tinha recentemente lançado uma HQ em conjunto com um cartunista chamado Rafael [Corrêa] chamada Pontomorto. Uma edição de 20 páginas, com três histórias sem balões. Oras, como desenhista, fiquei extremamente interessado, automaticamente! Acabei caloteando a intera das cervejas - mas prometo que na próxima visita à POA eu me redimo! - pra poder comprar a HQ.

A revista veio comigo pra Pelotas, e ficou jogada no meu atelier junto com outras tralhas que eu tinha trazido da viagem. Eu não tinha lido a dita, porque achei que, durante a viagem, não ia aproveitar a diversão tanto quanto poderia. Enquanto esperava pelo 'momento certo' de ler, vários amigos meus deram uma folhada nela, e todos eram unânimes em dizer que as histórias eram muito boas. Isso começou a gerar uma certa expectativa, e acabei guardando a revista por um tempo, longe dos olhos, pra não acabar sendo influenciado e me frustrar - sim, eu sou um sujeito bem maníaco com relação à expectativas...

Semana passada, um mês depois de ter comprado a HQ, finalmente sentei pra ler. Como é uma revista de 20 páginas, sem balões, a maioria das pessoas lê tudo em um minuto, mais ou menos. É interessante de ver, na verdade, quando tu não leu ainda. Levei alguns minutos lendo, porque analisei cada quadro, como é comum quando leio histórias curtas, tentando imaginar a construção de cada um deles.

E, apesar de toda a expectativa gerada, acabei ficando positivamente surpreso com as histórias. O traço é excelente, solto mas preciso, típico de alguém que sabe perfeitamente o que está fazendo. O roteiro é simples, direto e extremamente contundente. E tem um centauro gaúcho! Não tem como uma história com um centauro gaúcho não ser boa!

Pelo que sei, o Rogê já está trabalhando na edição 2, e eu admito que já estou intrigado pra ler o que vem por aí!


O Rafael Corrêa tem um blog de cartuns e outras coisas mais: http://rafaelcartum.blogspot.com.br/ É importante notar, no entanto, que os roteiros de Pontomorto não são de humor, a despeito do trabalho usual do sujeito.

E o Rogê Antônio tem um blog/sketchbook - que tá meio desatualizado: http://rogeantonio.blogspot.com.br/ Apesar da desatualização, vale a pena dar uma olhada nos desenhos dele lá.

Como não achei o contato de nenhum deles nos respectivos blogs, sugiro aos interessado procurar os caras no facebook. Vale a pena apreciar o excelente trabalho feito nessa HQ!