sábado, 21 de janeiro de 2017

New Spring

Depois de ouvir The Eye of the World, eu fui pesquisar um pouco mais sobre a série - principalmente pra fazer uma resenha fiel - e fiz duas descobertas:

A primeira é que Robert Jordan, o autor da maioria dos livros da série Wheel of Time e criador do cenário havia escrito um livro que precederia os originais. Assim, ao invés de continuar adiante na leitura dos livros. E foi uma decisão acertada, devo dizer. Em primeiro lugar, New Spring explica muito da estrutura da White Tower, que é o nome da sociedade das Aes Sedai - que são, basicamente, as conjuradoras de magia do cenário. Conjuradoras, porque sim, nesse cenário, só mulheres são permitidas conjurar magia. 

No final do livro, alias, Jordan diz que decidiu escrever New Spring porque queria explicar algumas coisas com relação à estrutura da sociedade, o que foi definitivamente muito interessante de ler! A primeira metade do livro basicamente é uma grande explicação da estrutura de poder dentro da White Tower e sobre os rituais e passos que uma mulher deve seguir para se tornar uma Aes Sedai. Como eu sou extremamente curioso e gosto de saber e até mesmo extrapolar sobre o funcionamento das coisas (coisas; todas as coisas), achei o livro extremamente divertido! 

Esse livro também explica como e porque Moiraine se torna a "guia" das histórias contadas nos livros posteriores, incluindo como ela encontrou seu Warden, Lan - apesar de eu precisar admitir que essa última parte, envolvendo Lan, é a parte menos inspirada da trama.  

A segunda descoberta que fiz com relação à série de livros é que Aes Sedai não é Iced Eye! Enquanto lia The Eye of the World (e o começo de New Spring) eu sempre entendi que as conjuradoras eram Iced Eyes, e que eventualmente alguém ia explicar o porque do nome. Mas eventualmente passam a chamar Moiraine de Moraine Sedai e eu me dei conta que não fazia sentido o nome dela ser "(i)ced Eye". Tinha alguma coisa errada. E pesquisando sobre a coisa toda, descobri o verdadeiro título e seu significado (Servants of All, na velha língua). 

Um livro interessante, rápido e divertido de ler. Apesar de explicar coisas que podem ser de interesse pra leitores da série, ele serve muito bem como história isolada, sendo perfeitamente auto-contido. Alias, enquanto história auto-contida, é um interessante exercício de extrapolação de "como-é-que-o-mago-guia-da-história-sabe-de-tudo-e-porque-ele-não-explica-porra-nenhuma". Deveras interessante nesse sentido! 

E, claro, ele serve de porta de entrada pro cenário. É uma ótima introdução para Wheel of Time. 

Leitura fortemente recomendada! 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

The Eye of the World

E começando mais uma série de audiobooks, vamos pra Wheel of Time, de Robert Jordan!

Fiquei com curiosidade de ler essa série desde que o cenário ganhou um RPG, lá nos idos de 2001. A série tem 12 livros escritos por Robert Jordan, o autor original e criador do cenário, e mais uma trilogia que fecha a história, escrita por Brandon Sanderson. Jordan queria escrever todos os livros, mas, infelizmente, morreu em 2007, enquanto escrevia A Memory in Light - que ele pretendia que fosse o capítulo final da história. Mas como ele era diagnosticado com Amiloidose e sabia que havia um sério risco de morrer antes de terminar o livro, ele deixou instruções sobre o rumo da história e o final da saga. Sanderson recebeu a tarefa de terminar o livro, que, de acordo com ele, já estava muito grande e ficaria ainda maior, o que o levou à decisão de dividir a obra em três livros.

Fora essa trilogia escrita por Sanderson, consegui cópias de todos os outros 12 livros (os escritos por jordan, no caso) e dei início a leitura pelo primeiro livro escrito, The Eye of the World - só mais tarde, lendo sobre os livros, descobri que o último livro escrito por Jordan, New Spring, é anterior à trilogia original. Pena, eu preferia ter lido tudo em ordem cronológica. Mas depois deste livro, vou pra New Spring antes de continuar adiante na história.

Bom, mas isso tudo é a história por trás da história. Vamos falar do livro em sí.

Wheel of Time é, aparentemente, uma história clássica de Alta Fantasia (depois da experiência com His Dark Materials, eu provavelmente nunca mais vou ter certeza de categorizar uma série pelo primeiro livro...). Temos pelo menos duas raças além dos humanos, embora os humanos sejam extremamente diversos em termos culturais, o que fica bem óbvio nos livros (e torna o cenário bastante rico) e alguns monstros interessantes, particularmente porque a maioria das coisas-que-rastejam-nas-sombras nesse livro é formada por espíritos amaldiçoados. O cenário é classicamente pseudo-medieval, com uma sociedade bem mais avançada em termos sociais e tecnológicos em geral, como de costume em cenários pseudo-medievais, com tavernas, estalagens, profissionais liberais e coisinhas assim. A maior diferença entre o cenário criado por Jordan e qualquer outro que eu conheça é que, ao menos no reino de Andor, onde a maior parte desse primeiro livro se passa, a sociedade é basicamente matriarcal. E as "magas" do cenário são todas mulheres - homens capazes de canalizar o Poder ficam loucos e geralmente fazem grandes merdas, como mergulhar o mundo em guerras que duram 300 anos ou amaldiçoar cidades inteiras matando sua população toda e coisas assim.

Com relação à trama, temos, é claro, o Lorde-Negro-das-Trevas no livro, que tem nome mas, como eu toda sociedade supersticiosa "nãqo deve ser nomeado", mas ninguém sabe qual o plano maligno dele! O livro, na verdade, é basicamente um corra-por-suas-vidas, com os protagonistas sabendo porque o Lorde-Negro-Das-Trevas está atrás deles, mas sem saber porque! Premissa interessante e muito bem desenrolada ao longo do livro!

Por ser parte de uma troilogia, o livro deixa várias pontas soltas, que devem ser amarradas nos volumes posteriores, mas é extremamente divertido. E na verdade, todas as questões sem resposta me deixaram com vontade de ler os outros livros, ao invés de produzir qualquer espécie de frustração.

E são 12 livros. Logo depois de ter dito que não ia me enfiar numa empreitada semelhante à Shannara, com seus vinte e poucos livros, lá vou eu outra vez pra uma série com mais de uma dúzia de volumes...

Enfim!

Não posso dizer se a érie toda é boa, mas certamente esse primeiro livro vale a leitura!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Dragons of Spring Dawning

E chegando ao fim da minha aventura por Krinn, Dragons of Spring Dawning fecha com chave de ouro a trilogia.

Enquanto o primeiro livro da trilogia é uma aventura clássica de D&D, narrado de forma tão eficiente que é possível ouvir o barulho dos dados rolando na mesa algumas vezes, e o segundo é mais focado na história-por-trás-da-história explicando grande parte das questões de mitologia e política do cenário, este terceiro livro possui um tom muito mais opressivo, focado nos vilões da história - incluindo a própria Takisis (ou Tiamat, pra quem assistia Caverna do Dragão) - e seus planos malignos.

Assim como nos dois primeiros livros, a conclusão da trilogia se escora fortemente na relação dos personagens, e faz isso muito bem. De fato, apesar de uma boa trama, o ponto alto da trilogia é a inter-relação dos personagens. Essa é a parte que realmente faz com que os livros valham a pena.

Com relação à trama em si, duas coisas me deixaram um pouco decepcionados. (sim, o próximo parágrafo terá revelações sobre a trama, apesar de serem apenas dois detalhes isolados - se não quiser nenhum nível de revelações, simplesmente prossiga para o próximo parágrafo) Primeiro, com relação à trama geral dos três livros, o fato das tais Dragonlances - que, enfim, dão nome à trilogia (e ao cenário de RPG) - não serem relevantes pra história. Com efeito, nenhuma é empunhada no terceiro livro em momento algum! Segundo, com relação especificamente à esse terceiro volume, Raistlin está ausente da maior parte do livro, e apesar de fazer uma chegada triunfal já perto do fim da história, ele simplesmente não faz diferença alguma pra história. Diferente dos primeiros dois livros, ele só aparece, balança as mãoes e solta luzes, mostra que ficou fodão e... Vai embora. Apesar da participação dele ser interessante no que diz respeito à interação dele com os outros personagens (particularmente Caramon, obviamente) a presença dele é completamente prescindível. De fato, a impressão que eu fiquei é que só incluíram ele no final da história porque ia ficar estranho não dar um fechamento pro personagem.

No geral, no entanto, é um bom livro. Fecha de maneira eficiente a trilogia, deixando a possibilidade para novos livros (como, de fato, aconteceu) mas dando um final apropriado a história.

No frigir dos ovos, a trilogia é, de fato, muito boa, e merece a leitura.

E não, eu não pretendo ler os outros 14 livros da série! Apesar da trilogia de dragonlance ser realmente boa, eu simplesmente não tenho paciência pra ler 14 livros da mesma série. Shannara foi uma experiência incrível, mas não vai se repetir tão cedo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Dragons of Winter Night

Dando continuidade à história da trilogia de dragonlance, o inverno chega à Krynn e com ele chegam os dragões azuis! Enquanto Verminaard assola Ansalon com seu grande dragão vermelho, agora é hora de vermos os dragões azuis revoando sobre o continente.

Falando em dragões, eu não falei sobre o cenário ou os personagens na resenha de Dragons of Autumn Twilight, me atendo mais aos antecedentes dos livros e do tema geral da narrativa. É hora de falar do cenário e dos personagens.

Ansalon é um dos continentes do mundo de Krynn, que vêm sofrendo com o aparecimento de dragões e guerras que vêm ocorrendo desde que os deuses, antes presentes no cotidiano, se foram do mundo. Sem sacerdotes para guiarem e protegerem o povo, com charlatões em cada esquina e tiranos capazes de controlar dragões, Ansalon parece muito com o Brasil: corrupção desenfreada, forças militares desacreditadas, povo dividido em grupos extremistas incapazes de dialogar, todo mundo tentando salvar seu couro, mesmo que isso signifique pisar nos outros no processo.

Dentro desse caos completo, os protagonistas do livro, formado por um grupo de amigos que voltam a se reunir depois de passarem cinco anos errando por Ansalon em busca de qualquer vestígio sobre os deuses que abandonaram Krynn. Tasselhoff Burrfoot, um Kender quintessêncial (mão leve, tirador de sarro, irritante e incapaz de perceber qualquer uma dessas características em si mesmo), Flint Fireforge, um anão cuja rabugisse representa o arquétipo de sua raça, Sturm Brightblade, um Cavaleiro de Solamnia e bastião do código de sua irmandade, Raistlin e Caramon Majere, irmãos gêmeos que não poderiam ser mais diferentes: enquanto Raistlin é um mago com um corpo alquebrado e uma mente afiada, Caramon é um guerreiro poderoso mas incapaz de extrapolar situações. E, liderando o grupo, Tanis Halfelf, um meio-elfo (como seu nome implica), lutando para encontrar seu lugar no mundo enquanto precisa liderar os aventureiros adiante.

à esse grupo se juntam Goldmoon e Riverwind, bárbaros das planícies e portadores de um artefato que pode mudar o destino de Krynn.

Quase acidentalmente, o grupo acaba se tornando a única esperança contra as revoadas de dragões que ameaçam o continente, fugindo de amaças que não podem enfrentar e tentando encontrar um meio de combater o mal que avança sobre o mundo.

Sim, é uma trama extremamente maniqueísta, mas é justamente pelo fato de todos os personagens terem muitos tons de cinza, e não serem apenas arquétipos de heróis perfeitos o que torna a jornada deles tão interessante de acompanhar!

Ou, na verdade, o que me agradou no livro tenha sido justamente o fato de ser uma clássica história do bem contra o mal, com heróis lutando pelo que é certo, algo que, há algum tempo, eu não "lia".

Um livro divertido, bem escrito e interessante, principalmente nesses tempos em que os anti-heróis se tornaram tão populares.