segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Dialogando

Pois é, fim-de-ano, a leitura anda lenta, e a vida tentando voltar pros eixos. Além de estar com pouco tempo pra ler - na verdade, pouca energia; tem tanta coisa pra fazer que quando me sobra tempo eu só quero descansar a cabeça no travesseiro.

Além disso, estou lendo quatro livros ao mesmo tempo - não foi intencional, mas algo que simplesmente aconteceu. Não tenho idéia de quando vou terminar algum deles, nem quando vou conseguir resenhar um satisfatoriamente depois de seu término.

Então resolvi que, pra não deixar o blog parado por mais um tempo indeterminado - dezembro passou em brancas nuvens por aqui... - era hora de dizer alguma coisa ao meu público fiel (???). Mas daí tropecei num pequeno problema: falar sobre o que?

Não tenho nenhuma "postagem coringa" que as vezes me aparece, e não quero começar agora a falar de filmes aqui - apesar disso ter me dado uma excelente idéia, enquanto escrevo; vamos ver se amadurece - ou outros assuntos não relacionados à literatura, já que esse é o ponto focal do blog, acreditem se quiserem!

Então pensei comigo: o que eu gostaria de ler aleatoriamente nos blogs que costumo visitar? E a resposta veio bem fácil!

Listas!

Vou porpor algo sumariamente simples: vou deixar aqui uma lista de livros, com um pequeno adendo contendo regras, e espero que os leitores deixem em resposta uma lista também, considerando, é claro, as regras que eu estipularei adiante!

As quatro regras que vou impor são simples e fáceis de seguir:

1 - O livro deve ser um romance. Baseado em fatos reais ou não, e de qualquer estilo literário ao gosto do leitor, mas nada de livros de filosofia, livros técnicos ou teses - ele precisa conter uma história com início e meio (sim, ter fim ou não é opcional);

2 - O leitor precisa possuir o livro. Eu sei que muitas vezes nossos livros favoritos não estão mais conosco, então abrirei uma cláusala especial: O leitor precisa ter possuído o livro em questão. Ficam de fora livros emprestados ou de bibliotecas;

3 - O livro precisa ser amplamente recomendável. E essa é a regra mais importante! Não que ele seja recomendado pra qualquer um, mas ele precisa ter um motivo pra indicá-lo para os outros lerem! Não precisam ser listados esses motivos, só o nome do livro é suficiente - mas um mínimo de explicação seria apreciável. Assim não são necessariamente os seus livros favoritos que vigoram nessa lista, mas aqueles que tu acha que as outras pessoas do mundo deveriam ler!

4 - cinco livros. Nem mais, nem menos. Se tu leu menos de cinco livros que poderiam ser recomendados, tá na hora de expandir a biblioteca... Se tem mais, guarde pra uma segunda edição desse diálogo!

Então, vamos lá! Minha singela lista:

* Frankeinstein, o Prometeus moderno (Mary Shelley). O original ou sua revisão (perla própria Sheley). O original não é tão fácil de conseguir, e a versão revisada é melhor. Já falei sobre ele aqui no blog duas vezes, ao menos, e volto à indicar. É uma excelente história sobre a natureza humana que funciona lindamente na contemporaneidade. Além de ter uma das idéias mais originais sobre "monstros".

* O Verão do Lobo Vermelho (Morris West). Em momentos de desespero literário, já li algumas obras do West. Não gosto das histórias dele, mas a escrita é boa. Esse livro, no entanto, é - de acordo com o autor - bibliográfico. É bem diferente das histórias de tribunal dele, e o ritmo de escrita é bem tranquilo. É um livro que traz uma daquelas estranhas amizades com pessoas que não fazem sentido, mas que todos nós temos.

* Longe é um lugar que não existe (Richard Bach). Um conto-de-fadas contemporâneo, que nos lembra de coisas importantes. Lindo, simplesmente.

* O Anel dos Nibelungos (Saga nórdica). A versão em prosa. É uma dessas histórias universais. Pode não ser simples de ler, entender ou interpretar, já que não somos nórdicos nem estamos na idade média, mas ainda assim é uma história poderosa, mesmo que o leitor não perceba toda a simbologia escondida no livro.

* O Último Reino (Bernard Cornwell). O primeiro livro das Crônicas Saxônicas, mas que pode perfeitamente ser lido como uma história isolada - diferente dos outros. Cornwell é um excelente contador de histórias, e é o único escritor que eu já li que consegue passar a sensação de se estar em um combate. Não que eu tenha estado em muitos, mas me fez lembrar do frenesi controlado que acontece quando eu entrava em um tatame pra pelejar em um kumite. Pra além disso, é uma baita história!

Aí está minha pequena lista! Só espero ver algumas listas nos comentários, agora!

A sim: Devia ter uma imagem, certo? Pois é, não rolou, dessa vez. Acontece. Lamento se desapontei alguém.


5 comentários:

  1. OK! Achei legal a proposta. Vamos fazer uma busca mental de 5 títulos que eu recomendaria aos amigos.

    * Anabase, Xenophon (Xenofonte): A saga dos 10 mil mercenários gregos que, liderados por Ciro, chutam a porta da Persia e invadem o país para dar apoio ao equivalente da época a um golpe de estado. O general grego morre no primeiro combate, apesar da vitória, e a luta agora é refazer o caminho de volta para casa abrindo caminho a ferro e fogo. Xenofonte estava lá, lutou com os 10 mil e registrou a jornada. É um épico, a escrita é dinâmica e te prende até o fim. Chuta muitas bundas.

    * World War Z, Max Brooks (sem tradução, acho): Como o título sugere, é sobre apocalipse zumbi. Elevado ao épico. Mesmo se não houver interesse pelo gênero (hoje já meio surrado com uma quantidade incalculável de filmes, seriados e livros) a obra ainda é uma leitura muito divertida. Se bem me lembro, um jornalista resolve fazer uma compilação de causos de sobreviventes do holocausto zumbi (a World Way Z), então o livro na verdade possui uma boa coleção de histórias relativamente curtas. Nunca mais esqueci do causo do nerd que só percebeu que algo estava errado quando a energia do prédio caiu...

    * With the old Breed, E.B. Sledge (sem tradução, acho): Assim como Anabase, não se trata de um romance, mas de um relato em primeira mão. Ele tem início, meio e fim, como exige uma das regras, e conta a experiência de um marine americano na Guerra do Pacífico, durante a WW2. Já li muitos (mesmo) relatos de guerra, e esse foi o mais marcante de todos. Guerra, invariavelmente, é assunto recorrente na maioria dos romances que lemos, seja antiga, seja moderna. O horror, no entanto, nunca muda. O fedor dos corpos apodrecidos, misturado com o da merda causada pela ansiedade antes do combate; a visão de amigos feitos em pedaços; do ódio ao inimigo ao ponto em que se perde a noção de civilidade e o transforma em algo menos do que humano. A guerra não muda, ela é fedorenta e feia. Nobreza e glória só vem depois, quando contada por pessoas que nunca estiveram em uma. Merda e sangue, nada glorioso aí, e esse livro esfrega essa realidade na cara de quem tiver bolas para ler como poucas vezes já fizeram.

    * Martin Fierro, José Hernandez: OK, eu acho que tô manipulando as regras da coisa. Até o momento só listei um romance, e este livro que vou recomendar agora é uma poesia.... mas que pode ser lida como texto em prosa. É só imaginar algo como a Ilíada ou a Odisseia, de Homero, mas em versão bagual. A obra é considerada uma das mais importantes da literatura universal, apesar de ser praticamente desconhecida no Brasil. Pior ainda, é desconhecida no Rio Grande do Sul. Trata das andanças de um gaucho pela pampa argentina pelo inicio do sec XIX, lutando contra índios, peleando em bolichos, fugindo do exército... Os versos são bonitos e simétricos, mas exigem um pouco de concentração e um bom dicionário, ou uma versão bilíngue. Quem quiser ter uma idéia de como era a nossa região durante o período das guerras e revoluções, é baita dica.

    * Nos confins do mundo, Harry Thompson: O que dizer de um romance baseado nas aventuras marítimas de Darwin e do capitão FitzRoy? Meses sem fazer a barba cruzado os mares, visitando lugares inóspitos, fazendo contatos com populações isoladas e tendo os primeiros vislumbres sobre como o mundo se formou? Esse dispensa muitos comentários, eu gostaria de obrigar todo mundo a ler sob pena de uma surra de martelo em uma sala azulejada.

    Fazer uma lista é uma tarefa meio ingrata, ficam de fora vários títulos legais que eu sei que agradaria muita gente, mas ficam essas dicas do Tosco. Mantive fora o Bernard Corwell porque já foi citado, mas só por isso. Provavelmente o autor vivo mais interessante a escrever romances históricos. Tô mandando sem revisão, azar do pastel.

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    1. Achei ótimas as recomendações! Apesar de ter manipulado um pouco as regras, realmente, não necessariamente quebrou qualquer uma delas.

      Apesar de zumbis não serem assunto muito atranete pra mim e de relatos de guerras modernas me parecerem chatos, os outros três livros me interessaram. Não ter lido Martin fierro é uma dessas coisas que fazem a gente acordar pela manhã e sentir que falta algo na vida, mas eventualmente eu ponho as mãos nele.

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  2. Eu li o Frankeinstein um bom tempo atrás, achei bem legal. Anel dos Nibelungos li faz algum tempo, também, mas esse eu não lembro quase nada.

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    1. Frankeinstein é meu livro favorito, então sou um pouco suspeito pra elogiar. quanto ao Anel dos Nibelungos, é uma saga (literalmente) épica que, na minha opinião supera os épicos gregos. Muito mais interessante que Beowulf, também.

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  3. Alias, estou atras de uma obra dividida em dois livros: "Rios de Sangue" e "Cinzas do Sul" de Jose Antonio Severo. O sujeito não esconde o jogo e revela que foi inspirado pelo Bernard Cornwell para escrever romances históricos. Os livros são ambientados nas guerras do "conesul", com foco na região do Prata. Se alguém tiver alguma informação, manda bala.

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