quarta-feira, 13 de junho de 2012

Um Cântico para Leibowitz


Um Cântico para Leibowitz é um desses livros que depois que a gente lê, fica pensando nas motivações do homem.

Apesar de ter algumas partes muito bem-humoradas, particularmente no início, Walter M. Miller Junior tece nesse romance uma complexa reflexão envolvente sobre crença e avanço tecnológico.

O livro gira, em suas três partes, em torno de um cenário passado num futuro onde a humanidade quase destruiu a sí própria em uma catástrofe nuclear.

Criando uma pantomima da história humana, a primeira parte, Fiat Homo, narra uma época em que a ignorância e o medo supersticioso são a lei, e o pouco conhecimento é mantido pela Igreja, que no entanto desconhece seu real significado. Uma interessante visão sobre a o quanto a fé precisa da ignorância para se manter.

Adiante, na segunda parte do livro, intitulada Fiat Lux, passamos por outras "versões" da nossa história, com uma visitação à um momento onde o conhecimento tecnológico torna-se uma meta, e a superstição, apesar de ainda estar presente, não é mais tão repressiva quanto as questões do estado e da busca pelo conhecimento.

Finalmente, em Fiat Voluntas Tua, o livro termina com uma visão de um futuro que vai além da nossa contemporaneidade, numa extrapolação possível sobre o nosso próprio futuro próximo, em um cenário onde os humanos atingem as estrelas mas ainda são incapazes de lidar consigo mesmos de modo coerente.

Num ciclo de destruição e renascimento, o livro cria uma visão pessimista sobre como o homem é incapaz de controlar seu impulso destrutivo, depois de controlar o mundo ao seu redor. Será que uma ignorância pacífica seria uma alternativa melhor à esse conhecimento devorador?

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