segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Death's End


Terceira e última parte da trilogia Remebrance of Earth's Past, do autor chinês Liu Cixin. Enquanto o primeiro livro me deixou bastante curioso com as premissas, o segundo volume me desapontou consideravelmente pelo estilo simplista e com as idéias meio descabidas. Eu levei meses para ler o segundo volume depois de ter terminado o primeiro devido à complexidade apresentada, mas ao terminar o segundo eu não tive quase nada pra digerir e fquei honestamente desapontado - e só ouvi o terceiro volume porque ele fecha a trilogia. 

E que fechamento! 

Cixin volta ao seu sistema de narrativa não linear, com os capítulos do livro em ordem cronológica de acontecimentos entrecordados por "Exertos de um passado fora do tempo", onde um narrador onisciente nos conta sobre eventos importantes que levam - ou levaram - à decisões acontecidas no último capítulo ou que irão acontecer no próximo. É um sistema narrativo extremamente bem conduzido e imensamente intrigante - afinal, de onde esses exertos realmente estão vindo? 

A narrativa do livro se extende por algumas centenas de anos, ao longo de quatro eras distintas, cada uma iniciada a partir de um acontecimento extraordinário - de modo semelhante ao que acontece no segundo livro, onde a "era da Crise" começou quando se descobriu a vinda dos Trissolarianos na direção da terra. De fato, a narrativa de Death's Ende se inicia antes dos acontecimentos finais do segundo livro, e a trama se passa em boa parte paralelamente à acontecimentos já narrados, mas por um outro ponto-de-vista. 

A narrativa se aproveitra desse paralelismo para acelerar a narrativa, já que não precisa ficar explicando pormenores sobre a trama - que já foram explicados nos livros anteriores - e os "exertos" fazem o trabalho de explicar qualquer outra coisa necessária além disso. Essas duas ferramentas fazem com que o ritmo do livro seja muito mais rápido do que seus antecessores, e os acontecimentos são tão rápidos que as vezes é difícil de acompanhar a mudança de cenário. Isso não chega a ser um problema, realmente, pelo menos até os últimos capítulos do livro, cuja velocidade alucinante parece fazer a obra corrida e de certa maneira apressada, como se Cixin tivesse cansado de escrever e só quisesse terminar logo o livro. 

Não que o final seja ruim. Longe disso. Tem ótimas idéias - e outras um tanto estapafúrdias, pra ser honesto - e é um pouco rápido e confuso, mas termina o livro (e a trilogia como um todo) de maneira eficiente. 

Agora, eu não sei se realmente recomendo a leitura dessa obra. Os três livros tem estilos bastante diferentes, ritmos totalmente inconsistentes e a própria narrativa segue lógicas distintas. O segundo livro, em particular, é cansativo (honestamente: chato) e não apresenta nada de realmente interessante. Eu diria, na verdade, que ele é bastante desnecessário, e só o primeiro e o último são realmente interessantes, apesar do final corrido. Não sei se a trilogia realmente manteria a coerência se o segundo livro fosse totalmente ignorado, mas honestamente creio que sim. Minha sugestão então seria: Leia o primeiro e o terceiro livros, e esqueça o segundo. 

No final, não sei se realmente gostei da trilogia. Tem algumas excelentes idéias, mas a narrativa é bastante alienígena e o estilo/ritmo muito mutáveis mesmo dentro de um mesmo livro. Para aqueles que já leram todos os clássicos da ficção científica - ou que apreciam o estilo oriental de narrativa - é uma leitura interessante, suponho. Mas no geral, não é uma obra que eu realmente recomendaria. 


***REVELAÇÕES SOBRE A TRAMA ADIANTE! ***


Diferente dos livros anteriores - que se passam em uma ou duas eras diferentes, separadas por acontecimentos extraordnários - esse livro se passa em quatro eras diferentes, cada uma delas menos duradoura que a outra, com mudanças estruturais e sociais extremamente profundas que parecem não se desenvolver de modo orgânico, ao meu ver. A humanidade se modifica muito para se adaptar a cada uma dessas novas eras, e tudo gira ao redor das descobertas sobre a natureza do universo, de uma forma meio forçada. 

Quase todos os eventos importantes parecem sofrer de um efeito "deus ex machina" constante, em que o autor precisava de uma nova mudança de paradigma para levar a trama adiante, e força a mão para que essas mudanças ocorra. Além disso, o romance bizarro e não resolvido do livro me deixou com uma sensação de "pra que?". Sim, ele faz a trama ir adiante, mas o final do livro, com os pulos de literalmente bilhões de anos no tempo, e os desencontros que pareceram, mais uma vez, forçados, me incomodaram sobremaneira. O livro termina bem, com explicações sobre eventos inexplicados ao longo do resto da trama, mas definitivamente não foi tão satisfatório como poderia - embora eu tenha que admitir que a dimensão de bolso com as informações que aparecem nos "Exertos de um passado fora do tempo" tenha sido uma idéia genial. 

Definitivamente o primeiro livro criou uma premissa e uma expectativa que não foi saciada pelo segundo e terceiro volumes. Uma pena. 

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