domingo, 18 de janeiro de 2015

Caçando Carneiros

Esses tempos minha mãe foi à livraria comprar um livro pra dar de presente, e, assim como eu, não conseguiu se controlar e acabou comprando livros pra ela também. Ela chegou a me ligar pra perguntar se eu tinha sugestões, mas eu admito que naquele momento eu estava enfiado no trabalho e minha cabeça estava completamente em branco pra sugestões. Ela acabou comprando um livro de um tal Haruki Murakami, depois de uma pesquisa na internet - ah, as maravilhas do mundo moderno... Depois de ler o tal livro, ela me emprestou, dizendo que era bem divertido. Eu não tenho muito apreço pela cultura japonesa contemporânea, como mangás e animes (principalmente porque detesto otakus, mas isso já é outra conversa), e desconfiei que não ia morrer de amores por literatura japonesa. Mas, como eu já li vários livros sobre o Japão ou cultura japonesa escritos por ocidentais, achei que podia dar uma chance pros autores amarelos - além do mais o livro não era muito volumoso, o que foi bastante encorajador.

Caçando Carneiros é uma narrativa niilista com uma boa dose de surrealismo, que gira em torno de uma caçada à um carneiro misterioso, como o título sugere. Há muitas objetificações, um pouco de fetichismo e um mercantilismo duro e frio e o livro é marcado por uma impessoalidade marcante - os personagens do livro não possuem nomes, por exemplo; alguns têm apelidos, como "Rato" ou "J", e outros ganham nomenclaturas de acordo com suas funções, como "o chefe" ou o "doutor carneiro". As relações dos personagens entre sí é bastante vazia e o autor faz um grande esforço em trazer exemplos de outras pessoas cuja vida aparentemente não tem sentido  (algumas das quais não fazem diferença alguma para a trama, como a Garota que Dormia com Qualquer Um).

Quero crer que essas características sejam uma espécie de crítica à sociedade japonesa contemporânea, mas não tive o entusiasmo pra fazer uma pesquisa sobre o assunto.

Achei o livro extremamente lento e arrastado, com mutos capítulos que aparentemente não possuem nenhum sentido prático exceto por criar um clima ainda mais desolador ao livro. Eu, como apreciador de boas tramas, objetividade, concisão e idéias inteligentes, achei o livro extremamente lento, enfadonho e, honestamente, sem sentido. O final tem o mesmo tom niilista supracitado, com um desfecho scooby-doo - em que tudo podia ter sido resolvido de outra forma, mais rápida e limpa, mas por um motivo totalmente inexplicável nossos homens de negócios, objetivos e concisos durante todo  o livro, resolveram fazer as coisas do modo mais demorado, confiando em um estranho pra fazer algo sumamente importante "porque sim". Vai contra a lógica da natureza dos personagens como um todo, além de jogar um balde de água fria nas expectativas do leitor, porque dá uma explicação que não convence e deixa em aberto o destino da maioria dos personagens.

Um ótimo livro pra depressivos chegarem às vias de fato. E talvez para japoneses.

Mas Caçando Carneiros foi um livro que comprovou o meu desgosto pelo modo de vida japonês contemporâneo e por aqueilo que eles produzem. foi, definitivamente, uma confirmação para minha convicção de que não há vida inteligente no Japão - não o que eu considero vida inteligente, pelo menos.

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