sábado, 20 de dezembro de 2014

À Sombra do Açoita-Cavalo

Primeiro, um rápido esclarecimento: Açoita-cavalo é o nome de uma arvore nativa da América do Sul, que, aparentemente, inspirou o nome de um lugarejo -  que o autor menciona como o 4º distrito de Pelotas, mas eu não consegui confirmar. Então, não, nada de sadismos com animais nesse livro.

Na realidade, este é um livro de memórias, ou antes pequenos contos de memória, da época da infância e adolescência no tal distrito do Açoita-Cavalo do autor, em sua maioria. Alguns dos contos são de memórias mais recentes mas em torno de acontecimentos com outras pessoas do Açoita-Cavalo, e ainda há alguns contos que foram repassados ao autor por terceiros.

De fato, o livro não é mais do que um conjunto de contos bastante tópicos daqueles que se contam entre amigos, num churrasco, com um rápido desenvolvimento explicando o lugar/situação/pessoas envolvidas e terminado em algum tipo de chiste jocoso ou anedota no final - incluindo a famosa anedota do "o médico mandou eu cortar a janta e comer a véia". Uma fórmula muito apreciada em rodas de amigos e que provavelmente vêm funcionando há muitos anos em encontros sociais.

Mas infelizmente, essa fórmula não funciona tão bem quando nos é narrada em livro, quer me parecer. Não que o autor não seja eficiente, muito antes pelo contrário, a sua concisão e a escolha certeira de tempo e expressões é notável. No entanto, para qualquer um que não conhece o autor, falta uma parte muito importante desse tipo de narrativa, que é, justamente, o narrador. É impossível se envolver no conto quando tu não conhece o autor nem faz idéia de como ele narraria, quais os trejeitos. Não há um fator essencial desse tipo de narrativa que é a emoção.

Ainda assim, o livro é bem escrito, e alguns contos me arrancaram risadas. Mas a maioria, infelizmente, não e causou reação alguma. Acredito que seria bastante interessante sentar com o senhor Pierobon e escuta-lo contar essas memórias pessoalmente, tomando um chimarrão ou um café e pitando um cachimbo. Mas de forma escrita, por mais que eu adore literatura e goste muito de "causos" e das histórias locais, essa fórmula simplesmente não funciona pra mim. Uma pena.

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