quarta-feira, 23 de julho de 2014

Os Vikings

Esse pequeno livro de bolso com 140 páginas e letras graúdas conta a história de um tal Turgésio que aportou em costa Irlandesa onde, posteriormente, se ergueria Dublin - capital daquele país - e ali cometeu as barbaridades vikings usuais.

De fato, o tal Turgesius, ou Turgeis, Tuirgeis, Turges ou talvez ainda Thorgest - ou mesmo Thurgestr ou Thorgísl - não se sabe bem seu nome, foi um earl viking responsável pela fundação de Dublin e Drogheda. A história narrada nesse pequeno livro trata-se, aparentemente, de uma versão da Cogad Gáedel re Gallaib (ou "a guerra dos irlandeses contra os forasteiros"), um texto irlandês datado do século 12 que fala das batalhas dos povos do país contra invasores estrangeiros, principalmente vikings.

De fato, a pequena história contida nesse livro é uma dessas invasóes à costa irlandesa por viking. Há algumas questões divertidas à respeito dessa história que me agradaram bastante. Há um pequeno mistério no meio da tal invasão, o que achei bastante curioso de encontrar em uma história sobre vikings, que geralmente giram ao redor de grandes feitos de bravura, guerras e mortandade. O tal Manuel Vallvé, o autor original - não consegui descobrir sua nacionalidade, nem datas de nascimento ou morte, se é que o cara já morreu mesmo - se interessou em descrever mais questões políticas e desenvolver o tal mistério supracitado do que falar da crueldade dos vikings. Alias, ele retrata os nóricos aqui com bastante brandura em relação à outros autores que já lí. Apesar de repetidamente chamá-los de bárbaros, e até mostrar alguns atos de crueldade por parte dos nórdicos, ele retrata Thurgestr como um guerreiro bravo, honrado e devotado.

Devotado à pilhagem e à expansão, é verdade, mas ainda assim, bastante fiel à esses princípios.

A capa, é claro, não podia deixar de ser um desses exuberantes exemplos da arte literária da década de 70. A edição que eu tenho não tem uma data, mas olhem essa capa! Tem como não ser da década de 70? Ao menos o ilustrador - que também não foi creditado - representou os dois personagens principais do livro com maestria: Ota, uma bela e alta nórdica loura e linda como só as ancestrais da Gisele Bündchen podem ser, e Thurgestr com seu elmo de chifres - sim, no livro, ele tem um elmo de chifres. Valeu, Wagner! - em seu skuta saído diretamente de uma viagem através da Bifrost. Lindo!

Enfim!

140 páginas sobre um pequeno acontecimento incomum em uma invasão bárbara são sempre algo de enobrecedor de se ler. A narrativa é obviamente rápida e não se prende grandemente à detalhes, mas ainda assim consegue criar uma atmosfera razoável para a trama. Desconsiderando os chifres do Thurgestr é um bom livro pra quem tiver uma horinha de tempo ocioso à disposição.

Em tempo: Enquanto ele descreve o Thurgestr, ele diz que o sujeito usa um bracelete de ouro, o que vai de encontro com a tradição dos nórdicos. Agora, considerando as narrativas do Corwell sobre o assunto, é exatamente o contrário! Braceletes eram uma especie de "medalha de reconhecimento" entre os nórdicos, e um Earl, como o nosso protagonista, não devia usar só um, mas vários! E seus homens, alias, provavelmente também usavam alguns, afinal ele não ia viajar com um bando de marujos verdes pra uma invasão numa costa desconhecida! É claro que existem outras discrepâncias históricas, mas essa, em particular, me deixou meio incomodado - assim como o tal elmo de chifres...

2 comentários:

  1. Sim e meu pai acabou me dando este nome justamente pq nasci na mesma época em que ele tava lendo o livro, sou de 1982, então seu palpite do livro ser uma edição de 1970 não está errada.

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    1. Ora, uma pequena história saída deste pequeno livro! É sempre interessante saber de coisas como essa! Não sei se tens sangue irlandês ou viking, mas felicite seu pai pela homenagem histórica, independente disso!

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