Comprei esse livro por influência de um amigo, que me disse que estava interessado em ler um dos contos que consta no livro, já que conhece o autor de alguma dessas encruzilhadas digitais. Sim, um amigo interesseiro e pobre, mas eu gosto dele! ^_^
De qualquer forma, eu adoro livros de contos, e fantasia é meu segundo tipo de literatura favorita, depois de ficção científica. Além disso, é um livro nacional, de uma editora gaúcha, o que certamente foi um emnpurrão a mais pra me levar a comprar o tal livro.
É um livrinho de bolso, com 230 páginas, e custou bem barato, na verdade.
Bom, como eu disse, é um livro nacional, de contos. Cada conto é de um autor diferente - o livro inclui também uma tradução de uma das primeiras versões de Bela Adormecida, que pra mim não faz sentido nenhum dentro de um livro só de autores nacionais, mas vai saber o que passa na cabeça dessa gente... Tem uns caras com uns nomes interessantes no livro, que já me deixaram meio preocupado. O organizador do livro se chama Tiago Lobo. Apesar de Lobo ser um sobrenome possível, eu conheço dois caras que se chamam "lobo" e não são Lobo. A capa - que eu achei bem fraca, diga-se de passagem - que é de uma tal Úrsula Dorada. Ela deve ter ouvido muitos comentários relativos a série do Phillip Pullman. Sendo brasileira, fiquei inclinado a acreditar que é um pseudônimo, ou uma piada infeliz dos pais da pessoa. Tem um Raphael Draccon no livro, também, que suspeito ser "nome artístico". O cara deve se chamar Rafael da Silva, provavelmente. Mas vai saber? Nersse Brasil de Meu Deus de repente eu tou errado, e essa gente tem mesmo esses nomes estranhos.
Mas enfim! Estou derivando do assunto, que é o livro em si.
São ao todo 15 contos, mais a - deslocada - tradução de Branca de Neve, quase todos com um teor de fantasia bem ao estilo Tormenta de ser (com a notável exceção do primeiro conto). Sim, isso é um insulto. A maioria dos contos é simplesmente ruim. Li o livro todo tendo a impressão de estar revirando gavetas com idéias descartadas de autores que entraram no ostracismo. São, em sua maioria, simplistas, rasos e sem absolutamente nada de novo. As narrativas não são empolgantes, as tramas são batidas e a maioria das idéias me fez revirar os olhos na primeira páginas. Cálculo da Criação tem uma idéia interessante, infelizmente jogada no liso por uma narrativa ruim e uma conclusão pobre. Uma Guerra e Três Traições tem uma narrativa decente, mas a trama é fraca e o conto termina com o autor praticamente dizendo "olha como é foda esse meu PDM, gente!" O Filho do Açougueiro parece bom nas primeiras duas páginas, depois fica lento e vira mais uma história com a moral à Lá Happy Feet do "diferente que faz a diferença". Os outros contos simplesmente não valem uma linha do meu tempo.
É um livro ruim, como um todo, caótico em termos do que vamos encontrar - No Prado, a história que abre o livro, é uma mistura de fantasia urbana com inspiração em Lewis Carol, que simplesmente destoa de todo o resto do livro. A maioria dos outros contos é basicamente literatura de fanzine de RPG na maioria das partes, com autores obviamente usando seus cenários pra contar alguma coisa que eles acham interessantes, e alguns outros contos que simplesmente recauchutam idéias clássicas, abertamente ou não - icluindo os Mithos e As Mil e Uma Noites.
Queria ter alguma coisa boa pra dizer do livro, mas infelizmente, não tenho. É uma honesta perda de tempo.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Livro das Bestas
Primeiramente, gostaria de deixar claro que por Bestas entenda-se animais, e não pessoas imbecís. É importante manter isso em mente - quando eu peguei o livro pela primeira vez, foi mais porque achei que era alguma livro de humor, pra ser sincero.
Segundo, fica aqui meu descontentamento com a tradução de nomes. O autor do livro é um tal Lúlio, cujo primeiro nome é Raimundo. Possivelmente algum nordestino, foi o que pensei num primeiro momento. Sim, foi um pensamento bastante preconceituoso, mas foi o meu primeiro pensamento, de fato. Meu cérebro tem uma grande tendência ao preconceito.
Mas seguindo adiante: Quando li a apresentação, vi que o livro tinha sido escrito em 1286. Hum... Não haviam nordestinos chamados Raimundo, nessa época. Talvez Porãs ou Tupinambás, mas certamente, não Raimundos. Ok, então não foi um nordestino quem escreveu o livro.
Seguindo adiante, em Vida do Autor, descobri que na verdade, o autor se chamava Ramon Llull. Pois é. Um catalão do século XIII que, graças à uma estranha mania dos brasileiros de traduzir nomes, acabou ficando com o nome de um nordestino genérico. Não consigo entender a razão pra isso, mas deve haver alguma. Ou não.
Sobre o livro em si - que tem só noventa páginas, mas que tem um terço de introduções (são quatro, no total) e a história, em sí, ocupa apenas 60 páginas. Em formato A5. Pois é, acho que ia ser feio publicar um livro de pensamento medieval com somente sessenta e quatro páginas. Em A5, quero reforçar.
Bom, mas então, do que trata o livro, em suas minguadas sessenta páginas? Ora, é uma espécie de manual de boa conduta para governantes, parte de um livro maior (chamado de "livro das maravilhas") cujo caráter não fica explicito nesse livro. O capítulo das Bestas é basicamente uma narrativa sobre a eleição e o início do reinado de um leão em um determinado reino, que abusa de fábulas para exemplificar cada ação dos animais durante o reinado do tal leão. Aparentemente a única maneira de se considerar um argumento válido, para o autor, é criar - ou aproveitar de outra fonte - uma alegoria que faça seus interlocutores refletirem sobre o assunto. Algumas são bem interessantes, mas a maioria é chata e, devo admitir, lá pela metade do livro, toda vez que uma frase começava com "-Aconteceu que, em tal lugar..." eu já revirava os olhos em espasmos incontroláveis. Isso me fez levar quase uma semana pra ler um livreco de sessenta páginas.
É claro que, em se tratando de um livro do século XIII, a moral cristã é o condutor do livro, e nada acontece sem o desejo do deus católico. Vencem batalhas aqueles que são mais tementes à ele (e, claro, todos o são, ou nem apareceriam no livro) e só nos seus ensinamentos se consegue sabedoria. Esse foi um outro motivo que me fez considerar a leitura extremamente penosa - e ajudou na demora pra terminar as tais 60 páginas. Em A5.
É importante observar que comprei esse livro porque, na enganosa introdução (uma delas...) lê-se: "exemplo notável da tradição de bestiários medievais, o Livro das Bestas faz parte de uma obra maior de título Félix, ou Livro das Maravilhas." Obviamente, eu esperava algo como uma versão medieval do Livro dos Seres Imaginários, do Jorge Luis Borges (alias, tenho que reler e resenhar esse livro!). Uma lamentável interpretação errada do que a introdução queria dizer.
O livro não é de todo inútil. Tem algumas notas de pé de página interessantes sobre a cultura catalã medieval, e isso é sempre interessante. Mas fica aqui minha dica: se for ler esse livro, fique só nas notas de pé de página.
Segundo, fica aqui meu descontentamento com a tradução de nomes. O autor do livro é um tal Lúlio, cujo primeiro nome é Raimundo. Possivelmente algum nordestino, foi o que pensei num primeiro momento. Sim, foi um pensamento bastante preconceituoso, mas foi o meu primeiro pensamento, de fato. Meu cérebro tem uma grande tendência ao preconceito.
Mas seguindo adiante: Quando li a apresentação, vi que o livro tinha sido escrito em 1286. Hum... Não haviam nordestinos chamados Raimundo, nessa época. Talvez Porãs ou Tupinambás, mas certamente, não Raimundos. Ok, então não foi um nordestino quem escreveu o livro.
Seguindo adiante, em Vida do Autor, descobri que na verdade, o autor se chamava Ramon Llull. Pois é. Um catalão do século XIII que, graças à uma estranha mania dos brasileiros de traduzir nomes, acabou ficando com o nome de um nordestino genérico. Não consigo entender a razão pra isso, mas deve haver alguma. Ou não.
Sobre o livro em si - que tem só noventa páginas, mas que tem um terço de introduções (são quatro, no total) e a história, em sí, ocupa apenas 60 páginas. Em formato A5. Pois é, acho que ia ser feio publicar um livro de pensamento medieval com somente sessenta e quatro páginas. Em A5, quero reforçar.
Bom, mas então, do que trata o livro, em suas minguadas sessenta páginas? Ora, é uma espécie de manual de boa conduta para governantes, parte de um livro maior (chamado de "livro das maravilhas") cujo caráter não fica explicito nesse livro. O capítulo das Bestas é basicamente uma narrativa sobre a eleição e o início do reinado de um leão em um determinado reino, que abusa de fábulas para exemplificar cada ação dos animais durante o reinado do tal leão. Aparentemente a única maneira de se considerar um argumento válido, para o autor, é criar - ou aproveitar de outra fonte - uma alegoria que faça seus interlocutores refletirem sobre o assunto. Algumas são bem interessantes, mas a maioria é chata e, devo admitir, lá pela metade do livro, toda vez que uma frase começava com "-Aconteceu que, em tal lugar..." eu já revirava os olhos em espasmos incontroláveis. Isso me fez levar quase uma semana pra ler um livreco de sessenta páginas.
É claro que, em se tratando de um livro do século XIII, a moral cristã é o condutor do livro, e nada acontece sem o desejo do deus católico. Vencem batalhas aqueles que são mais tementes à ele (e, claro, todos o são, ou nem apareceriam no livro) e só nos seus ensinamentos se consegue sabedoria. Esse foi um outro motivo que me fez considerar a leitura extremamente penosa - e ajudou na demora pra terminar as tais 60 páginas. Em A5.
É importante observar que comprei esse livro porque, na enganosa introdução (uma delas...) lê-se: "exemplo notável da tradição de bestiários medievais, o Livro das Bestas faz parte de uma obra maior de título Félix, ou Livro das Maravilhas." Obviamente, eu esperava algo como uma versão medieval do Livro dos Seres Imaginários, do Jorge Luis Borges (alias, tenho que reler e resenhar esse livro!). Uma lamentável interpretação errada do que a introdução queria dizer.
O livro não é de todo inútil. Tem algumas notas de pé de página interessantes sobre a cultura catalã medieval, e isso é sempre interessante. Mas fica aqui minha dica: se for ler esse livro, fique só nas notas de pé de página.
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quinta-feira, 5 de junho de 2014
Júpiter à Venda
Esse é um interessante livro de "contos rejeitados" do senhor Asimov, publicados entre 1950 e 1973. Há várias questões interessantes sobre o livro, que por sí só já tornam a leitura válida. Primeiro, cada conto vêm acompanhado de um pequeno comentário sobre o que se passava na vida do autor na época em que o conto foi escrito - as vezes, inclusive, o motivo pelo qual o conto foi escrito ou o "gatilho" pro conto. É um divertimento à parte ler as motivações que fizeram o sujeito escrever o livro, como agradar uma mulher bonita ou ser enganado por um editor inspirado.
Além disso, os contos ali contidos são todo "lado B". São contos que ou foram inclusos em edições extintas e de pequena tiragem ou que foram inicialmente rejeitados pelos editores - o que as vezes também inclui divertidas situações através dos quais o conto acabou sendo editado , como no caso de 2430 D.C., cuja versão inicial foi rejeitada, e então Asimov fez uma segunda versão. quando enviou a segunda versão para o editor, este acabou preferindo publicar a primeira, e Asimov nunca descobriu se a segunda versão era tão ruim que fez a primeira parecer boa ou se os editores tinham na verdade simplesmente mudado de opinião sobre a primeira versão da história e não sabiam como contar pra ele.
Obviamente, conhecer um pouco mais das circunstâncias em que a história foi concebida é algo que humaniza bastante o autor. Além do fato de que o Asimov tem uma produção muito maior do que eu imaginava - algumas vezes ele nos conta quantos livros e contos ele escreveu no período entre um conto e outro que estão no livro - ainda descobri que o professor Asimov escreveu muitos livros de não-ficção, sobre biologia e medicina, coisa que me era completamente desconhecida até ler esse livro! Eu sempre achei que ele era "só" um excelente escritor de sci-fi, mas não, o cara foi professor e publicou um monte de livros pra popularizar biologia (ou direcionados para público acadêmico).
É claro que alguns podem se perguntar se, além de conhecer um pouco mais do senhor Asimov, o livro tem alguma coisa interessante - afinal, são contos que não atingiram grande popularidade.
Bem, eu posso garantir que gostei bastante de todos os contos, e que, embora alguns deles sejam muito curtos ou particularmente crus (principalmente os primeiros, obviamente), há muitas boas histórias nesse livro. "pobres imbecís" é provavelmente a história mais genial do livro, pelo aspecto de reflexão que ela proporciona. Tem duas páginas, apenas, e apesar de um erro terrível do tradutor (que me fez perder algum tempo tentando entender o segundo parágrafo da história*). "Uma Estátua para papai" é uma das coisas mais inesperadas que eu já li. Minha história favorita do livro é, em conjuto com essas duas, "Tiotimolina para as estrelas", provavelmente pela quantidade de idéias que ela me proporcionou. A história que dá nome ao livro também é muito bem construída, e eu definitivamente não esperava pelo final.
Então, sim, vale muito a pena ler esse livro de "contos rejeitados" do senhor Asimov! Recomendo fortemente a leitura!
*o paragrafo em questão, para aqueles que forem ler o livro, é o seguinte: "Segurava o grande livro que continha a lista das numerosas corridas através das galáxias, as quais haviam desenvolvido a inteligência e o livro, muito menor, que arrolava as raças que haviam atingido a maturidade e se classificado para a Federação Galáctica." Além da pontuação que nos faz pensar que as tais corridas que desenvolveram inteligência escreveram o livro menor (que não é o caso, como se verifica adiante no livro), fiquei me perguntando como diabos corridas adquirem inteligência, até me dar conta que a palavra original devia ser "races". Agora, porque o cara traduziu "races" para "corridas" na primeira oração, e depois pra "raças" na segunda oração, nunca vou entender...
Além disso, os contos ali contidos são todo "lado B". São contos que ou foram inclusos em edições extintas e de pequena tiragem ou que foram inicialmente rejeitados pelos editores - o que as vezes também inclui divertidas situações através dos quais o conto acabou sendo editado , como no caso de 2430 D.C., cuja versão inicial foi rejeitada, e então Asimov fez uma segunda versão. quando enviou a segunda versão para o editor, este acabou preferindo publicar a primeira, e Asimov nunca descobriu se a segunda versão era tão ruim que fez a primeira parecer boa ou se os editores tinham na verdade simplesmente mudado de opinião sobre a primeira versão da história e não sabiam como contar pra ele.
Obviamente, conhecer um pouco mais das circunstâncias em que a história foi concebida é algo que humaniza bastante o autor. Além do fato de que o Asimov tem uma produção muito maior do que eu imaginava - algumas vezes ele nos conta quantos livros e contos ele escreveu no período entre um conto e outro que estão no livro - ainda descobri que o professor Asimov escreveu muitos livros de não-ficção, sobre biologia e medicina, coisa que me era completamente desconhecida até ler esse livro! Eu sempre achei que ele era "só" um excelente escritor de sci-fi, mas não, o cara foi professor e publicou um monte de livros pra popularizar biologia (ou direcionados para público acadêmico).
É claro que alguns podem se perguntar se, além de conhecer um pouco mais do senhor Asimov, o livro tem alguma coisa interessante - afinal, são contos que não atingiram grande popularidade.
Bem, eu posso garantir que gostei bastante de todos os contos, e que, embora alguns deles sejam muito curtos ou particularmente crus (principalmente os primeiros, obviamente), há muitas boas histórias nesse livro. "pobres imbecís" é provavelmente a história mais genial do livro, pelo aspecto de reflexão que ela proporciona. Tem duas páginas, apenas, e apesar de um erro terrível do tradutor (que me fez perder algum tempo tentando entender o segundo parágrafo da história*). "Uma Estátua para papai" é uma das coisas mais inesperadas que eu já li. Minha história favorita do livro é, em conjuto com essas duas, "Tiotimolina para as estrelas", provavelmente pela quantidade de idéias que ela me proporcionou. A história que dá nome ao livro também é muito bem construída, e eu definitivamente não esperava pelo final.
Então, sim, vale muito a pena ler esse livro de "contos rejeitados" do senhor Asimov! Recomendo fortemente a leitura!
*o paragrafo em questão, para aqueles que forem ler o livro, é o seguinte: "Segurava o grande livro que continha a lista das numerosas corridas através das galáxias, as quais haviam desenvolvido a inteligência e o livro, muito menor, que arrolava as raças que haviam atingido a maturidade e se classificado para a Federação Galáctica." Além da pontuação que nos faz pensar que as tais corridas que desenvolveram inteligência escreveram o livro menor (que não é o caso, como se verifica adiante no livro), fiquei me perguntando como diabos corridas adquirem inteligência, até me dar conta que a palavra original devia ser "races". Agora, porque o cara traduziu "races" para "corridas" na primeira oração, e depois pra "raças" na segunda oração, nunca vou entender...
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