segunda-feira, 17 de setembro de 2012

As Sete Faces do Dr. Lao

Esse foi um daqueles livros que eu comprei simplesmente pela curiosidade. Imagino que todos conheçam o filme, tendo visto ou não. É um clássico, não há duvidas. E tendo assistindo ainda guri, pela primeira vez, é também um dos filmes que se amontoa como parte do meus imaginário mais primitivo.

Assim, levado pela curiosidade de leitor e empurrado pela memória de criança, comprei o livro.

E que decisão feliz! Charles Finney escreveu uma obra definitivamente singular, com começo, meio e catálogo. Não, o livro não tem um fim, propriamente dito; simplesmente acaba - o que é uma concepção completamente diferente - muito como um circo, penso eu. Recolhe a lona principal, recoloca os animais nas jaulas e segue viagem.

O cenário é uma típica cidade americana fictícia de nome inventado, meio isolada no oeste americano da década de vinte, onde chega - sabe-se lá como ou porque - um circo sem nome, comandando por um chinês que atende pelo nome de dr. Lao.

Os personagens são a mais inusitada mistura dos clássicos cidadãos americanos medíocres de uma cidadezinha isolada de nome inventado com animais fantásticos saídos de várias mitologias e lendas diferentes. O mais estranho é o modo como eles simplesmente não entram em conflito em termos de paradigma. Eles estão todos lá, e tu fica esperando que alguma coisa aconteça com a mistura, mas ela simplesmente se mantém estável, de uma maneira absolutamente desconcertante.

Chego a ver o jovem Stephen King lendo esse livro numa tarde poeirenta de verão, e tendo seu cérebro irrevogavelmente pirografado com a descrição de Abalone e seus habitantes singularmente comuns, que habitariam pra sempre a sua Castle Rock e lhe daria aquele ar sonolento de cidade perdida no tempo.

Sem muita lógica, o livro vai se desenrolando de maneira mais ou menos ordenada até que abruptamente, acaba. Ou não. Há ainda um estranho, disfuncional e terrivelmente interessante catálogo no final, que inclui um desfile de todos os personagens, além de algumas coisinhas inusitadas - e que eu não encontrei mesmo depois de reler o livro! - e tópicos absolutamente interessantes em sua inutilidade, como o material do qual são feitas as estatuetas e símbolos do livro, e ainda algumas perguntas e detalhes obscuros que despontam durante a leitura - e não, o catálogo não contém as respostas...

Enfim!

The Circus of Dr. Lao é uma obra de fantasia sobrenatural com algum humor, suspense e erotismo, sem muita lógica e certamente sem nenhum tipo de moral.

Definitivamente, um livro à ser recomendado!

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