sexta-feira, 10 de agosto de 2012

uma pequena discussão sobre feminismo


Estive pensado muito sobre essa coisa de machismo e feminismo esses tempos, graças à uma experiência um tanto quanto desagradável pela qual passei.

Eu sempre me considerei um feminista. Anos atrás, eu era um "matriarcalista"; acreditava que as mulheres eram realmente melhores do que os homens. Depois passei a me considerar realmente um feminista, no sentido contemporâneo da palavra - que não faz nenhum sentido... - e descobri que na verdade carater, valor, sentimentos independem totalmente de gênero.

Vou dar uma paradinha nessa questão de nomenclatura, coisa rápida. Porque, exatamente, feminismo significa igualdade entre os gêneros, enquanto machismo significa superioridade do gênero masculino? Isso me parece um tanto quanto... preconceituoso! Não deveria ser "Generalista" ou algo assim? Mas ok, nomenclaturas. Num mundo eurocentrista e machista, até faz algum sentido a nomenclatura do "movimento" ou "sentimento", sei lá, de igualdade dos gêneros ser essa, mas ainda assim, por algum motivo, não gosto muito.

Enfim! De volta ao tópico!

Ser um homem feminista é um inferno... As mulheres não acreditam que esse fenômeno seja possível, e usam argumentos como, por exemplo:
a) tu tá mentindo pra parecer legal/pra pegar mais mulher;
b) teus conceitos sobre feminismo são equivocados, porque tu é um homem;
c) apesar de tu achar que é feminista, na verdade tu não é (!!!);
d) tu é um machista que se disfarça de feminista pelo conforto (WTF?!?).
Sim, já ouvi todas essas!

Já os homens simplesmente debocham de ti pela tua opinião, ou acham que tu é homossexual... Uma beleza.


Mas a coisa ainda complica mais, porque, me considerado um feminista, eu simplesmente não posso me dar ao direito de ter uma opinião tipicamente machista, em hipótese alguma, ou o meu "disfarce cai"! Uma opinião machista por parte de um homem automaticamente o torna um machista porco e miserável! Mesmo que todo o seu comportamento e opiniões sejam feministas.


Sim, eu passei por uma dessas esses tempos, que realmente me fez passar maus bocados (comigo mesmo). Além de me sentir extremamente ofendido por ser chamado de machista (e ignorante...) por alguém que, teoricamente, me conheceria o suficiente pra saber que isso não é verdade, ainda por cima isso gerou uma pequena crise pessoal porque eu considero a opinião da pessoa extremamente válida. Acabei por passar as últimas duas semanas pensando se eu realmente era um "machista enrustido" ou algo assim... No fim, acabei me dando conta que eu estava delegando muita força à opinião dessa pessoa em questão - que já me deu muitas provas de que não é nada sensata, alias, mas eu sou cabeça dura e demoro à mudar de opinião sobre as pessoas - e que meus conceitos e princípios são basicamente feministas, sim, apesar de ter algumas opiniões consideradas machistas, talvez. É um direito que eu me concedo.

Mas, pra não ficar totalmente no campo da abstração, vou discorrer sobre o acontecimento:

Basicamente, ao ver uma foto de uma cosplayer usando uma roupa extremamente sensualizada (peitos espremidos eu um grande decote e a parte da frente de uma saia, originalmente longa até os pés, cortada pra mostrar as coxas e a calcinha) de uma personagem de anime que nada tem de sensual (ao menos não pra gente normal; os otakus em geral veem sensualidade em absolutamente tudo que se pareça vagamente com uma fêmea humana...) eu comentei "isso não é uma cosplayer, é uma puta" ou algo muito próximo disso. Daí entra em cena essa pessoa, dizendo que, além de eu provavelmente não saber quem é a personagem em questão, ainda por cima era um machista e um notório odiador de animes. Pra tornar a coisa ainda mais sem sentido, essa mesma pessoa dizia, logo adiante, na mesma discussão, que a sensualização de uma personagem não era uma forma válida para criar um cosplay alternativo de uma personagem, já que a pessoa basicamente se valia de seus atributos físicos pra criar essa versão...

Agora, vejamos: Se eu visse uma versão, digamos, do Thor (que anda muito em alta) só que sem camisa e com buracos na parte de trás das calças pra mostrar as nádegas, ganhando um concurso de cosplay, minha opinião ia ser a mesma! A palavra 'puto' não representa a mesma coisa que sua contraparte feminina - sim, mais um exemplo de machismo - então eu usaria algo como "Isso não é um cosplayer, é um garoto de programa"! O que, provavelmente geraria comentários como "tá com invejinha" ou "mas garanto que tu queria poder fazer um cosplay desses" e coisas do gênero. E garanto que não seriam só homens que me diriam isso...

Essa opinião nada tem a ver com gênero. É uma opinião pessoal sobre a questão exposição exacerbada e da sensualização absurda que vêm se tornando cada vez mais acentuadas na contemporaneidade.

Mas essa não é uma discussão para essa postagem. Talvez outro dia...

Assim, essa pequena experiência de redes sociais me ensinou duas coisas: Ser um homem feminista é um fardo bem incômodo de carregar (não que seja pesado, mas ele não tem exatamente uma posição confortável pra agarrar) e exprimir opinião pessoal em redes sociais é um erro, o que me parece extremamente paradoxal em uma sociedade que, cada vez mais, enaltece a individualidade - um outro bom assunto pra uma futura postagem, penso eu!

Mas, como eu já disse, sou cabeça dura, e, por enquanto, vou manter minhas opiniões como estão, e vou continuar cuspindo elas na cara das pessoas, nas redes sociais ou fora delas!

Ah, como nota final sobre o assunto, sim, eu tento fugir de gente com esse tipo de reação. Com tanta vontade que acabo me afastando de gente cuja opinião até me interessa. É um preço que eu pago não com prazer, mas que creio que vale a pena.

6 comentários:

  1. Discutir é saudável com pessoas de cabeça aberta, do contrário é só hostilidade. Se tu tem as tuas convicções, só basta discutir, e se alguém só te atacar, essa pessoa não vale. O feminismo existe pq o machismo existe, que é pra ir contra o patriarcado, que é muito mais forte que o matriarcado, pra um dia poder estabelecer as coisas e um dia, se possível, extinguir os dois termos. Sou feminista também, e olha, não é fácil, eu tento argumentar, mas tem pessoas que não mudam, não adianta, então excluo essas pessoas do meu círculo de amizades, e passo só a tentar com quem tem chance de mudar o pensamento, e é bem massa! O resto não importa!
    Temos que formar o próprio discurso de forma coerente, e pra isso é preciso exercitar, ler, reler, discutir, acumular, diminuir, ler, reler... Um blog muito bom é o http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/

    Abraço!

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    1. Sim, precisamente. Estou justamente tentando esquivar desse tipo de mentalidade obtusa, mas é complexo. Nesse caso, por exemplo, foi em relação à um comentário que eu fiz na postagem de um amigo. Acabei tirando ele (e outros amigos em comum com a pessoa) do meu feed de notícias, mas fica complexo, porque, perceba, tenho que me privar de saber sobre o que está acontecendo com várias pessoas com quem me importo por causa de uma única criatura. É um preço meio amargo à pagar...

      Dei uma olhada no site, mas apesar de achar os textos bastante inteligentes, eles acabam caindo no típico discurso matriarcalista que não me agrada tanto quanto os discursos machistar por aí...

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    2. Concordo que o blog é meio extremista, mas acho que as vezes é o único jeito, infelizmente. E acho que se privar é realmente um problema, mas o massa é tentar atingir esse tipo de pessoa justamente para que esse tipo de filtro não exista mais

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    3. Tentar "atingir" essas pessoas é se incomodar pra nada. Pessoas extremistas, que tem a "cabeça feita" não são influenciáveis de forma alguma. Elas estão confortavelmente sentadas em seus pré-conceitos pra que valha a pena discutir com elas. Depois que esse tipo de pessoa cria uma realidade - geralmente muito particular... - que consideram uma verdade, não há como dissuadi-las disso. Já ouvi umas coisas bem idiotas desse tipo de gente, e a maior parte das pessoas que estão ao redor delas considera que discutir é inútil...

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