sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ciclos

Aqueles que chegam até este ponto, neste dia, provavelmente são aquelas que eu gostaria que lessem o que tenho à dizer. Talvez haja algum leitor desavisado, atrasado ou totalmente desconhecido que tenha chegado até aqui por acaso, curiosodade ou porque simplesmente não quis ou não conseguiu ler estas palavrinhas antes. Hoje é o décimo primeiro dia do mês de novembro do ano de dois mil e onze, é meio da tarde, e o sol queima lá fora nessa tarde de primavera.

Vamos, então, sem mais delongas, áquilo que quero dizer hoje.

Depois de celebrar o casamento da minha melhor amiga, e muito devido aos acontecimentos que lá se desdobraram - embora certamente canalizados por acontecimentos que aconteceram algum tempo antes daquela noite - minha vida entrou numa espécie de maluquice magica induzida por ingestão massiva de alcool, paixão, caminhadas e conversas - uma combinação poderosa de aspectos dos quatro elementos, potencializada pelo meu estado de espírito inquieto pela lua em sua fase crescente. Tenho certeza que algumas pessoas podem fazer leituras diferentes disso, desconsiderar certas partes ou mesmo dizer que, procurando, eu chegaria à uma combinação adequada simplesmente porque eu desejo desta forma. Não importa. O que importa aqui e agora é que é assim que estou vendo a minha vida e os acontecimentos que nela se desenvolveram nessa semana. É nessa experiência quase ritual que vem me acompanhando pelos últimos dias que eu vou guiar meus passos pelo próximo ciclo, não importa quanto tempo ele dure. É essa sensação de encontro com algo além de mim mesmo que eu vou carregar no peito por muitos dias e noites ainda. E é essa experiência que quero compartilhar com vocês, pessoas que estão lendo estas palavras, nesse momento.

Decidi que sete seriam os dias durante os quais eu manteria viva em mim aquela chama brilhante e consumidora que se acendeu no dia do casamento. Era a chama de Beltane, apesar do dia torto. Era a chama que queríamos acender (aqueles que tinham consciência dela), mas que foi potencializada por um punhado de um combustível mais poderoso, depois que achei que o fogo ia começar à se amansar. Aquele punhado a mais de combustível aromático criou uma pira intensa, que nem mesmo uma noite de chuva pôde apagar, dias mais tarde. Aquele punhado de lenha inesperado me libertou de um grilhão de ferro, e tornou meu espírito livre. Aquele punhado de madeira de caneleira - ou será que era um punhado de açúcar? não sei bem - queimou rugindo por sete dias, mantendo meu espírito queimando, meu corpo aquecido e meu pensamento trabalhando frenético. Agora, tudo começa a aquietar. A chama se transforma eu uma brasa, esperando ser reacesa.

Como uma fase da lua, decidi manter aquela febre por sete dias. E por sete dias eu ví, ouvi, toquei, racionalizei e todo o mundo e todas as pessoas de uma maneira diferente, como se meus olhos tivessem sido abertos para uma realidade que simplesmente não estava lá antes.

Entre situações que eu não posso comentar e acontecimentos que eu não quero comentar (pois elas pertencem apenas à mim e aqueles que os experimentaram ao meu lado), foi a semana mais bizarra da minha vida! Uma semana de encontros, reencontros, de afirmações, de dissoluções, decisões e aprendizados que mudaram minha vida pra sempre, de um modo ou de outro. Estou dez anos mais jovem, e cem anos mais maduro.

Eu gostaria que todas as pessoas que eu conheço pudessem ter uma experiência como essa - e sobreviver! Creio que uma epifania como essa só acontece uma vez na vida. Não sei. O futuro talvez me contradiga.

11/11/11 no fim foi uma espécie de data cabalística pra mim. O fim de um pequeno ciclo que fecha um ciclo muito maior, dentro dessa grande roda que é a minha vida.

Sei que algumas pessoas vão entender parte do que eu estou falando, enquanto outras não vão entender nada. Mas eu gostaria a todas as pessoas que tiveram paciência de ler esse pequeno texto sobre fogo, água, terra e ar - que me acompanharam pela última semana, intensamente - saibam: a vida é algo mágico, cheio de pequenos milagres diários, e enquanto aquela pequena brasa de calor continuar queimando dentro da alma, sempre há a possibilidade de que um punhado inesperado de folhas, galhos e carvão seja jogado alí, reacendendo uma chama que as vezes nos podemos julgar apagada, morta ou que simplesmente ficou esquecida pelo pouco calor que fornecia.

Espero que, como aconteceu comigo nessa semana mágica, todos vocês possam passar por uma experiência de transformação e libertação um dia!

E agora, vou lá encontrar uns amigos, e terminar essa semana como se deve - seja lá como será que isso vai acontecer!

2 comentários:

  1. Dom, que lindo isso - o que tu escreveu e os fatos em si. Eu sabia que tinha acontecido uma mágica invisível contigo, dava pra ver no brilho do teu olho, na vibração da tua voz. A gente - nós três juntos - movemos a maior mó energética das nossas vidas aquela noite; coisas estranhas aconteceram com todo mundo, todas as paixões se incendiaram nos nossos fogos 'tortos' de Beltane. Queria ter estado por perto nesses últimos 6 dias. Mas vou querer ouvir tudo, danadinha. Vem tomar um café, compramos Macbeth em porto ;)

    ResponderExcluir
  2. Sim, realmente, alguma coisa aconteceu lá naquela noite. Algo que já era meu, mas que eu ainda não tinha alcançado. Meu mundo ficou mais claro, quieto e vivo. Não tem como explicar, só desejar que todas as pessoas um dia passem por isso!

    ResponderExcluir