"Oásis de Meribá, 3497 A.C.
Em uma das treze tribos que deram origem ao povo hebreu, nasce um conflito que se estenderá secretamente pelos próximos milênios, gerando guerras e deixando marcas profundas em nossa história.
Berlim, 2012 D.C.
às vésperas das eleições americanas, um grupo de arqueólogos faz uma descoberta surpreendente em um bunker enterrado desde a Segunda Grande Guerra. Uma descoberta que poderá transformar este conflito de bastidores - mais uma vez - em uma guerra declarada, mudando o futuro da humanidade."
Admito que, graças à contracapa, eu quase não lí o livro. Na verdade, depois de ver a capa em sí, e depois ler a contracapa, quando minha mãe me entregou o livro e disse "Olha, tua vó disse que tu ia gostar.", eu só coloquei o livro na lista de espera porque, bom, eu gosto de agradar a minha avó...
Todos hão de concordar comigo que, pela contra-capa, o que se imagina é um livro onde, outra vez, os nazistas malvados fizeram alguma coisa - mais! - errada e que os pobres judeus tinham algum ensinamento lindo de cinco mil anos escondido, pronto pra mudar o rumo da história.
Já cansei de ver os nazistas como os vilões petulantes, prepotentes e irracionais todas as vezes. E não estava a fim de ler outra história que trouxesse isso - ainda mais com aquele Buda na capa do livro, o que provavelmente significava possivelmente algum tipo bizarro de livro de auto-ajuda, sei lá...
Enfim. Depois que meus livros todos acabaram - inclusive andei relendo alguns livros muito velhos de RPG só por diversão, porque estavam realmente escassos os livros "inéditos" por aqui... - eu decidi que era hora de dar uma chance à obra do seu Alexandre Lobão.
E não é que o livro era bom?
Não vai entrar pra minha lista de "top 10", mas é um livro que eu posso recomendar sem titubear.
A narrativa é extremamente ágil sem deixar de ser detalhistas nos momentos necessários, os capítulos curtos e com cortes extremamente "irritantes", daquele tipo que te fazem seguir lendo pra saber como vai continuar em seguida, além da escolha de estrutura, com capítulos focando em personagens diferentes alternadamente, fazem da leitura um ato quase compulsivo. É muito difícil deixar o livro de lado. De fato, apesar de ter 320 áginas, eu só levei dois dias lendo porque no meio do caminho eu precisava assistir aulas na faculdade e trabalhar - além das outras coisas menos importantes, como comer e dormir... Num período de férias, ou num fim-de-semana, o livro teria sido devorado em uma única tarde, com certeza.
Sobre a trama, sim, nós temos nazistas malvados, e os Judeus são mesmos os heróis do livro. Mas também temos hunos malvados, inquisidores malvados, romanos malvados e até judeus malvados! Alias, o livro tem um excelente "vilão-mór", com motivações muito bem explicadas ao longo do livro.
E apesar de termos mesmo um foco numa eleição estadunidense, coisa que eu achei bem desnecessária quando lí a contracapa - sério, a capa e a contracapa foram feitas pra o sujeito não ler o livro! - no fim isso fez muito sentido!
Eu já tinha uma boa ideia de como o livro ia acabar lá pela metade, admito, mas também é preciso dizer que isso não diminuiu em nada a vontade de continuar a leitura, porque eu ainda estava muito curioso pra saber como tudo ia se desenvolver. E o final, apesar de não ser exatamente surpreendente, é... Bom, surpreendente! Apesar do final ser realmente previsível, o modo como ele se desenrola não é. Ao menos, pra mim, não foi, nem um pouco!
Bom, o ponto negativo do livro é o romancezinho desnecessário. Não entendo porque todos os livros e filmes agora precisam ter a droga de um romancezinho no meio. Não ajuda em nada a narrativa, não faz nenhuma diferença pra estória, não atrai leitores - ou expectadores, no caso dos filmes - e continuam sendo insistentemente adicionados às obras! Sério, sempre que eu leio a descrição da "garota", eu fico pensando comigo mesmo que o autor teve uma paixonite por uma guria com aquela descrição ou então aquela é a "garota ideal" à qual ele dedica seus momentos de onanismo diários...
Ah, e pra finalizar esta resenha, deixa eu falar sobre uma coisa que me agradou sobremaneira: AS notas de rodapé! São 113, acho, ou algo muito próximo disso. É praticamente impossível virar uma folha e não ver ao menos uma notinha de rodapé te esperando alí, na próxima página! E eu adoro notas de rodapé! O livro tem uma quantidade absurda de informações interessantes, nos seus pés-de-página, e eu fiquei muito satisfeito em ler um livro que teve uma quantidade tão grande de pesquisa!
Bom, como nota final, devido à narrativa do livro, o assunto e a boa história, eu não me espantaria nem um pouco em ver o romance ser transformado em filme. Eu iria assistir, com certeza!
E levaria minha avó!