terça-feira, 8 de maio de 2018

Quatro Soldados

Comprei esse livro "enganado" pela capa. Em uma visita à São Francisco de Paula, fomos à uma livraria da cidade, e acabei passando o olho por esse livro. Li a parte de cima da capa, uma citação de Daniel Galera, assumi que o livro era dele, por uma dessas desatenções da vida. Quando, depois de visitar várias sessões da tal biblioteca, chegou a hora de escolher um livro para comprar, decidi por Quatro Soldados, pois já havia lido um livro de Galera, além de uma HQ, e seus outros livros já me foram recomendados por mais de uma pessoa.

Não dei mais muita atenção ao livro ao longo da minha visita à serra, e só voltei À ele ao chegar em casa. E foi, admito, com certa decepção, que ao desembrulhar o volume me dei conta que o autor era um total desconhecido pra mim, um tal Samir Machado de Machado. Essa pequena decepção fez com que o livro acabasse sendo ignorado em favor de um livro de contos que já estava na minha pilha de leitura.

Pois bem. Sendo um livro curto - nem 300 páginas - acabei decidindo dar uma chance ao autor desconhecido - a premissa do livro ainda parecia bastante interessante, afinal.

E que grata surpresa eu tive!

Quatro Soldados pode ser considerado uma espécie de "livro de contos" com quatro narrativas separadas, interligadas entre si, mas completamente independentes. Todas se passam no Brasil do século 18, o que, devo admitir, foi uma escolha audaciosa do autor, já que, honestamente, para o leitor de ficção e fantasia brasileiro, a história de nosso próprio país tem pouco atrativo e nós preferimos ler histórias de "terras exóticas" ou nos concentrar nos cenários mais tradicionais europeus de onde vem a maior parte de nossa influência nessa área de literatura. Eu, pessoalmente, já li alguns livros de fantasia e ficção científica nacionais, e tenho que admitir, não gosto, em geral, do modo de escrita de meus conterrâneos, infelizmente. Principalmente quando suas histórias se passam em terra brasilis.

Mas, felizmente, Samir Machado de Machado é uma exceção à essa regra. Utilizando termos antiquados em sua escrita e passando suas histórias num território brasileiro ainda muito distante do 7 de setembro de 1822 que criaria algum tipo de identidade nacional, o autor faz uso extremamente eficiente de folclore e elementos fantásticos em conjunto com eventos históricos para criar um clima de identificação e ao mesmo tempo estranheza com o cenário e seus personagens.

Cada um dos quatro segmentos do livro tem, ainda um clima completamente distinto dos demais - steampunk, mythos Chutulhianos, romance de capa-e-espada e mistério investigativo, tudo com um ar de pulp extremamente bem incorporado.

Não vou me alongar no conteúdo da trama - ele está presente na contracapa do livro, afinal - mas posso dizer, sem receio, que vale bastante a pena a leitura.

Definitivamente esse livro me fez ter interesse em procurar outras obras do autor! Leitura fortemente recomendada! 

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