Ah, o Manuscrito Voynich! Um dos meus itens misteriosos favoritos! Na época em que o Fantástico Cenário ainda existia (ele talvez ainda exista em algum lugar obscuro da internet, mas não consegui encontra-lo em lugar nenhum) lembro de ter uma conversa com o Rafael Bandeira sobre o livro, entre outros itens completamente sem explicação que vieram até nós de eras passadas.
Pra quem não sabe do que se trata, o Manuscrito Voynich é um misterioso livro que apareceu em no começo do século 20 e causou alvoroço desde seu aparecimento. Entre suas ilustrações de plantas, símbolos zodiacais e o que parecem ser rituais complexos, um texto manuscrito desafiou criptógrafos ao longo dos anos, sendo considerado por alguns como indecifrável e por outros como uma fraude sem sentido.
Pois bem. 3 anos atrás, Nicholas Gibbs (pelo que eu pude descobrir, um historiador americano) foi contratado por uma rede de televisão (que eu não consegui descobrir qual é) para dar um parecer sobre o livro. O livro foi totalmente digitalizado em alta resolução pela Beinecke Rare Book & Manuscript Library, o que permitiu que o historiador pudesse fazer uma profunda pesquisa no livro. E, como ele postou no Times Literary Supplement esta semana, seu conhecimento sobre latim e conhecimento sobre guias de medicina medievais permitiram que ele entendesse o conteúdo do livro considerado indecifrável.
De acordo com Gibbs, o livro trás uma série de abreviações comuns na idade média, e se hoje parecem simplesmente garatujas sem sentido, para um estudioso da época ele seria completamente legível. O caso é que enquanto quase todos os criptógrafos que tentaram decifrar o livro consideravam que cada símbolo no livro correspondia a uma letra, na verdade eles estavam olhando para versões abreviadas de palavras inteiras - o que me faz pensar no trabalho que um historiador do futuro terá para entender os textos que ecrevemos hoje em dia. A pior parte será a frustração com relação ás conversas trocadas por esses noçssos abreviadores atuais, que, diferente do autor do manuscrito, não tem muito conteúdo pra deixar pro futuro.
Mas enfim!
Seja menos ranzinza, Domênico!
Voltando ao Manuscrito Voynich, o que Gibbs descobriu é que, na verdade, o livro é um guia de medicina especificamente voltado para mulheres. De fato, Gibbs acredita que o livro foi feito especialmente para um cliente específico, já que contém várias informações retiradas de outros textos médicos da época - que, por sua vez, copiaram receitas de textos de Galeno, Plínio e Hipócrates, médicos e naturalistas do início do milênio. Provavelmente trata-se de um compêndio sobre o bem estar feminino, escrito especificamente para uma mulher. Claro, essa parte é pura conjectura de Gibbs, mas parece fazer bastante sentido, considerando o conteúdo do livro. Ele traz uma série de informações sobre plantas medicinais e seus usos apropriados, e uma vasta explicação sobre os benefícios do banho para a saúde feminina. Além disso, ele trás várias informações astrológicas, o que, na época, era considerado pelos médicos como parte absolutamente imprescindível para a boa prática da medicina!
Gibbs também comenta que o livro está incompleto (o que já se sabia desde seu descobrimento, graças ao modo como foi encadernado) e lhe falta um índice, que certamente teria ajudado muito em sua compreensão.
Apesar de muito menos excitante do que muitos esperariam (especulações sobre ser um livro sobre feitiçaria ou mesmo uma grande embuste teriam agradado muitos conspirólogos por aí) eu devo admitir que fiquei bastante satisfeito em saber que um dos meus mistérios favoritos foi compreendido. É sempre uma coisinha a menos pra ficar coçando no meu já super-lotado subconsciente nerd!
E pra quem tiver curiosidade, nesse link pode-se encontrar todas as páginas do livro, digitalizada, como citado acima, pela Beinecke Library.
sábado, 9 de setembro de 2017
segunda-feira, 31 de julho de 2017
A Crown of Swords
O oitavo livro da série Wheel of Time me pegou meio desprevenido. Depois de sete livros extremamente sóbrios e sérios - afinal trata-se de uma história à beira de um apocalipse eminente - A Crown of Swords trouxe um elemento inusitado à série: Humor.
Não que se trate de uma comédia do início ao fim, mas esse livro é tão carregado de humor, tendo uma certa leveza ao longo de toda sua narrativa. Ri alto durante várias passagens, e depois de ter terminado o livro as vezes ainda me vinha um sorriso quando lembrava de uma ou outra passagens particularmente divertida.
Essa leveza na narrativa teve um lado negativo, no entanto - algo que eu venho notando nos últimos dois ou três livros na verdade: Apesar de terem excelentes capacidades de viagem e de comunicação, os núcleos distintos da história simplesmente insistem em não se comunicar de forma apropriada, ou de forma alguma, em alguns casos, o que é extremamente irritante. Apesar de poderem ser extremamente claros e diretos, os personagens (mesmo aqueles que se conhecem desde a infância) escolhem ter conversas cheias de meias informações e desconfianças sem sentido, o que faz com que a maioria das informações passadas de um grupo pra outro sejam mal compreendidas e mal entendidas, o que é extremamente frustrante. Além disso, apesar de serem capazes de divisar planos extremamente intrincados e perceber tramoias rocambolescas com uma clareza espantosa, esses mesmos personagens não são capazes de perceber as informações contidas nas meias-palavras uns dos outros (novamente, estamos falando de personagens que se conhecem desde a infância) o que faz com que informações pouco relevantes sejam sabidas com presteza por todos, mas as informações relevantes se mantém fora do alcance dos protagonistas. Admito que essa maneira de manter as informações longe do alcance de quem deveria saber sobre elas é, depois de um tempo, algo que incomoda. Jordan força um pouco a barra pra que a desinformação geral se mantenha, enquanto inclui novos meio de comunicação e deslocamento que, se usados de qualquer maneira minimamente inteligente, já teria desfeito a maioria dos nós da trama.
Ah, sim, isso poderia atrapalhar o andamento da história, alguém pode pensar. Não, não atrapalharia. A maioria dos personagens têm intenções bem claras e planos bem traçados, que não seriam, de forma alguma, atrapalhadas se essas informações fossem passadas de modo claro. Acabaria com algumas sub-tramas, fato, mas ao mesmo tempo ajudaria a história principal à ir adiante de forma menos bagunçada. Isso porque cada uma dessas desinformações cria um novo núcleo de personagens completamente novo e, eu preciso admitir, dentro de um universo com mais de 100 personagens relevantes, no momento, eu as vezes preciso escutar um determinado capítulo duas vezes ou mais, e deixar o áudio de lado enquanto procuro informações sobre um determinado personagem que "oh, sim, tem um papel relevante pra esse núcleo, como nós vimos quatro livros atrás"- mas que eu não lembrava mais do nome.
E sim, se isso soa um pouco como tramas rocambolescas de novela da globo, é porque, em alguns casos, parece mesmo.
Mas esse é, na verdade, o único problema em uma série de livros que, de outra forma, é absolutamente magistral. Jordan consegue resolver as tramas e sub-tramas que cria de uma maneira que eu não consigo sequer começar a descrever, e desenvolve uma quantidade de personagens interessantes de forma tão fascinante que faz qualquer Mestre de RPG ficar vermelho de vergonha.
Apesar dessa pequena falha, que vem afetando a série já alguns livros, e não apenas nesse especificamente, A Crown of Swords é uma excelente leitura. Um capítulo leve em uma série de livros pesados, cheios de intrigas palacianas que fazem Game of Thrones parecer brincadeira de playground da primeira série e com um clímax incrível - como é comum aos livros dessa série, até aqui. Definitivamente uma divergência de estilo muito bem-vinda!
Como sempre no que diz respeito aos livros de Jordan, leitura fortemente recomendada!
Não que se trate de uma comédia do início ao fim, mas esse livro é tão carregado de humor, tendo uma certa leveza ao longo de toda sua narrativa. Ri alto durante várias passagens, e depois de ter terminado o livro as vezes ainda me vinha um sorriso quando lembrava de uma ou outra passagens particularmente divertida.
Essa leveza na narrativa teve um lado negativo, no entanto - algo que eu venho notando nos últimos dois ou três livros na verdade: Apesar de terem excelentes capacidades de viagem e de comunicação, os núcleos distintos da história simplesmente insistem em não se comunicar de forma apropriada, ou de forma alguma, em alguns casos, o que é extremamente irritante. Apesar de poderem ser extremamente claros e diretos, os personagens (mesmo aqueles que se conhecem desde a infância) escolhem ter conversas cheias de meias informações e desconfianças sem sentido, o que faz com que a maioria das informações passadas de um grupo pra outro sejam mal compreendidas e mal entendidas, o que é extremamente frustrante. Além disso, apesar de serem capazes de divisar planos extremamente intrincados e perceber tramoias rocambolescas com uma clareza espantosa, esses mesmos personagens não são capazes de perceber as informações contidas nas meias-palavras uns dos outros (novamente, estamos falando de personagens que se conhecem desde a infância) o que faz com que informações pouco relevantes sejam sabidas com presteza por todos, mas as informações relevantes se mantém fora do alcance dos protagonistas. Admito que essa maneira de manter as informações longe do alcance de quem deveria saber sobre elas é, depois de um tempo, algo que incomoda. Jordan força um pouco a barra pra que a desinformação geral se mantenha, enquanto inclui novos meio de comunicação e deslocamento que, se usados de qualquer maneira minimamente inteligente, já teria desfeito a maioria dos nós da trama.
Ah, sim, isso poderia atrapalhar o andamento da história, alguém pode pensar. Não, não atrapalharia. A maioria dos personagens têm intenções bem claras e planos bem traçados, que não seriam, de forma alguma, atrapalhadas se essas informações fossem passadas de modo claro. Acabaria com algumas sub-tramas, fato, mas ao mesmo tempo ajudaria a história principal à ir adiante de forma menos bagunçada. Isso porque cada uma dessas desinformações cria um novo núcleo de personagens completamente novo e, eu preciso admitir, dentro de um universo com mais de 100 personagens relevantes, no momento, eu as vezes preciso escutar um determinado capítulo duas vezes ou mais, e deixar o áudio de lado enquanto procuro informações sobre um determinado personagem que "oh, sim, tem um papel relevante pra esse núcleo, como nós vimos quatro livros atrás"- mas que eu não lembrava mais do nome.
E sim, se isso soa um pouco como tramas rocambolescas de novela da globo, é porque, em alguns casos, parece mesmo.
Mas esse é, na verdade, o único problema em uma série de livros que, de outra forma, é absolutamente magistral. Jordan consegue resolver as tramas e sub-tramas que cria de uma maneira que eu não consigo sequer começar a descrever, e desenvolve uma quantidade de personagens interessantes de forma tão fascinante que faz qualquer Mestre de RPG ficar vermelho de vergonha.
Apesar dessa pequena falha, que vem afetando a série já alguns livros, e não apenas nesse especificamente, A Crown of Swords é uma excelente leitura. Um capítulo leve em uma série de livros pesados, cheios de intrigas palacianas que fazem Game of Thrones parecer brincadeira de playground da primeira série e com um clímax incrível - como é comum aos livros dessa série, até aqui. Definitivamente uma divergência de estilo muito bem-vinda!
Como sempre no que diz respeito aos livros de Jordan, leitura fortemente recomendada!
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terça-feira, 18 de julho de 2017
The Lord of Chaos
Ah, Lord of Chaos. Definitivamente, até agora, o melhor livro da série Wheel of Time! Esse é o sétimo livro da série (estou contando em ordem cronológica, então estou incluindo New Spring aqui) e o mais focado nas questões puramente mágicas do cenário.
Antes de ir adiante, alias, deixa eu fazer um rápido apanhado do sistema de conjuração do cenário - como bom RPGista, essas coisas fazem bastante diferença pra mim!
Em um paralelo com a lógica de Yin/Yang do taoismo, a Magia (chamado de One Power, ou O Poder) de Wheel of Time é dividida em duas parte, Saidin, a metade feminina, e Saidar, a metade masculina. Os channelers, ou Canalizadores, como são chamados os usuários d'O Poder, são aqueles capazes de Tecer (Weave, no original) O Poder na forma de efeitos sobrenaturais.
Citando Moiraine Damodred:
"O Poder vem da Fonte Verdadeira, a força motriz da criação, a força que o Criador fez para transformar a Roda do Tempo. Saidin, a metade masculina da Fonte Verdadeira, e Saidar, a metade feminina, trabalham um contra o outro, E, ao mesmo tempo, juntos para fornecer essa força. Saidin foi infectado pelo toque do Dark One, como a água com uma fina camada de óleo rancio flutuando em cima. A água ainda é pura, mas não pode ser tocada sem que se toque também essa podridão. Somente o Saidar ainda é seguro para ser usado.
A verdadeira fonte não pode ser esgotado mais do que o rio pode ser esgotado pela roda do moinho. A Fonte é o rio; O Canalizador é a roda-d'água."
Essa passagem explica bem como a coisa toda funciona dentro do cenário. Quando um Canalizador tece o fluxo d'O Poder, ele fica envolto por uma aura visível para outros canalizadores, que também são capazes de ver quais os fluxos que estão sendo tecidos e de que maneira, permitindo que o efeito gerado seja ao menos extrapolado, mesmo que seus efeitos não sejam visíveis. No entanto, Canalizadores homens não são capazes de perceber uma Canalizadora mulher utilizando O Poder e vice-versa. Alguns Canalizadores são capazes de sentir que O Poder está sendo canalizado pelo sexo oposto nas proximidades, mas não é capaz de ver os fluxos que estão sendo tecidos.
Finalmente, O Poder é dividido em cinco áreas de influência distintas: Água, terra, fogo, ar e espírito. Espírito é utilizado principalmente para influenciar o próprio fluxo d'O Poder - um Canalizador pode tecer uma barreira de espírito ao redor de outro para impedir que ele acesse O Poder, por exemplo - mas também é utiilizado, as vezes, para afetar a percepção e o raciocínio de um ser vivo. As outras quatro áreas de influência são usadas para afetar os elementos aos quais estão ligados, mas podem ser usados de formas alternativas - água pode ser usada para regenerar ferimentos, enquanto fogo pode ser usado para eliminar infecções, por exemplo. Há dois limites no uso d"O Poder: Um Canalizador não consegue curar à si mesmo, nem pode se erguer no ar - apesar de "pontes" de ar serem possíveis.
Como é possível notar, a utilização de magia no cenário é extremamente conciso, bem construído e cheio de meandros que podem ser explorados de formas diversas. Definitivamente o sistema de magia mais elegantes que eu já vi!
Dito tudo isso, Lord of Chaos é focado, principalmente, no desenvolvimento e explicação d'O Poder em várias formas. É o livro com o maior número de usos de magia até aqui, incluindo uma batalha absolutamente incrível no final do livro, que de deixou com um sorriso no rosto por vários minutos enquanto eu escutava o audio. Não só a descrição de Robert Jordan é excelente, mas os narradores são extremamente competentes - quando Logain diz: "Asha'man, KILL!" senti um literal arrepio, e soltei um grunhido de satisfação! Que troço divertido!
O Poder é explorado de várias formas nesse livro, incluindo criação de itens mágicos, recuperação de utilizações de magia considerados perdidos e apresentar alguns novos usos de magia - que, mais de uma vez, me fizeram soltar um "Whatafuck?" em voz alta enquanto escutava.
Depois de dois livros inteiros focados basicamente em política, foi extremamente divertido ver os Canalizadores efetivamente pondo a mão na massa de verdade. Não que os outros livros sejam desinteressantes, longe disso, mas Lord of Chaos é pura adrenalina do início ao fim!
Definitivamente, um grande livro! Assim como todos os outros livros da série Wheel of Time, leitura fortemente recomendada!
Antes de ir adiante, alias, deixa eu fazer um rápido apanhado do sistema de conjuração do cenário - como bom RPGista, essas coisas fazem bastante diferença pra mim!
Em um paralelo com a lógica de Yin/Yang do taoismo, a Magia (chamado de One Power, ou O Poder) de Wheel of Time é dividida em duas parte, Saidin, a metade feminina, e Saidar, a metade masculina. Os channelers, ou Canalizadores, como são chamados os usuários d'O Poder, são aqueles capazes de Tecer (Weave, no original) O Poder na forma de efeitos sobrenaturais.
Citando Moiraine Damodred:
"O Poder vem da Fonte Verdadeira, a força motriz da criação, a força que o Criador fez para transformar a Roda do Tempo. Saidin, a metade masculina da Fonte Verdadeira, e Saidar, a metade feminina, trabalham um contra o outro, E, ao mesmo tempo, juntos para fornecer essa força. Saidin foi infectado pelo toque do Dark One, como a água com uma fina camada de óleo rancio flutuando em cima. A água ainda é pura, mas não pode ser tocada sem que se toque também essa podridão. Somente o Saidar ainda é seguro para ser usado.
A verdadeira fonte não pode ser esgotado mais do que o rio pode ser esgotado pela roda do moinho. A Fonte é o rio; O Canalizador é a roda-d'água."
Essa passagem explica bem como a coisa toda funciona dentro do cenário. Quando um Canalizador tece o fluxo d'O Poder, ele fica envolto por uma aura visível para outros canalizadores, que também são capazes de ver quais os fluxos que estão sendo tecidos e de que maneira, permitindo que o efeito gerado seja ao menos extrapolado, mesmo que seus efeitos não sejam visíveis. No entanto, Canalizadores homens não são capazes de perceber uma Canalizadora mulher utilizando O Poder e vice-versa. Alguns Canalizadores são capazes de sentir que O Poder está sendo canalizado pelo sexo oposto nas proximidades, mas não é capaz de ver os fluxos que estão sendo tecidos.
Finalmente, O Poder é dividido em cinco áreas de influência distintas: Água, terra, fogo, ar e espírito. Espírito é utilizado principalmente para influenciar o próprio fluxo d'O Poder - um Canalizador pode tecer uma barreira de espírito ao redor de outro para impedir que ele acesse O Poder, por exemplo - mas também é utiilizado, as vezes, para afetar a percepção e o raciocínio de um ser vivo. As outras quatro áreas de influência são usadas para afetar os elementos aos quais estão ligados, mas podem ser usados de formas alternativas - água pode ser usada para regenerar ferimentos, enquanto fogo pode ser usado para eliminar infecções, por exemplo. Há dois limites no uso d"O Poder: Um Canalizador não consegue curar à si mesmo, nem pode se erguer no ar - apesar de "pontes" de ar serem possíveis.
Como é possível notar, a utilização de magia no cenário é extremamente conciso, bem construído e cheio de meandros que podem ser explorados de formas diversas. Definitivamente o sistema de magia mais elegantes que eu já vi!
Dito tudo isso, Lord of Chaos é focado, principalmente, no desenvolvimento e explicação d'O Poder em várias formas. É o livro com o maior número de usos de magia até aqui, incluindo uma batalha absolutamente incrível no final do livro, que de deixou com um sorriso no rosto por vários minutos enquanto eu escutava o audio. Não só a descrição de Robert Jordan é excelente, mas os narradores são extremamente competentes - quando Logain diz: "Asha'man, KILL!" senti um literal arrepio, e soltei um grunhido de satisfação! Que troço divertido!
O Poder é explorado de várias formas nesse livro, incluindo criação de itens mágicos, recuperação de utilizações de magia considerados perdidos e apresentar alguns novos usos de magia - que, mais de uma vez, me fizeram soltar um "Whatafuck?" em voz alta enquanto escutava.
Depois de dois livros inteiros focados basicamente em política, foi extremamente divertido ver os Canalizadores efetivamente pondo a mão na massa de verdade. Não que os outros livros sejam desinteressantes, longe disso, mas Lord of Chaos é pura adrenalina do início ao fim!
Definitivamente, um grande livro! Assim como todos os outros livros da série Wheel of Time, leitura fortemente recomendada!
Asha'man, KILL! |
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segunda-feira, 29 de maio de 2017
The Fires of Heaven
Dando continuidade à "leitura" (acho que vou passar a usar o termo "escuta", pra facilitar a minha vida...) da série Wheel of Time, concluí o quarto livro, The Fires of Heaven.
Ates de mais nada, aquele aviso amigo: vão haver revelações sobre a trama adiante. Tento fazer o mínimo possível disso, mas alguma coisa sempre escapa quando se está resenhando um livro. Se não quer nenhuma revelação, simplesmente pule os próximos dois parágrafos.
Assim como o livro anterior, The Fires of Heaven não leva a trama muito adiante.O livro foca, principalmente, na exploração das culturas estabelecidas até aqui, no alcance do One Power e estabelecimento de mais regras de channeling e algumas intrigas palacianas. De fato, apesar de termos a participação proeminente de dois forsakens (e mais um deles batendo as botas) e um Hero of the Horn (finalmente! Tava doido pra que algum desses caras aparecessem!), nada além da derrocada do Shaido e de uma relativa reunião dos outros clãs de Aiel e da subsequente tomada de Andor por Rand realmente acontece no livro. E ainda assim, os principais acontecimentos só se desenrolam do meio pro fim do livro.
Uma das escolhas que mais me chamou atenção nesse livro foi a total ausência de Perrin, que é meu personagem favorito, no livro. Apesar de reunir praticamente todos os outros personagens, depois de quatro livros com várias linhas de histórias narrativas independentes, não ficamos sabendo de nada do que se passou em Two Rivers durante o desenrolar dos acontecimentos do livro. Uma pena. Estou honestamente curioso pra saber como vai se desenrolar a história do ferreiro, tanto no mundo real quanto no Sonho dos Lobos.
Algo sobre o que não falei ainda, mas me deixa extremamente impressionado a cada livro, é a habilidade de Jordan em representar personagens femininos e masculinos de forma completamente distinta. Apesar de algumas resenhas (feitas, obviamente, por mulheres) acusarem o autor de sexista, eu não entendo como, exatamente, caracterizar personagens de gêneros distintos de formas diferentes é sexismo. Apesar de terem falhas e qualidades bem agudas, é interessantíssimo ver um autor que se preocupa em representar de modo diferente o modo de pensar e agir de personagens de gêneros diferentes. De fato, considerando que o cenário de Wheel of Time é basicamente medieval fantástico, eu acho impressionante o fato dele se preocupar em criar personagens femininas que são, de fato, mais importantes e poderosas do que os homens. Sim, o protagonista da história é um homem, mas as mulheres são SEMPRE retratadas como sendo as verdadeiras detentoras e manipuladoras do poder - seja através de inteligência, seja através de poder bruto.
Apesar da lentidão que este e o livro anteriores se desenrolam, eu tenho que dizer que gosto mais e mais da história da série, dos personagens e do modo de escrita de Jordan!
Assim como o resto da série, leitura fortemente recomendada!
Ates de mais nada, aquele aviso amigo: vão haver revelações sobre a trama adiante. Tento fazer o mínimo possível disso, mas alguma coisa sempre escapa quando se está resenhando um livro. Se não quer nenhuma revelação, simplesmente pule os próximos dois parágrafos.
Assim como o livro anterior, The Fires of Heaven não leva a trama muito adiante.O livro foca, principalmente, na exploração das culturas estabelecidas até aqui, no alcance do One Power e estabelecimento de mais regras de channeling e algumas intrigas palacianas. De fato, apesar de termos a participação proeminente de dois forsakens (e mais um deles batendo as botas) e um Hero of the Horn (finalmente! Tava doido pra que algum desses caras aparecessem!), nada além da derrocada do Shaido e de uma relativa reunião dos outros clãs de Aiel e da subsequente tomada de Andor por Rand realmente acontece no livro. E ainda assim, os principais acontecimentos só se desenrolam do meio pro fim do livro.
Uma das escolhas que mais me chamou atenção nesse livro foi a total ausência de Perrin, que é meu personagem favorito, no livro. Apesar de reunir praticamente todos os outros personagens, depois de quatro livros com várias linhas de histórias narrativas independentes, não ficamos sabendo de nada do que se passou em Two Rivers durante o desenrolar dos acontecimentos do livro. Uma pena. Estou honestamente curioso pra saber como vai se desenrolar a história do ferreiro, tanto no mundo real quanto no Sonho dos Lobos.
Algo sobre o que não falei ainda, mas me deixa extremamente impressionado a cada livro, é a habilidade de Jordan em representar personagens femininos e masculinos de forma completamente distinta. Apesar de algumas resenhas (feitas, obviamente, por mulheres) acusarem o autor de sexista, eu não entendo como, exatamente, caracterizar personagens de gêneros distintos de formas diferentes é sexismo. Apesar de terem falhas e qualidades bem agudas, é interessantíssimo ver um autor que se preocupa em representar de modo diferente o modo de pensar e agir de personagens de gêneros diferentes. De fato, considerando que o cenário de Wheel of Time é basicamente medieval fantástico, eu acho impressionante o fato dele se preocupar em criar personagens femininas que são, de fato, mais importantes e poderosas do que os homens. Sim, o protagonista da história é um homem, mas as mulheres são SEMPRE retratadas como sendo as verdadeiras detentoras e manipuladoras do poder - seja através de inteligência, seja através de poder bruto.
Apesar da lentidão que este e o livro anteriores se desenrolam, eu tenho que dizer que gosto mais e mais da história da série, dos personagens e do modo de escrita de Jordan!
Assim como o resto da série, leitura fortemente recomendada!
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sexta-feira, 21 de abril de 2017
Uma Estranha Família
Uma Estranha Família - Lembranças de um Lugar do Passado, é a, no mínimo, inusitada tradução do livro From the Dust Returned.
Adoraria entender porque o título, tão simples, foi traduzido de modo tão... Rebuscado. Um título bizarro, com direito à subtítulo - que alias, não faz sentido, apesar de eu QUASE conseguir entender a lógica se eu pensar muito, muito fortemente sobre a história do livro, mas definitivamente não sobre a história NO livro.
De acordo com Bradbury, no prefácio dessa edição, ele levou cerca de 55 anos pra escrever esse livro, reunindo partes de um projeto antigo, meio ressuscitado, costurando contos aqui e ali até chegar em seu formato final. Esse formato final é, basicamente, uma série de contos - alguns longos, outros com menos de uma página, servindo simplesmente como cola entre uma parte e outra do livro - alguns inéditos, outros revisados e alguns simplesmente reutilizados. Reconheci três dos contos do livro, vindos de outras coletâneas do autor, se bem que com algumas pequenas alterações (particularmente nos nomes dos personagens, locais e datas, pelo que pude perceber).
From the Dust Returned (prefiro não usar o bizarro nome traduzido) é uma longa saga de uma família de criaturas sobrenaturais, que contém vampiros, fantasmas, múmias e bruxas, contada da perspectiva de Timothy, o único humano normal entre os Elliots. "Família", no entanto, é um termo que eu não tenho certeza se é aplicável, apesar de ser atestado como tal no próprio texto. A coletânia de criaturas tem esse nome, mas não parece haver qualquer tipo de vínculo real entre cada um dos "parentes" da casa - além, claro, de suas naturezas sobrenaturais. Eu diria que eles são mais uma espécie de guilda, um juntamento de criaturas com características comuns, de eras e locais diferentes. Pelo menos foi o que me pareceu.
De fato, achei o livro como um todo meio desconjuntado. A família Elliot não parece uma família (mesmo que seja "fora dos padrões" ou "desajustada", como quiserem), e o livro em si não conta exatamente uma história. No fim é só um conjunto de contos, meio mal amarrados, que não tem começo, meio ou fim. Além disso, o estilo de escrita do livro varia de um lirismo meio nonsense em algumas partes, pra narrativas mais formais em outras partes, concreto aqui, psicodélico ali, conciso acolá, poético mais adiante. Na minha opinião, infelizmente - porque eu realmente gosto de Bradbury - esse livro simplesmente não funciona.
A edição da Ediouro merece ser mencionada, por seu capricho. A capa é linda, o interior tem algumas ilustrações no clima certo, e o livro veio até mesmo com um marcador de página próprio. Bom trabalho. Exceto, claro, pela tradução bizonha do título.
Juntando tudo, não é um livro que eu recomende. Leitura desparelha, que não é bem um livro nem uma coletânea de contos. O livro termina com uma impressão de "tá, mas e aí? Alguma coisa nessa história não devia fazer algum sentido?" e o personagem principal, Timothy, bem como quase todos os outros personagens, não tem um destino definido no final das contas. De fato, apesar de ser o personagem mais proeminente do livro, Timothy faz pouco mais do que aparecer aqui e ali no livro, sem ter realmente qualquer tipo de importância.
Infelizmente, um livro do Bradbury que eu definitivamente "desrecomendo".
Adoraria entender porque o título, tão simples, foi traduzido de modo tão... Rebuscado. Um título bizarro, com direito à subtítulo - que alias, não faz sentido, apesar de eu QUASE conseguir entender a lógica se eu pensar muito, muito fortemente sobre a história do livro, mas definitivamente não sobre a história NO livro.
De acordo com Bradbury, no prefácio dessa edição, ele levou cerca de 55 anos pra escrever esse livro, reunindo partes de um projeto antigo, meio ressuscitado, costurando contos aqui e ali até chegar em seu formato final. Esse formato final é, basicamente, uma série de contos - alguns longos, outros com menos de uma página, servindo simplesmente como cola entre uma parte e outra do livro - alguns inéditos, outros revisados e alguns simplesmente reutilizados. Reconheci três dos contos do livro, vindos de outras coletâneas do autor, se bem que com algumas pequenas alterações (particularmente nos nomes dos personagens, locais e datas, pelo que pude perceber).
From the Dust Returned (prefiro não usar o bizarro nome traduzido) é uma longa saga de uma família de criaturas sobrenaturais, que contém vampiros, fantasmas, múmias e bruxas, contada da perspectiva de Timothy, o único humano normal entre os Elliots. "Família", no entanto, é um termo que eu não tenho certeza se é aplicável, apesar de ser atestado como tal no próprio texto. A coletânia de criaturas tem esse nome, mas não parece haver qualquer tipo de vínculo real entre cada um dos "parentes" da casa - além, claro, de suas naturezas sobrenaturais. Eu diria que eles são mais uma espécie de guilda, um juntamento de criaturas com características comuns, de eras e locais diferentes. Pelo menos foi o que me pareceu.
De fato, achei o livro como um todo meio desconjuntado. A família Elliot não parece uma família (mesmo que seja "fora dos padrões" ou "desajustada", como quiserem), e o livro em si não conta exatamente uma história. No fim é só um conjunto de contos, meio mal amarrados, que não tem começo, meio ou fim. Além disso, o estilo de escrita do livro varia de um lirismo meio nonsense em algumas partes, pra narrativas mais formais em outras partes, concreto aqui, psicodélico ali, conciso acolá, poético mais adiante. Na minha opinião, infelizmente - porque eu realmente gosto de Bradbury - esse livro simplesmente não funciona.
A edição da Ediouro merece ser mencionada, por seu capricho. A capa é linda, o interior tem algumas ilustrações no clima certo, e o livro veio até mesmo com um marcador de página próprio. Bom trabalho. Exceto, claro, pela tradução bizonha do título.
Juntando tudo, não é um livro que eu recomende. Leitura desparelha, que não é bem um livro nem uma coletânea de contos. O livro termina com uma impressão de "tá, mas e aí? Alguma coisa nessa história não devia fazer algum sentido?" e o personagem principal, Timothy, bem como quase todos os outros personagens, não tem um destino definido no final das contas. De fato, apesar de ser o personagem mais proeminente do livro, Timothy faz pouco mais do que aparecer aqui e ali no livro, sem ter realmente qualquer tipo de importância.
Infelizmente, um livro do Bradbury que eu definitivamente "desrecomendo".
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segunda-feira, 17 de abril de 2017
Jaguadarte
Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e reviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
"Foge do Jaguadarte, o que não morre!
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Fefel, meu filho, e corre
Do frumioso Babassura!"
Ele arrancou sua espada vorpal
e foi atras do inimigo do Homundo.
Na árvore Tamtam ele afinal
Parou, um dia, sonilundo.
E enquanto estava em sussustada sesta,
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrelfiflando atraves da floresta,
E borbulia um riso louco!
Um dois! Um, dois! Sua espada mavorta
Vai-vem, vem-vai, para tras, para diante!
Cabeca fere, corta e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.
"Pois entao tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!"
Ele se ria jubileu.
Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
- Tradução de Jabberwocky de Lewis Carroll por Augusto de Campos
As lesmolisas touvas roldavam e reviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
"Foge do Jaguadarte, o que não morre!
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Fefel, meu filho, e corre
Do frumioso Babassura!"
Ele arrancou sua espada vorpal
e foi atras do inimigo do Homundo.
Na árvore Tamtam ele afinal
Parou, um dia, sonilundo.
E enquanto estava em sussustada sesta,
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrelfiflando atraves da floresta,
E borbulia um riso louco!
Um dois! Um, dois! Sua espada mavorta
Vai-vem, vem-vai, para tras, para diante!
Cabeca fere, corta e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.
"Pois entao tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!"
Ele se ria jubileu.
Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
- Tradução de Jabberwocky de Lewis Carroll por Augusto de Campos
sexta-feira, 31 de março de 2017
The Shadow Rising
Dando continuidade à série The Wheel ofr Time, de Robert Jordan, chegamos ao quarto volume da saga.
Ah, sim: Vou citar a presença de alguns personagens, o que pode ser considerado um tipo de spoiler - já que, obviamente, se os personagens estão aqui, eles não morreram ou algo assim nos livros anteriores. Tento não fazer nenhuma revelação sobre a trama, mas é difícil fazer uma resenha sem citar nada sobre o livre, é?
Bom, à resenha, portanto!
Além de explorar ainda mais o cenário - enquanto Rand, depois dos acontecimentos na Pedra de Tyr, vai para a região desértica onde vivem os Aiel, pra além da Espinha do Mundo, Elayne e Nynaeve vão para Tarabon, do outro lado do continente - o livro também se aprofunda em tramas em locais bem conhecidos, já que Perrin volta para Two Rivers e Min vai para a Torre Branca, o que significa não apenas mais exploração da área mais rural do cenário mas também da parte mais sofisticada do mesmo.
Alias, Jordan é muito bom no quesito "desenvolver e explorar culturas"! Não só ele enfia detalhes interessantes sobre cotidiano camponês quanto também consegue embaralhar personagens em tramas palacianas rocambolescas, tudo ao mesmo tempo! E ainda sobra tempo pra explorar culturas completamente diferentes, que misturam características familiares com idéias completamente laienígenas - e tudo isso enquanto conta uma história muito maior! É impressionante como Jordan é capaz de lidar com quatro linhas de histórias independentes, interligando elas de maneira precisa, enquanto foca cada uma delas em um aspecto diferente. Quanto mais eu leio The Wheel of Time, mais eu me impressiono com o talento de Jordan pra escrita - e pra sua capacidade de desenvolver uma boa história!
The Shadow Rising é tão bom quanto seus antecessores, e não deve em nada em termos narrativos aos outros volumes da série. Apesar da história não ir tão adiante quanto nos livros anteriores, com menos acontecimentos de escala continental, a exploração do cenário é, por si só, uma das engrenagens que mantém a trama andando.
Um excelente livro, que segue o trabalho sólido dos antecessores. Leitura fortemente recomendada!
Ah, sim: Vou citar a presença de alguns personagens, o que pode ser considerado um tipo de spoiler - já que, obviamente, se os personagens estão aqui, eles não morreram ou algo assim nos livros anteriores. Tento não fazer nenhuma revelação sobre a trama, mas é difícil fazer uma resenha sem citar nada sobre o livre, é?
Bom, à resenha, portanto!
Além de explorar ainda mais o cenário - enquanto Rand, depois dos acontecimentos na Pedra de Tyr, vai para a região desértica onde vivem os Aiel, pra além da Espinha do Mundo, Elayne e Nynaeve vão para Tarabon, do outro lado do continente - o livro também se aprofunda em tramas em locais bem conhecidos, já que Perrin volta para Two Rivers e Min vai para a Torre Branca, o que significa não apenas mais exploração da área mais rural do cenário mas também da parte mais sofisticada do mesmo.
Alias, Jordan é muito bom no quesito "desenvolver e explorar culturas"! Não só ele enfia detalhes interessantes sobre cotidiano camponês quanto também consegue embaralhar personagens em tramas palacianas rocambolescas, tudo ao mesmo tempo! E ainda sobra tempo pra explorar culturas completamente diferentes, que misturam características familiares com idéias completamente laienígenas - e tudo isso enquanto conta uma história muito maior! É impressionante como Jordan é capaz de lidar com quatro linhas de histórias independentes, interligando elas de maneira precisa, enquanto foca cada uma delas em um aspecto diferente. Quanto mais eu leio The Wheel of Time, mais eu me impressiono com o talento de Jordan pra escrita - e pra sua capacidade de desenvolver uma boa história!
The Shadow Rising é tão bom quanto seus antecessores, e não deve em nada em termos narrativos aos outros volumes da série. Apesar da história não ir tão adiante quanto nos livros anteriores, com menos acontecimentos de escala continental, a exploração do cenário é, por si só, uma das engrenagens que mantém a trama andando.
Um excelente livro, que segue o trabalho sólido dos antecessores. Leitura fortemente recomendada!
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domingo, 12 de fevereiro de 2017
Eu, Robô
Como nos últimos meses estou bastante envolvido com a produção dos livros da terceira edição do Mighty Blade, tenho tido pouca oportunidade pra ler - apesar de, inversamente, o tempo que passo na mesa de desenho tem me proporcionado muita oportunidade pra ouvir audio books.
Mas isso não quer dizer, obviamente, que eu não tenha lido sempre que possível. Significa apenas que minha pilha de livros está pegando um pouco mais de poeira, enquanto eu seleciono à dedo aqueles livro que eu realmente tenho muita vontade de ler, ao invés de simplesmente pegar o primeiro livro da pilha, como fiz tantas vezes.
E um dos grandes clássicos da literatura de ficção científica como Eu, Robô, é, claro, sempre um alvo atraente demais, mesmo quando o sujeito tem pouco tempo pra ler.
Eu, Robô, é uma das coisas mais divertidas que eu já li. De verdade. A estrutura do livro é uma coisa fenomenal. Ele segue uma entrevista de um repórter com Susan Calvin, a mais renomada cientista de robôs de sua época - que é logo em seguida da criação dos cérebros positrônicos e o início da produção em massa de robôs. Assim, o livro é separado em contos, enquanto Calvin conta histórias sobre esses primeiros anos da indústria da robótica, algumas de segunda mão, outras que ocorreram com ela.
Assim, esse é um livro de contos com pessoas diversas, passado em épocas diversas, mas com um fio condutor em comum - além, é claro, do (provavelmente óbvio) fato de serem todas histórias sobre robôs.
Apesar de ter um filme de mesmo nome, tecnicamente baseado nesse livro, não há nenhuma similaridade entre Eu, Robô (livro) e Eu, Robô (filme). Há uma cena do filme que faz referência ao conto Pobre Robô Perdido, mas é só. Até os personagens que aparecem no filme são completamente diferentes. A doutora Calvin do filme é uma mulher jovem e atraente (como praticamente todas as mulheres de blockbusters), enquanto no livro ela já é uma senhora de idade considerável quando a U.S Robôs e Homens Mecânicos começam a produzir robôs em escala considerável - e é notoriamente uma mulher sem atrativos físicos ou intelectuais. Além disso, ela não tem mais apreço por robôs do que teríamos por um computador de última geração: são lidos e nós adoramos, mas definitivamente devem ser destruídos se ameaçarem alguém, enquanto no filme ela é uma defensora ferrenha dos direitos dos robôs, rangendo dentes toda vez que alguém arranha uma máquina. Mas a pior parte do filme, pra mim, é o complexo de Frankenstein - contra o qual Asimov sempre foi contra. Nenhum livro dele jamais fez menção à robôs como ameaças, como é tão popular em filmes como Matrix e Exterminador do Futuro. Para Asimov, robôs nunca seriam capazes de apresentar qualquer tipo de "revolta contra a humanidade" de forma alguma, e todos os seus contos deixam bem claro que, mesmo o mais tresloucado robô seria incapaz de ferir um ser humano.
Como um pequeno adendo pessoal, eu sempre concordei com essa idéia de Asimov, e acho que a histeria ao redor de "robôs que exterminarão a humanidade" é uma bobagem sem tamanho. Interessante para livros e filmes, sem dúvida, mas quando o complexo de Frankenstein aparece em entrevistas com relação à Inteligências Artificiais sendo desenvolvidas, me irrita profundamente.
Um segundo adendo pessoal, referente à capa: Que desgraça é essa? Eu precisei escannear o troço pra mostrar, porque não achei na rede uma imagem dessa capa. Pra além dos problemas anatômicos que podem ser ignorados - afinal é um robô, não um humano - e da cara de Spaceghost platinado, tem aquelas... Coisas redondas dos lados da cabeça do robô, que eu honestamente não sei o que são. Fico na dúvida se é parte do maquinário do fundo ou uma tentativa frustrada de uma chave daquelas de dar corda em brinquedos. Mas a impressão que eu tenho, independente da idéia do ilustrador, é que é um maldito par de argolas super-crescidas. Sim, é um robô e nem tem orelhas, mas eu não consigo ver nada além de brincos enormes...
Enfim!
Independente da capa tenebrosa - como é uma capa dura, estou seriamente pensando em reencapar - ainda é um grande livro! Leitura fortemente recomendada!
Mas isso não quer dizer, obviamente, que eu não tenha lido sempre que possível. Significa apenas que minha pilha de livros está pegando um pouco mais de poeira, enquanto eu seleciono à dedo aqueles livro que eu realmente tenho muita vontade de ler, ao invés de simplesmente pegar o primeiro livro da pilha, como fiz tantas vezes.
E um dos grandes clássicos da literatura de ficção científica como Eu, Robô, é, claro, sempre um alvo atraente demais, mesmo quando o sujeito tem pouco tempo pra ler.
Eu, Robô, é uma das coisas mais divertidas que eu já li. De verdade. A estrutura do livro é uma coisa fenomenal. Ele segue uma entrevista de um repórter com Susan Calvin, a mais renomada cientista de robôs de sua época - que é logo em seguida da criação dos cérebros positrônicos e o início da produção em massa de robôs. Assim, o livro é separado em contos, enquanto Calvin conta histórias sobre esses primeiros anos da indústria da robótica, algumas de segunda mão, outras que ocorreram com ela.
Assim, esse é um livro de contos com pessoas diversas, passado em épocas diversas, mas com um fio condutor em comum - além, é claro, do (provavelmente óbvio) fato de serem todas histórias sobre robôs.
Apesar de ter um filme de mesmo nome, tecnicamente baseado nesse livro, não há nenhuma similaridade entre Eu, Robô (livro) e Eu, Robô (filme). Há uma cena do filme que faz referência ao conto Pobre Robô Perdido, mas é só. Até os personagens que aparecem no filme são completamente diferentes. A doutora Calvin do filme é uma mulher jovem e atraente (como praticamente todas as mulheres de blockbusters), enquanto no livro ela já é uma senhora de idade considerável quando a U.S Robôs e Homens Mecânicos começam a produzir robôs em escala considerável - e é notoriamente uma mulher sem atrativos físicos ou intelectuais. Além disso, ela não tem mais apreço por robôs do que teríamos por um computador de última geração: são lidos e nós adoramos, mas definitivamente devem ser destruídos se ameaçarem alguém, enquanto no filme ela é uma defensora ferrenha dos direitos dos robôs, rangendo dentes toda vez que alguém arranha uma máquina. Mas a pior parte do filme, pra mim, é o complexo de Frankenstein - contra o qual Asimov sempre foi contra. Nenhum livro dele jamais fez menção à robôs como ameaças, como é tão popular em filmes como Matrix e Exterminador do Futuro. Para Asimov, robôs nunca seriam capazes de apresentar qualquer tipo de "revolta contra a humanidade" de forma alguma, e todos os seus contos deixam bem claro que, mesmo o mais tresloucado robô seria incapaz de ferir um ser humano.
Como um pequeno adendo pessoal, eu sempre concordei com essa idéia de Asimov, e acho que a histeria ao redor de "robôs que exterminarão a humanidade" é uma bobagem sem tamanho. Interessante para livros e filmes, sem dúvida, mas quando o complexo de Frankenstein aparece em entrevistas com relação à Inteligências Artificiais sendo desenvolvidas, me irrita profundamente.
Um segundo adendo pessoal, referente à capa: Que desgraça é essa? Eu precisei escannear o troço pra mostrar, porque não achei na rede uma imagem dessa capa. Pra além dos problemas anatômicos que podem ser ignorados - afinal é um robô, não um humano - e da cara de Spaceghost platinado, tem aquelas... Coisas redondas dos lados da cabeça do robô, que eu honestamente não sei o que são. Fico na dúvida se é parte do maquinário do fundo ou uma tentativa frustrada de uma chave daquelas de dar corda em brinquedos. Mas a impressão que eu tenho, independente da idéia do ilustrador, é que é um maldito par de argolas super-crescidas. Sim, é um robô e nem tem orelhas, mas eu não consigo ver nada além de brincos enormes...
Enfim!
Independente da capa tenebrosa - como é uma capa dura, estou seriamente pensando em reencapar - ainda é um grande livro! Leitura fortemente recomendada!
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
The Dragon Reborn
Terceiro livro da série The Wheel of Time, de Robert Jordan.
Quando eu comecei a ouvir os audio books da série, achei que seria como as séries anteriores que eu li ou que conheço (como a série Shannara, Senhor dos Anéis, os livros do Drizzt e até os livros sobre robôs do Aasimov) que são compostos por uma trilogia de livros e depois outros livros soltos, ou bilogias ou trilogias passados no mesmo cenário. Mas não é o caso. Wheel of Time é muito mais parecido com as Crônicas Saxônicas do Cornwell nesse sentido. É uma série de quinze livros que são basicamente uma grande história contínua.
Cabe aqui uma curiosidade: No meio da década de 80, depois de ter escrito vários romances sobre Conan (sim, o cimério bárbaro de peito depilado, esse mesmo) ele foi procurar um editor com a idéia de criar uma trilogia de livros de fantasia. O editor, Tom Doherty, conhecendo Jordan, que era notório por escrever séries longas, resolver fechar um contrato pra seis livros logo de uma vez. Considerando os doze livros que Jordan escreveu e mais um último que ele deixou pra ser escrito depois de sua morte, aquele contrato foi definitivamente uma grande idéia! De fato, a cena final desse terceiro livro era, originalmente, o final do primeiro livro, o que dá uma idéia de como Jordan costuma se amarrar em sua narrativa - o que, alias é absolutamente excelente!
Bueno, depois de falar sobre os bastidores, vamos ver o que podemos dizer sobre o livro em si, com o mínimo possível de revelações sobre a trama!
Há dois aspectos sobre esse livro que me agradaram bastante. O primeiro é o fato de que Jordan divide o grupo principal em núcleos menores, desenvolvendo muito mais cada um deles do que nos livros anteriores, além de introduzir uma série de novos personagens que enriquecem bastante a história. O segundo aspeto, derivado do primeiro, que me agrado bastante foi que, tendo dividido os personagens em grupos menores, Jordan desenvolve o papel de cada personagem na trama com mais objetividade e faz com que suas próprias tramas pessoais fiquem mais claras e delineadas - não relegando eles à simplesmente coadjuvantes na grande saga do Dragão Renascido, como nos dois primeiros livros.
Não que Jordan não tenha dividido o grupo em algumas partes dos livros anteriores, mas antes desse terceiro livro todos os personagens ainda estavam focados, mesmo quando separados, em dar apoio ao protagonista e tiveram pouco desenvolvimento em suas buscas pessoais. E, na verdade, acho que a decisão de fazer isso apenas nesse terceiro volume foi acertadíssima, já que os primeiros dois livros se concentraram em apresentar o cenário, a trama principal que rege a história e os vilões e seus objetivos. Ter desenvolvido todos os personagens à fundo nos livros anteriores provavelmente teria tornado a coisa toda bem confusa!
Em suma, gostei muito de como Jordan desenvolve a trama e os personagens nesse livro. É uma grande história, com um excelente cenário e personagens muito bem construídos.
Leitura fortemente recomendada!
Quando eu comecei a ouvir os audio books da série, achei que seria como as séries anteriores que eu li ou que conheço (como a série Shannara, Senhor dos Anéis, os livros do Drizzt e até os livros sobre robôs do Aasimov) que são compostos por uma trilogia de livros e depois outros livros soltos, ou bilogias ou trilogias passados no mesmo cenário. Mas não é o caso. Wheel of Time é muito mais parecido com as Crônicas Saxônicas do Cornwell nesse sentido. É uma série de quinze livros que são basicamente uma grande história contínua.
Cabe aqui uma curiosidade: No meio da década de 80, depois de ter escrito vários romances sobre Conan (sim, o cimério bárbaro de peito depilado, esse mesmo) ele foi procurar um editor com a idéia de criar uma trilogia de livros de fantasia. O editor, Tom Doherty, conhecendo Jordan, que era notório por escrever séries longas, resolver fechar um contrato pra seis livros logo de uma vez. Considerando os doze livros que Jordan escreveu e mais um último que ele deixou pra ser escrito depois de sua morte, aquele contrato foi definitivamente uma grande idéia! De fato, a cena final desse terceiro livro era, originalmente, o final do primeiro livro, o que dá uma idéia de como Jordan costuma se amarrar em sua narrativa - o que, alias é absolutamente excelente!
Bueno, depois de falar sobre os bastidores, vamos ver o que podemos dizer sobre o livro em si, com o mínimo possível de revelações sobre a trama!
Há dois aspectos sobre esse livro que me agradaram bastante. O primeiro é o fato de que Jordan divide o grupo principal em núcleos menores, desenvolvendo muito mais cada um deles do que nos livros anteriores, além de introduzir uma série de novos personagens que enriquecem bastante a história. O segundo aspeto, derivado do primeiro, que me agrado bastante foi que, tendo dividido os personagens em grupos menores, Jordan desenvolve o papel de cada personagem na trama com mais objetividade e faz com que suas próprias tramas pessoais fiquem mais claras e delineadas - não relegando eles à simplesmente coadjuvantes na grande saga do Dragão Renascido, como nos dois primeiros livros.
Não que Jordan não tenha dividido o grupo em algumas partes dos livros anteriores, mas antes desse terceiro livro todos os personagens ainda estavam focados, mesmo quando separados, em dar apoio ao protagonista e tiveram pouco desenvolvimento em suas buscas pessoais. E, na verdade, acho que a decisão de fazer isso apenas nesse terceiro volume foi acertadíssima, já que os primeiros dois livros se concentraram em apresentar o cenário, a trama principal que rege a história e os vilões e seus objetivos. Ter desenvolvido todos os personagens à fundo nos livros anteriores provavelmente teria tornado a coisa toda bem confusa!
Em suma, gostei muito de como Jordan desenvolve a trama e os personagens nesse livro. É uma grande história, com um excelente cenário e personagens muito bem construídos.
Leitura fortemente recomendada!
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
The Great Hunt
Se The Eye of the World me deixou com uma boa impressão por apresentar um cenário sólido e uma trama convincene, The Great Hunt me conquistou pela capacidade narrativa de Robert Jodan.
Nesse segundo volume da série The Wheel of Time, com o cenário consolidado e a trama já em andamento, fiquei impressionado com o ritmo que Jordan dá à história, impulsionando tudo pra frente como uma locomotiva a vapor.
Apesar do livro ser dividido em duas partes, ele tem, na verdade, três divisões mais distintas: a primeira parte do livro trata de emparelhar os rumos dos personagens depois dos eventos narrados nos primeiro livro, a segunda parte apresenta novos problemas derivados do primeiro livro (a Grande Caçada que dá nome à este livro) e a terceira parte apresenta uma "sub-trama" que, apesar de perfeitamente entrelaçados com o cenário, pouco têm a ver com a trama principal da história.
Jordan produz uma narrativa tão desenvolta que mesmo quando os personagens (e o leitor) são pegos de surpresa por essa trama aberrante no final do volume, tu só te dá conta quando chega no final do livro e pensa "Como é que ele criou toda essa história paralela, envolveu todos os personagens nela, e eu só me dei conta agora?". É absolutamente impressionante!
O final do livro é extremamente relevante, é claro, e não uma "trama solta" dentro da história como um todo. De fato, ela tem um impacto bastante considerável em vários personagens, e apesar de auto-contida, ela certamente tem bastante relevância para o cenário como um todo.
De fato, o que eu achei mais interessante no final do livro foi o fato de que ele expande consideravelmente o cenário, apresenta novas culturas cheias de nuances extremamente interessantes e quando a trama toda é finalmente resolvida, tu fica querendo que ele volte lá e conte mais sobre aquela gente. E apesar de saber que o próximo livro vai voltar à grande história principal, eu realmente espero ver mais sobre os Seanchan em futuros livros!
Um excelente livro, exatamente no mesmo nível do primeiro! Leitura fortemente recomendada!
Nesse segundo volume da série The Wheel of Time, com o cenário consolidado e a trama já em andamento, fiquei impressionado com o ritmo que Jordan dá à história, impulsionando tudo pra frente como uma locomotiva a vapor.
Apesar do livro ser dividido em duas partes, ele tem, na verdade, três divisões mais distintas: a primeira parte do livro trata de emparelhar os rumos dos personagens depois dos eventos narrados nos primeiro livro, a segunda parte apresenta novos problemas derivados do primeiro livro (a Grande Caçada que dá nome à este livro) e a terceira parte apresenta uma "sub-trama" que, apesar de perfeitamente entrelaçados com o cenário, pouco têm a ver com a trama principal da história.
Jordan produz uma narrativa tão desenvolta que mesmo quando os personagens (e o leitor) são pegos de surpresa por essa trama aberrante no final do volume, tu só te dá conta quando chega no final do livro e pensa "Como é que ele criou toda essa história paralela, envolveu todos os personagens nela, e eu só me dei conta agora?". É absolutamente impressionante!
O final do livro é extremamente relevante, é claro, e não uma "trama solta" dentro da história como um todo. De fato, ela tem um impacto bastante considerável em vários personagens, e apesar de auto-contida, ela certamente tem bastante relevância para o cenário como um todo.
De fato, o que eu achei mais interessante no final do livro foi o fato de que ele expande consideravelmente o cenário, apresenta novas culturas cheias de nuances extremamente interessantes e quando a trama toda é finalmente resolvida, tu fica querendo que ele volte lá e conte mais sobre aquela gente. E apesar de saber que o próximo livro vai voltar à grande história principal, eu realmente espero ver mais sobre os Seanchan em futuros livros!
Um excelente livro, exatamente no mesmo nível do primeiro! Leitura fortemente recomendada!
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sábado, 21 de janeiro de 2017
New Spring
Depois de ouvir The Eye of the World, eu fui pesquisar um pouco mais sobre a série - principalmente pra fazer uma resenha fiel - e fiz duas descobertas:
A primeira é que Robert Jordan, o autor da maioria dos livros da série Wheel of Time e criador do cenário havia escrito um livro que precederia os originais. Assim, ao invés de continuar adiante na leitura dos livros. E foi uma decisão acertada, devo dizer. Em primeiro lugar, New Spring explica muito da estrutura da White Tower, que é o nome da sociedade das Aes Sedai - que são, basicamente, as conjuradoras de magia do cenário. Conjuradoras, porque sim, nesse cenário, só mulheres são permitidas conjurar magia.
No final do livro, alias, Jordan diz que decidiu escrever New Spring porque queria explicar algumas coisas com relação à estrutura da sociedade, o que foi definitivamente muito interessante de ler! A primeira metade do livro basicamente é uma grande explicação da estrutura de poder dentro da White Tower e sobre os rituais e passos que uma mulher deve seguir para se tornar uma Aes Sedai. Como eu sou extremamente curioso e gosto de saber e até mesmo extrapolar sobre o funcionamento das coisas (coisas; todas as coisas), achei o livro extremamente divertido!
Esse livro também explica como e porque Moiraine se torna a "guia" das histórias contadas nos livros posteriores, incluindo como ela encontrou seu Warden, Lan - apesar de eu precisar admitir que essa última parte, envolvendo Lan, é a parte menos inspirada da trama.
A segunda descoberta que fiz com relação à série de livros é que Aes Sedai não é Iced Eye! Enquanto lia The Eye of the World (e o começo de New Spring) eu sempre entendi que as conjuradoras eram Iced Eyes, e que eventualmente alguém ia explicar o porque do nome. Mas eventualmente passam a chamar Moiraine de Moraine Sedai e eu me dei conta que não fazia sentido o nome dela ser "(i)ced Eye". Tinha alguma coisa errada. E pesquisando sobre a coisa toda, descobri o verdadeiro título e seu significado (Servants of All, na velha língua).
Um livro interessante, rápido e divertido de ler. Apesar de explicar coisas que podem ser de interesse pra leitores da série, ele serve muito bem como história isolada, sendo perfeitamente auto-contido. Alias, enquanto história auto-contida, é um interessante exercício de extrapolação de "como-é-que-o-mago-guia-da-história-sabe-de-tudo-e-porque-ele-não-explica-porra-nenhuma". Deveras interessante nesse sentido!
E, claro, ele serve de porta de entrada pro cenário. É uma ótima introdução para Wheel of Time.
Leitura fortemente recomendada!
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The Wheel of Time Series
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
The Eye of the World
E começando mais uma série de audiobooks, vamos pra Wheel of Time, de Robert Jordan!
Fiquei com curiosidade de ler essa série desde que o cenário ganhou um RPG, lá nos idos de 2001. A série tem 12 livros escritos por Robert Jordan, o autor original e criador do cenário, e mais uma trilogia que fecha a história, escrita por Brandon Sanderson. Jordan queria escrever todos os livros, mas, infelizmente, morreu em 2007, enquanto escrevia A Memory in Light - que ele pretendia que fosse o capítulo final da história. Mas como ele era diagnosticado com Amiloidose e sabia que havia um sério risco de morrer antes de terminar o livro, ele deixou instruções sobre o rumo da história e o final da saga. Sanderson recebeu a tarefa de terminar o livro, que, de acordo com ele, já estava muito grande e ficaria ainda maior, o que o levou à decisão de dividir a obra em três livros.
Fora essa trilogia escrita por Sanderson, consegui cópias de todos os outros 12 livros (os escritos por jordan, no caso) e dei início a leitura pelo primeiro livro escrito, The Eye of the World - só mais tarde, lendo sobre os livros, descobri que o último livro escrito por Jordan, New Spring, é anterior à trilogia original. Pena, eu preferia ter lido tudo em ordem cronológica. Mas depois deste livro, vou pra New Spring antes de continuar adiante na história.
Bom, mas isso tudo é a história por trás da história. Vamos falar do livro em sí.
Wheel of Time é, aparentemente, uma história clássica de Alta Fantasia (depois da experiência com His Dark Materials, eu provavelmente nunca mais vou ter certeza de categorizar uma série pelo primeiro livro...). Temos pelo menos duas raças além dos humanos, embora os humanos sejam extremamente diversos em termos culturais, o que fica bem óbvio nos livros (e torna o cenário bastante rico) e alguns monstros interessantes, particularmente porque a maioria das coisas-que-rastejam-nas-sombras nesse livro é formada por espíritos amaldiçoados. O cenário é classicamente pseudo-medieval, com uma sociedade bem mais avançada em termos sociais e tecnológicos em geral, como de costume em cenários pseudo-medievais, com tavernas, estalagens, profissionais liberais e coisinhas assim. A maior diferença entre o cenário criado por Jordan e qualquer outro que eu conheça é que, ao menos no reino de Andor, onde a maior parte desse primeiro livro se passa, a sociedade é basicamente matriarcal. E as "magas" do cenário são todas mulheres - homens capazes de canalizar o Poder ficam loucos e geralmente fazem grandes merdas, como mergulhar o mundo em guerras que duram 300 anos ou amaldiçoar cidades inteiras matando sua população toda e coisas assim.
Com relação à trama, temos, é claro, o Lorde-Negro-das-Trevas no livro, que tem nome mas, como eu toda sociedade supersticiosa "nãqo deve ser nomeado", mas ninguém sabe qual o plano maligno dele! O livro, na verdade, é basicamente um corra-por-suas-vidas, com os protagonistas sabendo porque o Lorde-Negro-Das-Trevas está atrás deles, mas sem saber porque! Premissa interessante e muito bem desenrolada ao longo do livro!
Por ser parte de uma troilogia, o livro deixa várias pontas soltas, que devem ser amarradas nos volumes posteriores, mas é extremamente divertido. E na verdade, todas as questões sem resposta me deixaram com vontade de ler os outros livros, ao invés de produzir qualquer espécie de frustração.
E são 12 livros. Logo depois de ter dito que não ia me enfiar numa empreitada semelhante à Shannara, com seus vinte e poucos livros, lá vou eu outra vez pra uma série com mais de uma dúzia de volumes...
Enfim!
Não posso dizer se a érie toda é boa, mas certamente esse primeiro livro vale a leitura!
Fiquei com curiosidade de ler essa série desde que o cenário ganhou um RPG, lá nos idos de 2001. A série tem 12 livros escritos por Robert Jordan, o autor original e criador do cenário, e mais uma trilogia que fecha a história, escrita por Brandon Sanderson. Jordan queria escrever todos os livros, mas, infelizmente, morreu em 2007, enquanto escrevia A Memory in Light - que ele pretendia que fosse o capítulo final da história. Mas como ele era diagnosticado com Amiloidose e sabia que havia um sério risco de morrer antes de terminar o livro, ele deixou instruções sobre o rumo da história e o final da saga. Sanderson recebeu a tarefa de terminar o livro, que, de acordo com ele, já estava muito grande e ficaria ainda maior, o que o levou à decisão de dividir a obra em três livros.
Fora essa trilogia escrita por Sanderson, consegui cópias de todos os outros 12 livros (os escritos por jordan, no caso) e dei início a leitura pelo primeiro livro escrito, The Eye of the World - só mais tarde, lendo sobre os livros, descobri que o último livro escrito por Jordan, New Spring, é anterior à trilogia original. Pena, eu preferia ter lido tudo em ordem cronológica. Mas depois deste livro, vou pra New Spring antes de continuar adiante na história.
Bom, mas isso tudo é a história por trás da história. Vamos falar do livro em sí.
Wheel of Time é, aparentemente, uma história clássica de Alta Fantasia (depois da experiência com His Dark Materials, eu provavelmente nunca mais vou ter certeza de categorizar uma série pelo primeiro livro...). Temos pelo menos duas raças além dos humanos, embora os humanos sejam extremamente diversos em termos culturais, o que fica bem óbvio nos livros (e torna o cenário bastante rico) e alguns monstros interessantes, particularmente porque a maioria das coisas-que-rastejam-nas-sombras nesse livro é formada por espíritos amaldiçoados. O cenário é classicamente pseudo-medieval, com uma sociedade bem mais avançada em termos sociais e tecnológicos em geral, como de costume em cenários pseudo-medievais, com tavernas, estalagens, profissionais liberais e coisinhas assim. A maior diferença entre o cenário criado por Jordan e qualquer outro que eu conheça é que, ao menos no reino de Andor, onde a maior parte desse primeiro livro se passa, a sociedade é basicamente matriarcal. E as "magas" do cenário são todas mulheres - homens capazes de canalizar o Poder ficam loucos e geralmente fazem grandes merdas, como mergulhar o mundo em guerras que duram 300 anos ou amaldiçoar cidades inteiras matando sua população toda e coisas assim.
Com relação à trama, temos, é claro, o Lorde-Negro-das-Trevas no livro, que tem nome mas, como eu toda sociedade supersticiosa "nãqo deve ser nomeado", mas ninguém sabe qual o plano maligno dele! O livro, na verdade, é basicamente um corra-por-suas-vidas, com os protagonistas sabendo porque o Lorde-Negro-Das-Trevas está atrás deles, mas sem saber porque! Premissa interessante e muito bem desenrolada ao longo do livro!
Por ser parte de uma troilogia, o livro deixa várias pontas soltas, que devem ser amarradas nos volumes posteriores, mas é extremamente divertido. E na verdade, todas as questões sem resposta me deixaram com vontade de ler os outros livros, ao invés de produzir qualquer espécie de frustração.
E são 12 livros. Logo depois de ter dito que não ia me enfiar numa empreitada semelhante à Shannara, com seus vinte e poucos livros, lá vou eu outra vez pra uma série com mais de uma dúzia de volumes...
Enfim!
Não posso dizer se a érie toda é boa, mas certamente esse primeiro livro vale a leitura!
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Dragons of Spring Dawning
E chegando ao fim da minha aventura por Krinn, Dragons of Spring Dawning fecha com chave de ouro a trilogia.
Enquanto o primeiro livro da trilogia é uma aventura clássica de D&D, narrado de forma tão eficiente que é possível ouvir o barulho dos dados rolando na mesa algumas vezes, e o segundo é mais focado na história-por-trás-da-história explicando grande parte das questões de mitologia e política do cenário, este terceiro livro possui um tom muito mais opressivo, focado nos vilões da história - incluindo a própria Takisis (ou Tiamat, pra quem assistia Caverna do Dragão) - e seus planos malignos.
Assim como nos dois primeiros livros, a conclusão da trilogia se escora fortemente na relação dos personagens, e faz isso muito bem. De fato, apesar de uma boa trama, o ponto alto da trilogia é a inter-relação dos personagens. Essa é a parte que realmente faz com que os livros valham a pena.
Com relação à trama em si, duas coisas me deixaram um pouco decepcionados. (sim, o próximo parágrafo terá revelações sobre a trama, apesar de serem apenas dois detalhes isolados - se não quiser nenhum nível de revelações, simplesmente prossiga para o próximo parágrafo) Primeiro, com relação à trama geral dos três livros, o fato das tais Dragonlances - que, enfim, dão nome à trilogia (e ao cenário de RPG) - não serem relevantes pra história. Com efeito, nenhuma é empunhada no terceiro livro em momento algum! Segundo, com relação especificamente à esse terceiro volume, Raistlin está ausente da maior parte do livro, e apesar de fazer uma chegada triunfal já perto do fim da história, ele simplesmente não faz diferença alguma pra história. Diferente dos primeiros dois livros, ele só aparece, balança as mãoes e solta luzes, mostra que ficou fodão e... Vai embora. Apesar da participação dele ser interessante no que diz respeito à interação dele com os outros personagens (particularmente Caramon, obviamente) a presença dele é completamente prescindível. De fato, a impressão que eu fiquei é que só incluíram ele no final da história porque ia ficar estranho não dar um fechamento pro personagem.
No geral, no entanto, é um bom livro. Fecha de maneira eficiente a trilogia, deixando a possibilidade para novos livros (como, de fato, aconteceu) mas dando um final apropriado a história.
No frigir dos ovos, a trilogia é, de fato, muito boa, e merece a leitura.
E não, eu não pretendo ler os outros 14 livros da série! Apesar da trilogia de dragonlance ser realmente boa, eu simplesmente não tenho paciência pra ler 14 livros da mesma série. Shannara foi uma experiência incrível, mas não vai se repetir tão cedo.
Enquanto o primeiro livro da trilogia é uma aventura clássica de D&D, narrado de forma tão eficiente que é possível ouvir o barulho dos dados rolando na mesa algumas vezes, e o segundo é mais focado na história-por-trás-da-história explicando grande parte das questões de mitologia e política do cenário, este terceiro livro possui um tom muito mais opressivo, focado nos vilões da história - incluindo a própria Takisis (ou Tiamat, pra quem assistia Caverna do Dragão) - e seus planos malignos.
Assim como nos dois primeiros livros, a conclusão da trilogia se escora fortemente na relação dos personagens, e faz isso muito bem. De fato, apesar de uma boa trama, o ponto alto da trilogia é a inter-relação dos personagens. Essa é a parte que realmente faz com que os livros valham a pena.
Com relação à trama em si, duas coisas me deixaram um pouco decepcionados. (sim, o próximo parágrafo terá revelações sobre a trama, apesar de serem apenas dois detalhes isolados - se não quiser nenhum nível de revelações, simplesmente prossiga para o próximo parágrafo) Primeiro, com relação à trama geral dos três livros, o fato das tais Dragonlances - que, enfim, dão nome à trilogia (e ao cenário de RPG) - não serem relevantes pra história. Com efeito, nenhuma é empunhada no terceiro livro em momento algum! Segundo, com relação especificamente à esse terceiro volume, Raistlin está ausente da maior parte do livro, e apesar de fazer uma chegada triunfal já perto do fim da história, ele simplesmente não faz diferença alguma pra história. Diferente dos primeiros dois livros, ele só aparece, balança as mãoes e solta luzes, mostra que ficou fodão e... Vai embora. Apesar da participação dele ser interessante no que diz respeito à interação dele com os outros personagens (particularmente Caramon, obviamente) a presença dele é completamente prescindível. De fato, a impressão que eu fiquei é que só incluíram ele no final da história porque ia ficar estranho não dar um fechamento pro personagem.
No geral, no entanto, é um bom livro. Fecha de maneira eficiente a trilogia, deixando a possibilidade para novos livros (como, de fato, aconteceu) mas dando um final apropriado a história.
No frigir dos ovos, a trilogia é, de fato, muito boa, e merece a leitura.
E não, eu não pretendo ler os outros 14 livros da série! Apesar da trilogia de dragonlance ser realmente boa, eu simplesmente não tenho paciência pra ler 14 livros da mesma série. Shannara foi uma experiência incrível, mas não vai se repetir tão cedo.
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
Dragons of Winter Night
Dando continuidade à história da trilogia de dragonlance, o inverno chega à Krynn e com ele chegam os dragões azuis! Enquanto Verminaard assola Ansalon com seu grande dragão vermelho, agora é hora de vermos os dragões azuis revoando sobre o continente.
Falando em dragões, eu não falei sobre o cenário ou os personagens na resenha de Dragons of Autumn Twilight, me atendo mais aos antecedentes dos livros e do tema geral da narrativa. É hora de falar do cenário e dos personagens.
Ansalon é um dos continentes do mundo de Krynn, que vêm sofrendo com o aparecimento de dragões e guerras que vêm ocorrendo desde que os deuses, antes presentes no cotidiano, se foram do mundo. Sem sacerdotes para guiarem e protegerem o povo, com charlatões em cada esquina e tiranos capazes de controlar dragões, Ansalon parece muito com o Brasil: corrupção desenfreada, forças militares desacreditadas, povo dividido em grupos extremistas incapazes de dialogar, todo mundo tentando salvar seu couro, mesmo que isso signifique pisar nos outros no processo.
Dentro desse caos completo, os protagonistas do livro, formado por um grupo de amigos que voltam a se reunir depois de passarem cinco anos errando por Ansalon em busca de qualquer vestígio sobre os deuses que abandonaram Krynn. Tasselhoff Burrfoot, um Kender quintessêncial (mão leve, tirador de sarro, irritante e incapaz de perceber qualquer uma dessas características em si mesmo), Flint Fireforge, um anão cuja rabugisse representa o arquétipo de sua raça, Sturm Brightblade, um Cavaleiro de Solamnia e bastião do código de sua irmandade, Raistlin e Caramon Majere, irmãos gêmeos que não poderiam ser mais diferentes: enquanto Raistlin é um mago com um corpo alquebrado e uma mente afiada, Caramon é um guerreiro poderoso mas incapaz de extrapolar situações. E, liderando o grupo, Tanis Halfelf, um meio-elfo (como seu nome implica), lutando para encontrar seu lugar no mundo enquanto precisa liderar os aventureiros adiante.
à esse grupo se juntam Goldmoon e Riverwind, bárbaros das planícies e portadores de um artefato que pode mudar o destino de Krynn.
Quase acidentalmente, o grupo acaba se tornando a única esperança contra as revoadas de dragões que ameaçam o continente, fugindo de amaças que não podem enfrentar e tentando encontrar um meio de combater o mal que avança sobre o mundo.
Sim, é uma trama extremamente maniqueísta, mas é justamente pelo fato de todos os personagens terem muitos tons de cinza, e não serem apenas arquétipos de heróis perfeitos o que torna a jornada deles tão interessante de acompanhar!
Ou, na verdade, o que me agradou no livro tenha sido justamente o fato de ser uma clássica história do bem contra o mal, com heróis lutando pelo que é certo, algo que, há algum tempo, eu não "lia".
Um livro divertido, bem escrito e interessante, principalmente nesses tempos em que os anti-heróis se tornaram tão populares.
Falando em dragões, eu não falei sobre o cenário ou os personagens na resenha de Dragons of Autumn Twilight, me atendo mais aos antecedentes dos livros e do tema geral da narrativa. É hora de falar do cenário e dos personagens.
Ansalon é um dos continentes do mundo de Krynn, que vêm sofrendo com o aparecimento de dragões e guerras que vêm ocorrendo desde que os deuses, antes presentes no cotidiano, se foram do mundo. Sem sacerdotes para guiarem e protegerem o povo, com charlatões em cada esquina e tiranos capazes de controlar dragões, Ansalon parece muito com o Brasil: corrupção desenfreada, forças militares desacreditadas, povo dividido em grupos extremistas incapazes de dialogar, todo mundo tentando salvar seu couro, mesmo que isso signifique pisar nos outros no processo.
Dentro desse caos completo, os protagonistas do livro, formado por um grupo de amigos que voltam a se reunir depois de passarem cinco anos errando por Ansalon em busca de qualquer vestígio sobre os deuses que abandonaram Krynn. Tasselhoff Burrfoot, um Kender quintessêncial (mão leve, tirador de sarro, irritante e incapaz de perceber qualquer uma dessas características em si mesmo), Flint Fireforge, um anão cuja rabugisse representa o arquétipo de sua raça, Sturm Brightblade, um Cavaleiro de Solamnia e bastião do código de sua irmandade, Raistlin e Caramon Majere, irmãos gêmeos que não poderiam ser mais diferentes: enquanto Raistlin é um mago com um corpo alquebrado e uma mente afiada, Caramon é um guerreiro poderoso mas incapaz de extrapolar situações. E, liderando o grupo, Tanis Halfelf, um meio-elfo (como seu nome implica), lutando para encontrar seu lugar no mundo enquanto precisa liderar os aventureiros adiante.
à esse grupo se juntam Goldmoon e Riverwind, bárbaros das planícies e portadores de um artefato que pode mudar o destino de Krynn.
Quase acidentalmente, o grupo acaba se tornando a única esperança contra as revoadas de dragões que ameaçam o continente, fugindo de amaças que não podem enfrentar e tentando encontrar um meio de combater o mal que avança sobre o mundo.
Sim, é uma trama extremamente maniqueísta, mas é justamente pelo fato de todos os personagens terem muitos tons de cinza, e não serem apenas arquétipos de heróis perfeitos o que torna a jornada deles tão interessante de acompanhar!
Ou, na verdade, o que me agradou no livro tenha sido justamente o fato de ser uma clássica história do bem contra o mal, com heróis lutando pelo que é certo, algo que, há algum tempo, eu não "lia".
Um livro divertido, bem escrito e interessante, principalmente nesses tempos em que os anti-heróis se tornaram tão populares.
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