sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Fernão Capelo Gaivota

Já escrevi algumas resenhas de livros de Richard Bach aqui no Café com Letra, e um de seus livros inclusive figura na minha lista de livros que eu mais recomendo a leitura, pra todo mundo.

Fernão Capelo Gaivota é, possivelmente, um dos livros mais famosos de Bach. Foi escrito na década de 70, e é bom manter isso em mente durante a leitura. Porque? Bom, vamos por partes.

Primeiro, essa é a história de uma gaivota, como provavelmente fica evidente no título - eu, particularmente, não tinha certeza. Uma gaivota estranha, que gosta de voar, mais do que de comer, e que na verdade é extremamente fissurada na 'arte de voar mais e melhor'. Na verdade, resumidamente, é a história sobre obsessão.

Mas também é uma história - provavelmente a primeira de muitas histórias de Bach sobre o assunto - sobre um messias. Fernão acaba se tornando uma espécie de 'avatar das gaivotas voadoras' u algo assim. Ele encontra outros desajustados como ele, ensina-os a fazer as bizarrices que ele mesmo faz e assim ajuda a espalhar a idéia de que gaivotas deveriam se preocupar mais com voar e menos com comer. Eu já mencionei que é uma história sobre obsessão?

Fernão é tão bom em praticar sua obsessiva busca pela perfeição do vôo que, eventualmente acaba sendo contactada por gaivotas celestiais, que o levam para o plano das gaivotas voadoras, ou algo assim. Lá ele encontra outras gaivotas que se dedicaram ao vôo mais do que a comida e que, assim como Fernão morreram de ianiç... Erm... Ascenderam à um plano superior, melhor dizendo, onde trocam experiências de vôo e passam o dia todo praticando. Como eu disse antes, obsessão.

Eventualmente Fernão é enviado de volta à terra das gaivotas mais realistas, digo, menos iluminadas sobre as verdadeiras razões da vida, com a missão de procurar aquelas que como ele e seus amigos possuem uma obsessão em comum na arte do vôo. É, obsessão é a palavra chave aqui também.

Sim, é um livro sobre procurar a perfeição, sobre amar o próximo e não deixar ninguém pra trás. De um ponto de vista. Eu particularmente li uma história sobre uma gaivota obsessiva que quer fazer as outras perceberem como ele está certo e não é um completo desajustado - afinal, existe um plano superior com gaivotas celestiais que existem somente pra praticar o vôo, então como ele poderia estar errado?

Mas, como eu disse lá no começo, esse livro é do começo da década de 70. Época do paz e amor, em que as pessoas tinham muitas dúvidas e poucas certezas, e messias eram interessantes. Hoje, porém, e um livro prosaico que fala sobre - adivinhem? - uma gaivota e sua obsessão por voar.

Certamente meu livro preterido de Bach até o momento. Na verdade, foi o primeiro livro dele que eu tenho que admitir que não gostei. Na minha humilde opinião, é um livro de auto-ajuda antes da auto-ajuda ter ganhado uma sessão só pra sí nas livrarias, nada mais, nada menos.

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