domingo, 21 de agosto de 2011

As Viagens de Gulliver


demorei muuuuito tempo lendo esse livro. achei ele estupidamente chato, e com um final "critica social" muito pedante.

Ok, é um conto de fantasia, mas que tenta encontrar soluções inteligentes - e que se mostram bem ingênuas - pro fato da um monte de terras estranhas com gente estranha nunca terem sido encontradas antes... Além disso, muita coisa simplesmente não faz sentido ou é excessivamente bobas.

A parte que mais me incomodou foi o fato de que todos os povos que Gulliver encontra em suas viagens parece mais simples, mais interessante e mais inteligente do que o povo europeu padrão da época. Jonathan Swift parece odiar toda a cultura europeia, principalmente a inglesa, e faz de tudo para diminuí-la. De acordo com o autor, todos os governantes são déspotas, todos os advogados são mentirosos, todos os juizes são corruptos e cada ser humano quer ver os outros pelas costas - ou sob seus pés.

Claro, é uma crítica ao estado inglês da época. Na primeira viagem, Gulliver chega a Liliput, que combatiam em uma guerra antiga com Blefuscu. O motivo da guerra seria o modo correto de se quebrarem os ovos, sátira óbvia ao pouco caso para com os assuntos urgentes da política, às picuinhas e às declarações de ódio aos homens de pensamento minimamente divergente dos seus. Como Swift era Irlandês, ele provavelmente estava fazendo sua crítica à situação política de Inglaterra e Irlanda.

Para mim, brasileiro do século XXI, pra quem a cultura inglesa de século XVIII já é quase uma cultura de fantasia, o livro parece ter sido escrito por um interno de um hospício que tem vários problemas mentais. Lemuel Gulliver fala sobre sí com muita freqüência na terceira pessoa, É megalomaníaco, convencido de que é extremamente sábio e mais capaz de analisar o mundo do que seus conterrâneos, considera a sí mesmo como uma pessoa extremamente agradável e magnética, é capaz de aprender qualquer língua em questão de dias e acredita em homens minúsculos, gigantes, cidades voadoras e cavalos que constroem casas! E tenta fazer seu interlocutor acreditar que é tudo a mais pura verdade!

Na humilde opinião deste leitor, uma crítica política ao estado ingês dos idos de mil e setecentos não tem o menor valor de crítica social, exceto pela graça. Sim, há muitas comparações possíveis entre aquela cultura e a nossa cultura contemporânea, mas no fim, misturar um conto de fantasia com crítica social pesada simplesmente faz com que a crítica pareça leviana e acaba por embotar a fantasia da leitura.

Principalmente porque, diferente da Revolução dos Bichos, por exemplo, As Viagens de Gullivertem uma crítica direta, não mascarada, que só me fazia querer pularumas páginas enquanto Gulliver demonstrava o quanto seu orgulho por sua pátria não passava de falsidade.

E cavalos que usam os cascos com tanta habilidade quanto um homem usa as mãos? Não, amigo, não me convenceu! Não mesmo! Fiquei só imaginando um cavalo tentando pregar as tábas de uma casa... Ai, ai...

Apesar de ser um clássico da literatura inglesa, eu definitivamente não recomendo.

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