domingo, 10 de novembro de 2024

She: A History of Adventure


    She, ou nas versões traduzidas para o português, Ela, a Feiticeira, é um livro de aventura do autor Sir Henry Rider Haggard publicado em 1887. 

    Sir Henry Rider Haggard (ou H. Rider Haggard, como assinava seus livros) publicou 50 livro ao longo de sua vida, tendo outros 5 publicados post morten. Foi um pioneiro no gênero litrerário Mundo Perdido, e sua obra mais conhecida, várias vezes adaptada para cinema de uma ou outra forma é As Minas do Rei Salomão. 

    Eu já tinha ouvido falar nas Minas do Rei Salomão - assisti pelo menos três adaptações em filme - mas honestamente, nunca ftive muito interesse em procurar o livro original. 'She', no entanto, era uma obra que eu desconhecia completamente até recentemente, quando encontrei na rede uma imagem de personagens de ficção heróica d final dos século 10 e começo do século 20. A imagem tinha vários personagens que eu reconhecia (e que, graças à minha péssima meória, eu não lembro mais quem eram, com exceção do Tarzan), com uma única exceção: Uma mulher pálida, em um vestido e véus brancos, anotada na imagem como "Ayesha". Fui pesquisar sobre ela, descobri o livro e subsequentemente encontrei a versão em audio na Librivox. Apesar da obra completa estar à disposição no site - assim como inúmeros outros - eu admito que é um pouco complexo de ouvir pela troca constante de narradores entre os capitulos, incluindo alguns narradores que não falantes nativos do inglês, o que em parte atrapalha a imersão e, por outro lado, soa engraçado em algumas partes, o que reduzo impacto da narrativa tensa, principalmente nos capítulos finais. 

    'She' é uma narrativa moldura escrita em forma epistolar: a história da viagem de Horace Holly e Leo Vincey à Africa para desvendar um mistério do passado de Leo é manuscrita por Holly, e o calhamaço então é entregue para um editor inglês, quando o par de aventureiros reotrnam à sua terra natal. O editor nos conta como conheceu rapidamente os protagonista e então, alguns anos mais tarde, recebeu o manuscrito que agora está sendo puvlicado em forma de livro.

O "Ostraco de Amenartas,
criado pela irmã de Haggard, Agnes Barber,
usado para produzir fac-símiles
que ilustravam algumas versões do livro.
 

    O enredo do livro segue Horace Holly, um jovem professor da Universidade de Cambridge, que recebe de Vincey, seu melhor amigo, a tarefa de criar seu filho, Leo. Ele dá a Holly uma espécie de cofre, com instruções de que ela não deve ser aberta até o aniversário de 25 anos de Leo. Quando a caixa é aberta, eles descobrem o antigo "Óstraco de Amenartas" - um fragmento de cerâmica com inscrições em grego, - além de uma tradução para o latim do Ostraco, com instruções e informações extras, aparentemente recolhidas pelos ancestrais de Leo. O conjunto cria um enigma relativo à origem de Leo e um mistério envolvendo uma antiga sacerdotisa egipcias. Seguindo as instruções encontradas no cofre, Holly, Leo e seu servo, Job, viajam para o leste da África.

    'She' é uma obra fortemente estabelecido em ideais neoimperialistas, enaltecendo os princípios da cultura inglesa e retratando os nativos africanos com uma cultura selvagem - em contraste com a erudita e esclarecida Ayesha, de origem Árabe, que apresenta ponderações filosóficas sobre religião e política e desdenha dos ingleses que consideram seus feitos como "bruxaria"

    De fato, uma das coisas que eu estranho na escoha da tradução para o português da obra, é o fato de Ayesha mas de uma vez repreender Holly quando este presenciava algum feito "milagroso" derivado dos seus conhecimentos chamando-os de feitiçaria ou magia. Ela sempre se identifica como uma mulher da ciência, que passou literalmente séculos aprimorando seus conhecimentos, desdenhando até mesmo de noções de religião como mera crendice e superstição sem fundamento. 

A obra também toca em alguns assuntos referentes à sexualidade, apresentando uma cultura matriarcal entre os Amahagger (a tribo que reverencia Ayesha e no meio dos quais os protaginstas estão inseridos durante a maior parte da história) e retrata Ayesha como uma mulher irresistível e totalmente ciente disso, que utiliza este atributo para subjugar e dominar facilmente tanto Holly (um misógino contumaz) quanto Leo (determinado a rejeitar Ayesha por seus atos relacionados à uma nativa).

    Eu admito que, apesar de ser apresentada como a antagonista da história, Ayesha é a personagem com pela qual eu senti a maior empatia. Ela tem objetivos claros, uma visão de mundo esclarecida e conhece perfeitamente suas capacidades. Enquanto isso, Holly tem sérios problemas em lidar com sua aparência - ele é feio ao ponto de ser apelidado de "babuíno" pelos Amahagger - sendo extremamente autoreferente e um tanto preconceituoso. Leo, embora seja retratado como o perfeito cavalheiro inglês, passa uma certa infantilidade e empáfia de quem sempre teve tudo o que quis, e embora tenha tido acesso à toda a cultura acessível em seu tempo, é bastante imaturo e pouco perspicaz. 

Mas isso pode ser preconceito de um leitor inserido no paradigma do século 21, lendo uma obra com quase 140 anos de idade. 

Enfim! 

Há mais três livros com Ayesha como personagem, publicados por Haggard, incluindo um encontro com Allan Quartermain, e eu estou bastante inclinado a procurar esses livros noa Librivox pra ler todo que ele escreveu sobre a personagem - e provavelmente vou ler As Minas do Rei Salomão e os outros livros do Allan Quarterman. 

Gostei bastante da escrita de Haggard, e achei as idéias e a trama do livro excelentes! 

Leitura fortemente recomendada! 

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Série Infinity's End

 Ano passado eu ouvi e resenhei os três primeiros livros da série Infinity's End, Caspian's Gambit, Caspian's Fortune (em uma única resenha) e Tempest Rising. A série foi escrita por Eric Warren e a versão que eu ouvi da série foi narrada por Larry Gorman - que faz um excelente trabalho, alias! 

Eu honestamente achei que estava mantendo a série resenhada "em dia" a medida que fui terminando cada livro, então foi uma considerável surpresa chegar aqui e descobrir que só tinha resenhado os primeiros dois volumes e o conto introdutório! 

Não vou resenhar cada um dos livros separadamente, porque minha memória não é boa o suficiente pra separar a trama de cada um individualmente - em teoria, é pra isso que eu mantenho esse maldito blog... - então vou resumir minha experiência aqui dos volumes 3 à 9 da série: Darkest Reach, Journey's Edge, Secrets Past, Planetfall, Broken Links, Memory's Blade e Infinity's End.

A série toda está no canal do autor, no youtube, e acredito que foi colocada lá por ele mesmo, considerando os comentários nos vídeos, o fato deles estarem lá há 2 anos sem repercussões e com uma considerável quantidade de comentários, reações e visualizações. 

Não que Eric Warren seja um grande autor - ele sequer tem uma entrada na wikipedia, o que diz muito sobre seu reconhecimento - e eu duvido muito que alguém teria se dado ao trabalho de piratear o trabalho do sujeito. 

O comentário acima provavelmente deixa claro o que eu achei da série... 

Como eu disse nos primeiros dois volumes, Eric Warren não traz nada de novo nos seus livros. É um space opera bem básico, com muitos alienígenas (interessantes e diversos, de fato, mas nada particularmente inovador) e uma trama de ameaça galáctica, na forma de uma espécie invasora que aparentemente tem capacidades de distorção temporal, oferecendo uma ameaça considerável à Coalisão (a Federação de Star Trek com um nome um pouco diferente). 

O protagonista da série é Caspian Robeaux, que no primeiro livro é um ex-membro da Coalisão que foi exonerado graças à um incidente à alguns anos. Sem dinheiro, trabalhando pra vigaristas pra conseguir consertar uma nave velha e tendo como unico aliado um velho robô com um senso de humor questionável. Ele recebe, eventualmente, a proposta pra um serviço pra Coalisão que pode limpar o seu nome - porque, obviamente, ele não cometeu nenhum erro realmente, e só foi incriminado injustamente. 

Nos livros subsequentes - e aqui obviamente haverão releelações sobre a trama! - ele se torna um membro relutante da Tempest (cuja tripulação não confia nele, porque, afinal, ele é um criminoso) na tentativa de contactar os Sil, uma espécie alienígena que não faz parte da Coalisão, tendo uma tecnologia muito mais desenvolvida, e que pode ajudar com a ameaça que vem do outro lado da galáxia. 

Acontece que o tal incidente que fez Robeaux ser expulso da Coalisão foi justamente um ataque à uma nave Sil usando uma tecnologia experimental. De maneira bastante forçada, eles conseguem contatar os Sil, e até garantem um emissário da espécie pra ajudar com a tal ameaça intergaláctica. 

No processo, no entanto, eles enfrentam um monstro interdimensional que quase consome a nave, e uma parte da tripullação (incluindo o capitão) morre no processo. Entre as pessoas, o interesse romantico de Robeaux. 

E é a partir daqui que a trama vai pro espaço (trocadilho obbviamente intencional). 

Além de um permanente estado de insegurança por parte de Robeaux, que de alguma forma ainda consegue ter apoio de alguns membros da tripulação da Tempest, mesmo sendo um bêbado inútil com passado criminoso. A tripulação usa tecnologia Sil em conjunto com tecnologia experimental pra melhorar a eficiência da Tempest (o correspondente à construir um carro de fórmula 1 a partir de um fusca, em uma semana, estando dentro du fusca no processo) o que permite que eles vão de encontro com a ameaça galãctica (sozinhos, porque eles são a única nave da Coalisão que tem potência de um carro de fórmula 1...) comandados pela primeira oficial da nave. 

Eles acabam apanhando feio para os Athru (a espécie que vem de fora da galáxia com sua tecnologia de deslocamento temporal), caem em um planeta temporalmente embriagado, descobrem que a primeira oficial é meio Athru, uma descoberta que custa a vida de alguns tripulantes (incluindo a namorada da primeira oficial) porque a personalidade Athru recém desperta é dominante - mas logo em seguida é subjugada, porque ela só era necessária pra haver esse ataque psicótico da primeira oficial. Como a primeira oficial não é mais confiável, Robeaux (que agora todos sabem que foi injustamente acusado do incidente com os Sil anos atrás) se torna o novo capitão, eles conseguem sair do planeta deslocado no tempo pra descobrir que se passarma 50 anos na Tempest - que estava em órbita - e que agora toda a galáxia está dominada pelos Athru. 

Finalmente eles divisam um plano pra contactar os Sil (apesar da emissária ser considerada uma traidora por... Motivos) que se aliaram aos Athru mas não gostam deles, e graças à mãe da primeira oficial (que é uma Athru; a mãe, não a primeira oficial, que é só meio-athru) eles bolam uma estratégia totalmente descabida de atacar a ameaça de dentro, com uma única nave, que apesar de ser uma relíquia do passado (à essas alturas o equivalente à um Modelo T nas ruas de hoje) AINDA é mais eficiente do que todas as outras neves singulares. 

Nota: Eu sei que a Tempest ser a nave mais pica das galáxias vem do fato dela ter tecnologia Sil combinada com tecnologia da Coalisão em conjunto com uma tecnologia experimental, que seria o equivalente à ter uma bomba atômica durante a primeira guerra, mas seria um tanque, com uma bomba atômica, contra toda a europa, que no momento está aliada à Asia... Sei lá, pra mim não fez o menor sentido... 

Enfim! 

Eles descobrem que os Athru são uma "versão evoluída" dos humanos, que passaram tipo 3 milões de anos em um planeta fora de sincronia com o resto da realidade, e que o planeta terra não é o planeta natal dos humanos, que na verdade são o resquício de uma raça que morreu milênios atrás, só que antes mandou "naves arca" com humanos criogênizados pelo espaço. Uma dessas naves chegou na "terra" onde uma outra raça alienígena ajudou eles a terraformar o planeta, o que levou à formação da coalisão, enquanto os Athru estavam evoluindo à moda louco na galáxia ao lado. Então os Athru - com milhões de anos de tecnologia na frente, e sem nenhuma semelhança com um humanos - decidiram que os humanos deveriam ser eliminados porque eles eram uma mancha na pureza genética da raça, uma espécie de ancestral defeituoso que ainda andava por aí. 

Eles vão lá, explodem tudo, a mãe da primeira oficial morre, Robeaux é considerado um herói, os 100 humanos que sobraram decidem reerguer a Coalisão (que, honestamente, era uma organização pra lá de problemática), Box (o robô com senso de humor questionável, lembra? eu mencionei ele lá no começo) vira chefe da enfermaria da Tempest, fim. 

Tem um ou dois outros personagens relevantes que eu deixei de fora - como a emissária dos Sil - de propósito, porque o texto já tá mais longo do que essa série vale... 

O fato é que a construção de cenário tem vááários problemas. Além do final scooby-doo, que deixa tudo ainda mais bizonho; os Athru estavam todos concentrados ao redor de um único planeta, esperando uma bomba atômica explodir eles, e não tinham nenhum tipo de decentralização de comando: o Palpatine (porque eles tinham um Grande Lorde Negro do Mal, obviamente) era o único que mandava na espécie toda, e quando ele morreu ninguém mais achou que valia a pena exterminar os humanos, que eram vistos, até agora, como moralmente falhos e inclinados à genocídios - o que foi provado quando eles eliminaram uma parte considerável dos Athru. Mas não, sem o Palpatine, o resto dos Athru, muito mais avançados tecnologicamente que todas as outras espécies por aí vão simplesmente ir embora, boa sorte, apaga a luz o último que sair. 

Tá certo. 

Daí tem os robôs. O Box é o melhor piloto, o melhor médico, o melhor engenheiro e o melhor combatente da tripulação da Tempest, sem competição. E ele é um modelo antigo de robô, desenvolvido pra carga. Mas, estranhamente, não tem nenhum outro robô na Tempest - ou em qualquer lugar na história. Considerando as capacidades de um robô, porque não ter um contingente deles em cada nave, se pra mais nada, pra trabalhos perigosos como explorar planetas desconhecidos ou trabalho pesado? Em Star Trek, os androides não existem por razões sociais largamente explicadas dentro do cenario, e o Data é basicamente uma entidade singular. Em Star Wars, droides são empregados pra uma enorme variedade de trabalhos, mas tem a personalidade apagada de tempos em tempos pra não causarem problema. Agora, em Infinity's End, não tem nada disso. Box nunca é considerado um objeto, mas sim um indivíduo, todo mundo sabe que robôs existem por aí, mas por algum motivo todo mundo decide, sem razão nenhuma, que robôs são "desnecessários". 

E a primeira oficial usa a porra de uma katana! Uma katana, caralho! 

Bom, como eu disse, eu tive problemas com a série. Particularmente o último livro, que parece apressado, tem várias reviravoltas completamente estapafúrdias, uma quantidade de Deus ex Machina que eu não esperava e esplicações costuradas com macarrão cozido demais. Eu tinha remado um pouco pra terminar o livro oito, e a choradeira constante da primeira oficial e do Robeaux me cansaram eventualmente, mas o final da série é o que acabou com a série pra mim. 

Provavelmente não lerei - ou ouvirei, enfim - nada do Eric Warren no futuro, e, obviamente, não recomendo a série; mesmo estando à disposição no youtube de forma totalmente gratuita, é só perda de tempo. 

Enfim, pode ser que tenha gente que, como eu, tenha tempo pra perder. Vai saber...