Terceiro livro da série de Terry Pratchet sobre a Discoterra (eu realmente gostei do som da palavra!), Equal Rites é o primeiro livro da série especificamente focada em bruxas dentro do cenário.
O título faz alusão ao termo "Equal Rights", já que é basicamente um livro sobre uma personagem querendo ter os mesmos direitos de, bom, outros personagens. No caso, uma Bruxa de criação decide que quer se tornar um Mago. Veja, na Discoterra, BruxAS são Bruxas e MagOS são Magos. Perceba que há uma exigência de gênero aí - duvido que Pratchet entre nas questões de "fluiditismo" (??) de gênero mais adiante na série, mas não me surpreenderia... Mas, por uma dessas coisas bizarras que acontecem na Discoterra, o nascimento de um Mago, previsto e premonizado com precisão pelos estudiosos, acaba se revelendo o nascimento de uma Bruxa. E agora a pobre Eskarina (que nome maravilhoso, alias!) precisa lidar com o fato de que é um Mago e também uma Bruxa - e o que fazer com ambas as tradições e seus ensinamentos extremamente dissimilares!
Um livro bastante divertido, embora menos engraçado e mais contemplativo do que o primeiro. Tem vários momentos que me fizeram rir bastante, mas ao mesmo tempo permite refletir no status quo da Discoterra de modo mais profundo. Eu fico honestamente embasbacado como, num cenário totalmente caótico como o que Pratchet criou, ainda há lugar para senso comum em alguns casos - e, de fato, esse é um dos poucos fatores de descontentamento pra mim nos livros até aqui. Veja: as regras de física, geografia, história e, bom, tudo o mais, funcionam de forma bastante diversa na Discoterra. A luz é mais lenta, os planetas literalmente são planos, a magia e a Morte são reais, há multiplos universos adjacentes... Tudo isso comprovado. Mas ainda assim, o senso comum dos habitantes locais - mesmo sendo totalmente desconsiderados em termos gerais - funcionam exatamente como na nossa realidade, o que, pra mim, não faz o menor sentido - o que, por sua vez, é um fator bastante interessante dentro de um cenário, em essência, nonsensical (na~otenho idéia se existe um termo que descreva isso bem em bom português, então vou manter o termo em inglês, apesar da minha relutância geral em fazer isso).
Como um todo, é um bom livro, com uma trama interessante, divertida e muito bem desenvolvida. E apesar de sentir uma certa falta de Rincewind e seu comportamento... Errático, Eskarina é uma personagem bastante interessante e eu mal posso esperar pra ler outros livros com ela!
Leitura fortemente recomendada! De fato, esse livro é o primeiro da série de Witches Novels da Discoterra, então ele pode perfeitamente ser o início da jornada pelo cenário de Pratchet sem nenhum problema!