domingo, 24 de janeiro de 2021

Redemption Ark

 


Depois da distância entre a trama do segundo livro do universo de Revelation Space em relação ao seu antecessor, o terceiro livro da série parece um trem descarrilhado arrastando os primeiros dois livros e vários contos de Reynolds em uma trilha violenta de referências - e eu digo isso de forma absolutamente elogiosa! 

Todos os personagens dos outros dois livros estão presentes no terceiro livro, além de vários personagens de outros contos. Embora nem todos eles possuam papel central na trama - e alguns não façam mais do que pequenas aparições - ou estejam "escondidos" sob novas identidades (o que, devo adicionar, torna a presença deles ainda mais interessante!). 

Além de personagens que estão presentes em Revelation Space e Chasm City, o grupo de Conjoiners extremamente relevantes para a trama deste livro aparecem inicialmente nos contos Beyond The Wall of Mars e Glacial, e eu recomendo fortemente a leitura destes dois contos antes de enveredar nesse terceiro livro da série, já que [os contos] trazem a origem e explicam as relações destes personagens, o que é amplamente explorado ao longo de Redemption Ark. Reynolds faz um excelente trabalho explicando o papel e a relação deles ao longo deste livro pra que não seja necessário ler os contos onde eles aparecem originalmente, mas ter livro ambos os contos antes deste livro fez uma boa diferença pra entender a dinâmica do grupo logo de saída. 

Definitivamente uma excelente continuação dos dois livros anteriores. Mal posso esperar pra seguir pro próximo livro da série! 

Leitura fortemente recomendada! 


--- REVELAÇÕES SOBRE A TRAMA! ---


Apesar de termos ulguma exposição aos Grubs, a parte mais interessante deste livro - com relação à mitologia do cenário - é uma explicação mais detalhada sobre o real propósito dos Inibidores. Aparentemente, a Via Láctea está em rota de colisão com a galáxia mais próxima, e o impacto deve ocorrer em cerca de três bilhões de anos no futuro. Pelas estimativas dos Inibidores, se houver um desenvolvimento de vida orgânica na galáxia nesse meio tempo, as diferenças culturais entre aquelas espécies que conseguirem desenvolver viagens interestelares será grande demais para que elas consigam chegar à um acordo sobre como lidar com a crise, levando à uma extinção em massa da vida na galáxia. Os Inibidores portanto consideram que é mais interessante que a vida sensciente seja mantida sob controle até que ocorra o impacto, pra que, depois disso, a vida na galáxia unificada possa se desenvolver com mais qualidade. 

Eu, pessoalmente, vejo três problemas nessa linha de raciocínio: O primeiro é que os Inibidores estão cometendo genocídio galáctico pra prevenir genocídio galáctico, o que me parece bastante hipócrita. O segundo é que as máquinas não tem como ter certeza se um grupo de espécies senscientes seria realmente capaz de lidar com a crise; é matematicamente provável, mas como não há como saber como cada cultura individual se desenvolveria (principalmente ao longo de três bilhões de anos), não parece lógico presumir que em nenhuma combinação de culturas senscientes se desenvolvendo seria impossível uma espécie de coalisão com um objetivo bem definido e eficiente em comum. E a terceira é que eles não tem como saber como (ou se) vida inteligente orgânica ou artificial se desenvolveu na galáxia vizinha, e portanto não tem como calcular o tamanho do estrago caso uma forma de inteligência desta outra galáxia entrasse em contato com uma galáxia "inibida" como a que eles vêm mantendo. 

Além disso, num nível de niilismo de bilhões de anos, como é o caso, os Inibidores podem perfeitamente possível concluir que nenhuma vida inteligente deveria se desenvolver no universo inteiro já que a lei de entropia diz que não há como nenhuma espécie sobreviver ao fim da energia da existência, então.... 

Enfim. Acredito que Reynolds deve lidar com essas discussões filosóficas em livros futuros. Ou ao menos espero que sim.... 

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