quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O Nome do Vento

Tenho ouvido falar nesse livro há anos, recomendado por vários amigos. Admito que, no entanto, nunca me interessei em ler, particularmente depois de descobrir que se tratava do primeiro livro de uma trilogia cujo último livro ainda não tinha sido publicado - já é suficiente ter que esperar pelos livros das Crônicas Saxônicas. Agrava o caso o fato do primeiro livro ser de 2009 e o segundo ser de 2011. Dois anos entre os primeiros dois volumes, e agora um intervalo de cinco anos e nada do terceiro. Sabe-se lá quanto tempo vai levar ainda pra que a história seja concluída. 

Mas, então, consegui o livro emprestado à alguns dias, e apesar da resistência, resolvi ler. Afinal, o máximo que poderia acontecer - além do livro ser muito ruim, claro - seria ter uma história sem fim. Poderia ser pior, considerando o número de livros que tem finais tenebrosos. 

Enfim! Estou divagando! 

Vamos ao livro! 

Vou tentar manter essa resenha o mais livre de revelações sobre a trama quanto possível - a própria capa do livro já dá uma quantidade enorme de informação, na verdade, e eu vou me ater aos aspectos mais óbvios sobre o livro e à minha experiência de leitura. Vou deixar pra falar da trama em si quando fizer a resenha do Temor do Sábio, o segundo volume. 

A história gira em torno de Kvothe, o tal Matador de Reis sobre o qual a trilogia de livros gira em torno, que, aposentado e vivendo como um simples estalajadeiro em uma pequena cidade meio isolada, é procurado por um cronista que quer escrever sua história. Apesar de inicialmente relutante, Kvothe acaba concordando, mas exige que a história seja contada em três dias - dai o subtítulo Primeiro Dia já que esse primeiro volume trás as narrativas da primeira noite de narrações do protagonista. Nele, Kvothe narra sua infância e adolescência, das suas primeiras memórias até seus quinze anos. 

Não vou entrar no conteúdo dessa narrativa, exceto pra dizer que, além de muitas habilidades extremamente diversas em campos de atuação bastante variados, explicadas de forma concisa pelas experiências singulares da infância de Kvothe, a coisa toda gira em torno da busca dele por conhecimento sobre uma entidade ancestral - aparentemente maligna, mas eu admito que não estou completamente convencido disso ainda - e seu contato com o aprendizado de magia, além de uma paixão pela música. 

O ponto alto do livro, alias, são as narrativas de Kvothe tocando seu alaúde. São realmente bastante inspiradas, e fazem o leitor prender o fôlego durante as passagens em que Rothfuss decide explicar como o protagonista está se sentindo enquanto toca. 

Infelizmente, pra mim, o livro tem alguns problemas. A trama é mais centrada no dia-a-dia de Kvothe e suas relações com outros personagens, deixando em segundo plano as questões sobre magia e história do cenário, que, pra mim, são muito mais atraentes. Sim, ele constrói um personagem extremamente complexo e cria um vínculo entre ele e o leitor, mas esse mesmo personagem vive em um mundo meio vazio, sem horizonte, e possui um conhecimento amplo sobre ciências que são mantidas em segredo do leitor, que, portanto, não entende como e porque Kvothe pode fazer o que ele pode fazer - mesmo que isso seja tratado com naturalidade pelos personagens ao redor do protagonista. 

Além dessa falta de interação com o mundo, o segundo grande problema do livro é o fato da narrativa não ter um climax. Há alguma ação no livro, mas não há um ponto alto. A história simplesmente vai indo, sem grandes acontecimentos, e o que é pior, os acontecimentos interessantes são tratados como coisas cotidianas, sem grande impacto no cenário ou no próprio personagem, o que é extremamente enervante. 

Em resumo: Rothfuss cria um cenário interessante, mas deixa o leitor muito afastado dele, se concentrado em um personagem que, embora seja bastante carismático, é cercado por segredos e, na maioria do tempo, "não pode contar" coisas interessantes. Ou seja: o leitor é mantido no escuro durante toda a leitura, sobre praticamente todos os assuntos. Tenho certeza que pra alguns esse não é um problema, mas pra mim foi extremamente frustrante. Vou pro segundo livro esperando que Rothfuss explique uma série de coisas sobre Siglistica, Simpátia, Nomeação, demônios, fadas, propriedades do ferro e um sem número de outras coisinhas, mas sem grandes esperanças de que ele o faça. O autor parece um ótimo instigador mas aparentemente não é muito bom explicador, infelizmente. 

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