A trilogia de livros The High Druid of Shannara dá continuidade à série anterior, Voyage of Sherle Shannara, e se passa cerca de 30 anos depois dos eventos descritos na trilogia anterior - o que, admito, foi uma surpresa, já que, até então, cada série de livros de Terry Broks tinham pelo menos uns 300 anos de distância umas das outras, com os personagens da história anterior quase sempre tendo se tornado apenas lendas e histórias - exceto, claro, algum druida que fazia a ligação entre uma série e outra. Nesse caso, no entanto, Brooks trouxe de volta praticamente todos os personagens da trilogia anterior, a maioria deles com papeis importante, apesar de seus papéis secundários na narrativa, adicionando alguns novos personagens como protagonistas.
Admito que fui pego desprevenido por essa mudança de lógica - e, de fato, fiquei até um pouco preocupado, considerando que não tinha me apegado muito aos personagens do livro anterior. No entanto Brooks faz um bom trabalho em retomar a trama anterior e adicionar novos elementos nessa trilogia.
O único ponto negativo que consigo apontar com relação à trama é o fato de algumas partes do cenário terem evoluído muito mais rapidamente e surpreendentemente do que seria esperado. Notavelmente, a Ordem dos Druidas, que tanto Alanon quanto Walker tinham lutado longamente para reerguer, praticamente sem sucesso ao longo de 600 anos, e que na trilogia anterior tinha sido praticamente desmembrada, foi instituída e tornou-se um poder a ser considerado nas Quatro Terras em apenas 30 anos. Admito que essa parte ficou um pouco entalada na minha garganta ao longo de toda a leitura.
No entanto, os pontos positivos dessa trilogia são vários. Os novos protagonistas são extremamente interessantes, a trama é consistente e muitos elementos dos livros anteriores foram revisitados com bastante sucesso - eu me peguei mais de uma vez falando em voz alta coisas como "Nossa, por essa eu não esperava!" A Elcrist e o Exílio (que haviam sido parte central de algumas tramas, mas tinham sido bem pouco explicados ou explorados), Jaaka Russ (que tinha sido mencionado lá em Wishsong of Shannara), Trolls como "raça coadjuvante" no lugar dos Elfos, como Brooks quase sempre fez, o uso de Airships, exploração de magia druídica... A única coisa que essa trilogia não teve, pela primeira vez desde Espada de Shannara, foi a presença de um Leah ao lado do Omsford protagonista (o que foi uma pena, porque um personagem portando a Espada de Leah nessa história teria sido algo bastante divertido de ver!).
De fato, essa foi, depois da trilogia original, a minha história favorita da série de Shannara. Não teria sido nem metade do divertimento se eu não tivesse lido todos os livros anteriores, provavelmente, mas como eu já tinha todo o embasamento do cenário ao meu lado (e bem fresco na memória, o que provavelmente também ajudou) essa foi uma trilogia extremamente divertida de ouvir!
Alias, fiquei particularmente satisfeito com isso porque esse foi o meu último aodio book do cenário. Não tive oportunidade de comprar as duas trilogias mais recentes (e nem tenho certeza se a última já existe em audio) e tenho uma enorme "biblioteca" de livros em audio que quero ouvir, fora do cenário de Shannara.
Assim, essa foi minha última resenha sobre um livro de Shannara provavelmente por um loooongo tempo... Mas espero um dia voltar à ela e ler pelo menos as duas trilogias mais recentes (que acontecem, cronologicamente, depois de The High Druid of Shannara, o que significa que vou poder manter minha estratégia de ler o cenário em ordem cronológica de eventos).
Recomendo fortemente a leitura - ou a escuta - de todos os livros de Shannara a partir de First King of Shannara (os livros anteriores, como eu já disse, adicionam pouco ao cenário e não são particularmente divertidos de ler/escutar)! Alias, adoraria que alguém aí se aventurasse na leitura pra eu poder trocar uma idéia sobre o cenário!
E falando em cenário, fiquei surpreso em descobrir que ninguém usou esse cenário pra produzir livros de RPG! Pô, tão perdendo uma baita oportunidade! Quem sabe um dia eu não me arrisco em fazer uma pequena adaptação caseira?
Bom, adeus Shannara, que venham novas sagas!
sábado, 29 de outubro de 2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
O Nome do Vento
Tenho ouvido falar nesse livro há anos, recomendado por vários amigos. Admito que, no entanto, nunca me interessei em ler, particularmente depois de descobrir que se tratava do primeiro livro de uma trilogia cujo último livro ainda não tinha sido publicado - já é suficiente ter que esperar pelos livros das Crônicas Saxônicas. Agrava o caso o fato do primeiro livro ser de 2009 e o segundo ser de 2011. Dois anos entre os primeiros dois volumes, e agora um intervalo de cinco anos e nada do terceiro. Sabe-se lá quanto tempo vai levar ainda pra que a história seja concluída.
Mas, então, consegui o livro emprestado à alguns dias, e apesar da resistência, resolvi ler. Afinal, o máximo que poderia acontecer - além do livro ser muito ruim, claro - seria ter uma história sem fim. Poderia ser pior, considerando o número de livros que tem finais tenebrosos.
Enfim! Estou divagando!
Vamos ao livro!
Vou tentar manter essa resenha o mais livre de revelações sobre a trama quanto possível - a própria capa do livro já dá uma quantidade enorme de informação, na verdade, e eu vou me ater aos aspectos mais óbvios sobre o livro e à minha experiência de leitura. Vou deixar pra falar da trama em si quando fizer a resenha do Temor do Sábio, o segundo volume.
A história gira em torno de Kvothe, o tal Matador de Reis sobre o qual a trilogia de livros gira em torno, que, aposentado e vivendo como um simples estalajadeiro em uma pequena cidade meio isolada, é procurado por um cronista que quer escrever sua história. Apesar de inicialmente relutante, Kvothe acaba concordando, mas exige que a história seja contada em três dias - dai o subtítulo Primeiro Dia já que esse primeiro volume trás as narrativas da primeira noite de narrações do protagonista. Nele, Kvothe narra sua infância e adolescência, das suas primeiras memórias até seus quinze anos.
Não vou entrar no conteúdo dessa narrativa, exceto pra dizer que, além de muitas habilidades extremamente diversas em campos de atuação bastante variados, explicadas de forma concisa pelas experiências singulares da infância de Kvothe, a coisa toda gira em torno da busca dele por conhecimento sobre uma entidade ancestral - aparentemente maligna, mas eu admito que não estou completamente convencido disso ainda - e seu contato com o aprendizado de magia, além de uma paixão pela música.
O ponto alto do livro, alias, são as narrativas de Kvothe tocando seu alaúde. São realmente bastante inspiradas, e fazem o leitor prender o fôlego durante as passagens em que Rothfuss decide explicar como o protagonista está se sentindo enquanto toca.
Infelizmente, pra mim, o livro tem alguns problemas. A trama é mais centrada no dia-a-dia de Kvothe e suas relações com outros personagens, deixando em segundo plano as questões sobre magia e história do cenário, que, pra mim, são muito mais atraentes. Sim, ele constrói um personagem extremamente complexo e cria um vínculo entre ele e o leitor, mas esse mesmo personagem vive em um mundo meio vazio, sem horizonte, e possui um conhecimento amplo sobre ciências que são mantidas em segredo do leitor, que, portanto, não entende como e porque Kvothe pode fazer o que ele pode fazer - mesmo que isso seja tratado com naturalidade pelos personagens ao redor do protagonista.
Além dessa falta de interação com o mundo, o segundo grande problema do livro é o fato da narrativa não ter um climax. Há alguma ação no livro, mas não há um ponto alto. A história simplesmente vai indo, sem grandes acontecimentos, e o que é pior, os acontecimentos interessantes são tratados como coisas cotidianas, sem grande impacto no cenário ou no próprio personagem, o que é extremamente enervante.
Em resumo: Rothfuss cria um cenário interessante, mas deixa o leitor muito afastado dele, se concentrado em um personagem que, embora seja bastante carismático, é cercado por segredos e, na maioria do tempo, "não pode contar" coisas interessantes. Ou seja: o leitor é mantido no escuro durante toda a leitura, sobre praticamente todos os assuntos. Tenho certeza que pra alguns esse não é um problema, mas pra mim foi extremamente frustrante. Vou pro segundo livro esperando que Rothfuss explique uma série de coisas sobre Siglistica, Simpátia, Nomeação, demônios, fadas, propriedades do ferro e um sem número de outras coisinhas, mas sem grandes esperanças de que ele o faça. O autor parece um ótimo instigador mas aparentemente não é muito bom explicador, infelizmente.
Marcadores:
As Crônicas do Matador de Reis,
fantasia,
livro,
O Nome do Vento,
Patrick Rothfuss
Assinar:
Postagens (Atom)