quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Guerra dos Deuses

A Guerra dos Deuses (the book of Ptath no original) é um livrinho de bolso que recentemente comprei com uma leva de outros livros de ficção científica - junto com outro livro do mesmo autor, E. A. Van Vogt, Slan, que resenhei aqui recentemente.

Esse é um livrinho de bolso, da coleção Argonauta - escrito em lusitano, mas como era um livro suficientemente antigo, não afetou a leitura. Interessante como o lusitano antigo é mais parecido com o brasileiro do que o português de portugal contemporâneo - ou há uma preocupação de agradar os dois públicos com essas publicações da coleção Argonauta, não sei.

Mas enfim! Vamos ao livro em si!

A Guerra dos Deuses - alias, uma das poucas traduções que eu achei melhores que o original; se o livro se chamasse "O Livro de Ptath", eu provavelmente não teria comprado. A Guerra dos Deuses ficou commuito mais apelo. Apesar de eu ter comprado o livro mais pela ilustração da capa... - é um livro interessante, cheio de boas idéias. Infelizmente, todas elas mal utilizadas... Pthat, o nosso protagonista, é um Deus redivivo membro de uma tríade de divindades ancestrais. Aparentemente, o livro se passa na terra, em um futuro muito, muito distante - 200 milhões de anos no futuro, ou algo assim. Os problemas começam por aí. 200 milhões de anos no futuro, nosso sol já vai ter entrado em supernova, e a vida na terra não vai mais ser possível. Ok, não é um livro de hard fiction, mas me incomodou o uso de números tão grandes sem necessidade. Alias, falando em números grandes, outro ponto problemático é a quantidade de gente no planeta: Os três reinos cuja população é mencionada no livro, Gowonlane (aparentemente a antiga Austrália) e o Accadistran (a antiga Europa) e Nushirvan (a antiga América do Norte) têm, respectivamente, 54 mil milhões de pessoas, 19 mil milhões de pessoas e 5 mil milhões de pessoas. Só aí temos um total de 78 bilhões de pessoas - 11 vezes a população da terra atual!   Considerando que a tecnologia do planeta aparentemente retornou à agricultura básica, com animais sendo a maior fonte de energia mecânica do planeta (não existem veículos motorizados, nem é mencionado qualquer tipo de indústria) como se alimenta essa quantidade de gente E animais? E estamos falando de três dos continentes do planeta - a América do Sul, vastamente populada, não entra nessa matemática, mas dá pra imaginar que ela tenha uma população considerável, já que é um reino importante. Vamos dizer, 7 mil milhões de pessoas. Imaginem a população atual, vivendo TODA na América do Sul! Todas as pessoas da Asia, Europa, EUA enfim, morando na América do sul! E é importante notar que a Amazônia não só ainda existe nesse cenário como não tem moradores! Cara, de onde sai a comida pra toda essa gente...?

Bom, "detalhes" matemáticos à parte, outra coisa que me incomodou foi o fato de que, 200 milhões de anos no futuro, nosso Ptath renasce sem memória e então é infundido por Ineznia, uma das outras duas deusas, com as memórias de um soldado americano de 1944. Esse sujeito, é claro, salva o dia, numa paródia bizarra de Pocahontas: chamem um americano pra ele salvar o mundo quando, obviamente, os nativos locais não são capazes disso! E o pior é que, antes do tal soldado aparecer, a gente quase simpatiza com Ptath, o desmemoriado...

Pior ainda, é a mensagem de fé que fecha o livro, no melhor estilo "só Jesus Salva". Totalmente desnecessário.

Bom, idas e vindas, A Guerra dos deuses é um livreco lamentável, que desperdiça boas idéias com uma mentalidade tacanha e peca em verossimilhança pra adicionar números astronômicos na tentativa de deixar o leitor estupefato. Depois de dois livros totalmente descartáveis do senhor Van Vogt, ele definitivamente entrou pra minha lista de "autores à serem evitados".

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