sexta-feira, 29 de março de 2013

Os Mortos Vivos



Ghoust Stories no original, esse é um dos raros casos em que a tradução pode ser considerada tão boa ou até melhor do que o título original. Ou não.

Em um volume de quinhentas e poucas páginas, Peter Straub nos conta a tragedia da pequena cidade de Milburn, causada pela ação insensata de um grupo de jovens que, algumas décadas mais tarde, viria a se tornar a sóbria Sociedade Showder - um grupo de respeitáveis senhores que se reúnem mensalmente para relembrar os velhos tempos, contar histórias e trocar experiências.

E acabo de me dar conta que acabei de revelar parte da trama do livro... Bem, nada que realmente atrapalhe a trama da história, realmente.

O fato é que a narrativa do livro começa de modo um tanto deslocado, e nos coloca diante de um aparente dilema moral por parte de um homem perturbado. Obviamente, o prólogo é extremamente enganoso, e a história passa a se desenvolver a partir de como ele chegou à esse ponto inicial do livro.

O problema é que, após um prólogo deslocado e sem grandes explicações sobre o que está realmente acontecendo, entramos em uma narrativa morosa sobre o pacato dia-a-dia de Milburn e da Sociedade Showder - cuja explicação do nome me escapa por completo. Nadei arduamente por dois meses nas águas turvas da trama, até finalmente conseguir vencer toda a distância que separavam o prólogo do epílogo do livro. É uma leitura chata, na maioria das vezes aparentemente sem sentido, com muitas histórias aparentemente soltas entrelaçadas no meio da narrativa, personagens que recebem muito foco e simplesmente não têm importância alguma, capítulos inteiros que não ajudam a desenvolver o enredo e um excesso de detalhes sem qualquer relevância. A trama só fica realmente clara no último quinto do livro, onde várias - mas não todas - "pontas soltas" são explicadas e encaixadas. Só que, até chegar nesse ponto, eu já quase tinha perdido as forças e lia duas, três páginas por dia e então pegava no sono - um efeito que poucos livros conseguiram me causar nos últimos anos!

O fato é que a lentidão e a enrolação do livro me fizeram perder o interesse na trama de tal forma que a conclusão perdeu todo o impacto, e quando eu terminei de ler o livro, só consegui pensar "Finalmente! Agora posso resenhar esse calhamaço!"

Porque eu creio que a tradução do titulo é aparentemente melhor do que o nome original, alguém pode perguntar. A resposta é: Deixarei para aqueles bravos e resilientes leitores que se julgarem durões o suficiente para lerem o livro que o descubram. Sim, eu sei que isso é baixo e vil da minha parte, mas infelizmente explicar esse detalhe estragaria grande parte da trama.

Eu? Teria gostado mais se o enredo envolvesse os homenzinhos verdes do espaço, como pensava erroneamente o caro senhor Scales...

Post Scriptum: Straub já ganhou vários prêmios, como o Bram Stoker Award, dois World Fantasy Award e o International Horror Guild Award, e a crítica considera Os Mortos Vivos como uma das melhores histórias sobrenaturais do século XX, com "uma narrativa incomparavelmente moderna" - ou ao menos foi o que eu li quando pesquisei pelo livro na rede. Assim, é bem possível que minha preferência por outros gêneros de ficção não tenham permitido que eu absorvesse toda a qualidade da obra. Mas considerando que eu aprecio o trabalho de Lovecraft e que Frankeintein é um dos meus livros favoritos, tenho dificuldades em acreditar plenamente nessa explicação.

Post Scriptum 2: A capa é uma cena do filme homônimo, baseado no livro. A qualidade da capa está bem ruim, mas eu simplesmente não me dei ao trabalho de scannear o meu livro só pra esse post ter uma imagem melhor. Mas ali o meio tem um idoso Fred Astaire, fato que por si só já me fez ficar curioso pelo filme!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Os dez livros mais lidos dos últimos 50 anos


Essa semana me deparei com estatísticas que mostravam os dez livros mais vendidos no mundo. Meu primeiro impulso foi ir logo compartilhando a informação. Mas me peguei pensando sobre a veracidade dos números, e fui pesquisar primeiro. E durante a pesquisa, me deparei com outra questão interessante.

Mas há uma série de detalhes a serem considerados nessa lista. Primeiro, a vendagem de Harry Potter considera todos os sete livros. O mais vendido entre eles é H.P. e a Pedra Filsosfal, com cerca de 110 milhões de livros vendidos. A versão compilada ou em "box" com os três volumes do Senhor dos Anéis vendeu cerca de 100 milhões de cópias, mas se considerarmos as vendagens em volumes separados também, esse número vai à 150 milhões de cópias. No caso de Crepúsculo, é difícil calcular os números reais do livro, porque as fontes divergem imensamente, e estimam vendagens que vão de 28 à 100 milhões de cópias.

Mas então vêm as questões interessantes: As Crônicas de Nárnia - todos os sete livros - venderam 120 milhões de cópias entre 1949 e 2005. Será que essas vendagens foram de mais de 93 milhões só nos primeiros 14 anos (até 1943), pra que eles não chegassem a vender cópias suficientes nos últimos 50 anos?

Ainda, O Pequeno Príncipe foi originalmente publicado em 1943, e desde então vendeu cerca de 200 milhões de cópias. Ele teria que ter vendido 173 milhões de cópias nos primeiros 20 anos de publicação pra não figurar nessa lista.

Também achei bem difícil de engolir que O Hobbit, publicado em 1937, que já vendeu mais de 100 milhões de cópias, não vendeu cópias suficientes pra vigorar nessa lista- principalmente considerando as adaptações do Senhor dos Anéis e do próprio Hobbit tão recentemente. 


E onde estão E os três livros dos Jogos Vorazes (publicados entre 2008 e 2010), The Eagle Has Landed (de Jack Higgins, publicado em 1975), O Nome da Rosa (de Humberto Eco, publicado em 1980), Watership Down (de Richard Adams, publicado em 1972), todos livros que, desde sua publicação, já venderam pelo menos 50 milhões de cópias? E a Trilogia Millenium, de Stieg Larsson, publicados entre 2005 e 2007, com 53 milhões de cópias vendidas, e que não são uma trilogia fechada porque o autor morreu antes de dar sequencia à saga? Esses livros venderam mais ANTES de serem publicados do que nos últimos 50 anos?

Essa lista que apareceu pelo facebook tem alguns sérios problemas, e o maior deles, certamente, é querer colocar Crepúsculo entre os dez mais vendidos dos últimos 50 anos.

Em tempo: Considerando que O Código Da Vinci já superou os 80 milhões de cópias vendidas - e não os 57 milhões que aparecem no gráfico - a lista dos dez mais vendidos provavelmente seria:
Bíblia (alguns bilhões de cópias)
O Livro Vermelho (entre 600 e 800 milhões de cópias)
Harry Potter (400 milhões de cópias)
O Pequeno Príncipe (200 milhões de cópias)
Senhor dos Anéis (150 milhões de cópias)
As Crônicas de Nárnia (120 milhões de cópias)
O Hobbit (100 milhões de cópias)
O Código Da Vinci (80 milhões de cópias)
O Alquimista (65 milhões de cópias)
Trilogia Millenium (53 milhões de cópias)

Não é exato, considerando o que já escrevi acima, mas é bem mais aproximada do que o infográfico que apareceu pelo facebook.

Até que alguém consiga números mais acurados, fico satisfeito com essa lista!