quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Menina que Roubava Livros


Voltando à fazer comentários literários, vamos ao último livro que eu lí: A menina que roubava livros

Informação da wikipédia sobre o livro:
A Menina que Roubava Livros (no original, The Book Thief) é um romance do escritor australiano Markus Zusak, publicado em 2006. No Brasil, foi lançado em março de 2007 pela editora Intrínseca, e foi traduzido por Vera Ribeiro.

Levei perto de um mês (um pouco mais) pra digerir esse um.

Achei uma droga.

A linguagem, o modo de escrever, é esquisito. A narradora do livro é a Morte - que, como todo o resto do mundo, é anti-nazista - e narra a triste história da juventude de Liesel Meminger, uma alemãzinha pobre vivendo os horrores da alemanha nazista pelo ângulo dos perdedores entre os perdedores, ou seja, o povo alemão.

A morte como a contadora da história é interessante. Eu já lí, porém, outros livros que tinham a mesma narradora, e não fiquei lá muito impressionado nesse aspecto, uma vez que a morte aqui é retratada uma criatura com sentimentos totalmente humanos mas com poderes de leva-e-traz de almas desencarnadas. Uma morte muito simplória, eu diria.

A narradora, no entanto, nos conta o final da história logo de saída, e, via de regra, sabemos todos os acontecimentos importantes que irão acontecer antes que eles se dêem de fato. Narrativa interessante, diria até ousada, mas, que no final, pra mim, acabou com qualquer emoção que o livro por ventura pudesse ter. Torna a leitura irritante, uma vez que, sabendo o que vai acontecer em seguida, tu quer pular o blá, blá, blá e ver logo a coisa feita, e suas repercussões, pra que o livro siga em frente.
Um ponto interessante do livro, mas que também achei irritante, são as "pausas dramáticas", como eu apelidei, que a morte usa durante o livro.

* Pausa Dramática *
Uma pequena quebra na linearidade da narração
para explicar um conceito, acontecimento
ou simplesmente adicionar um fato novo


Esse é o formato que se vê no interior do livro, mais ou menos.

Achei bem irritante não só porque quebra o ritmo da história, mas também porque tu vira a página, e teu olho é chamado pro pedaço de texto destacado no meio da página, e as vezes tu lê uma parte, antes do olho voltar pra onde deveria ser a continuação natural da leitura.

em termos de história, temos uma menina orfã, pobre, que vai morar com seus novos pais adotivos, obviamente também pobres, e vê o desenvolvimento do movimento nazista pelos olhos do povo alemão da época. Na maior parte do tempo, é só uma história sobre uma garotinha sem dinheiro e suas desventuras juvenís com uma ou outra menção depreciativa do Füher ou seus asseclas no fundo, mas eles se tornam parte integral da trama em alguns momentos, fazendo o papel de vilões supremos. Há um judeu na história, um amor de infância e as relações Liesel com seus novos pais enquanto ela aprende a escrever e descobre os horrores da guerra.

No mais, o que se espera sobre a alemanha nazista: Os nazistas (membros do exército ou simpatizantes do partido) são maus, frios e egoístas e os pobres judeus são só boas pessoas com espírito elevado (e outras qualidades como simpatia, paciência, integridade e pensamento poético) que são caçados, humilhados e maltratados pelos nazistas mauvados.

Ah, sim: E a pequena Liesel rouba alguns livros no decorrer da história, como o nome da obra sugere.

História chata, sem nada de novo, narrativa esquisita (inovadora, talvez; nunca li nada no mesmo formato) e também chata.

Como eu não tenho o costume de não ler um livro até o final, e além disso, queria resenhar alguma coisa, fui até o final melodramático do livro, através das suas muitas páginas, numa batalha de vontade. Só não digo que me arrependo de ler porque foi um passa-tempo, ao menos. Mas eu particularmente gosto de ler boas histórias, com uma narrativa adequada, e não encontrei nenhum dos dois n'A menina que roubava livros.

Leiam por sua conta e risco.

P.S.: Não lí nenhuma outra resenha sobre o livro, nem conheço a trajetória do autor, e isso geralmente pouco me importa, só pra deixar claro. Minha pequena resenha foi feita apenas levanto em consideração a minha própria experiência de leitura da obra. Creio que isso possa ser uma informação relevante quando um sujeito fala mal de um livro...

8 comentários:

  1. Aff! Larga mão de ser idiota.. Como você pde dizer uma coisa dessas.. SE você leu mesmo, sabe que no final livro ela (Liesel) pergunta se voc~e leu mesmo a história dela, e se você entendeu... Acho que você não pode responder nenhuma dessa perguntas, você lê e não aprende nada com aquilo.. aff'! eu nem vou mais contestar...

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  2. Otavio, considero lamentável ser xingado por simplesmente ter uma opinião, e intolerância sem motivos como a tua me parecem descabidas e desnecessárias.
    Eu realmente não aprendi nada com "aquilo" - apesar de não saber o que seria "aquilo", o livro realmente não me ensinou nada, exceto, talvez, formas de não escrever.
    Como eu disse, não gostei do livro. Eu li toda a história, e achei chata, redundante e inexpressiva. Isso é comumente chamado de opinião pessoal.
    Mas é interessante observar que tu me xingou, ficou indignado, e simplesmente não lançou nenhum argumento sobre o que eu poderia ter aprendido com a obra, apenas afirmou que eu não sou capaz de aprender.
    Intolerância e ignorância, além de insultos verbais. Onde eu vi isso nesse livro, mesmo...?

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  3. O Livro é ótimo. Ele é composto por um formato não-convencional e bem interessante. E acho que a tua crítica sobre as observações que o autor faz no decorrer do livro são, no mínimo, ignóbeis. Ele utiliza muito bem estes decorrentes complementos para informar ao leitor algum termo ou fragmento histórico que justifica um ato posterior, ou seja, tem carater informativo. E se isto te causa algum tipo de distração, o problema não é do livro, nem do autor, nem da observação, o problema é teu. A boa e velha ordem de leitura é ler da esqueda para a direita, e de cima para baixo para ter um desfecho original da história. Se não segues esta "norminha" por livre e espontânea vontade a culpa não é do livro.
    A história do livro é fascinante. É super detalhista e conserva uma estrutura enigmatica e difícil. Isto, na minha opinião, é essencial para tornar um livro bom. Consegues me entender? Não é um livro "mastigadinho", tens que raciocinar para decifrá-lo.
    Como podes opinar sobre um livro sem saber onde a história vai parar? Tua opinião é inútil, pois não fostes envolvida pela real intenção do livro.
    O livro tem um caráter informativo muito grande. Trás desde informações linguisticas (termos e referências em alemão) até descrições históricas (informações locais da IIGM)

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    1. Uma defesa inspirada, certamente.

      Primeiro, eu leio livros. Eu não decifro. Não gosto sequer de ler em lingua estrangieora, porque o simples ato de precisar traduzir a leitura tira um pouco do prazer. Eu gosto de leitura simples e direta. Se eu preciso de filosofia, eu leio Platão. Um bom livro, pra mim, tem uma boa história, e se quer passar uma mensagem, seja qual for, que faça isso de forma que eu não precise ficar decifrando o livro. Eu sou um leitor, não um literato.

      Segundo, minha opinião sobre o livro foi totalmente baseada na leitura dele. Eu li o livro, então sei onde a história dele termina. Se for preciso ler outros livros pra entender isso, esse livro é uma falha, porque isso não é deixado claro em momento algum. Se tu considera minha opinião inútil, só porque eu desgosto de um livro que tu adora, creio que tua capacidade de empatia é bastante limitada, o que seria surpreendente pra alguém que me acusa de não ter conseguido me envolver com a leitura. Como eu disse, a leitura do livro não me envolveu, realmente, porque, na minha opinião, ele usa de artifícios narrativos que mais atrapalham do que auxiliam na leitura e na imersão.

      Em tempo: Sim, o problema em ler o livro é todo meu. Esse é um blog pessoal, onde eu coloco as minhas opiniões (que, se são "opiniões" e "minhas", são, portanto, muito pessoais!). Eu não disse simplesmente que o livro é ruim. Eu expus os motivos pra achar isso. E então, coloquei minha opinião. Pra mim, na minha opinião, é um livro ruim. Se essa opinião é útil ou inútil, essa já é uma outra questão.

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    2. Meu caro, respeito tua opinião. Embora não concorde com teu ponto de vista, não quer dizer que não seja discutível. Não gosto quando cortam um diálogo ou discussão com a frase: "esta é a minha opinião e tens que respeitá-la permanecendo em silêncio". Independente de quem é a opinião, ela é totalmente discutível, por isso, reforço, que não achei teus argumentos suficientes para "carimbar" o livro como ruim.
      Reparaste no teu modo agressivo de transparecer tuas ideias? Da mesma agressividade que criticas o livro, eu retorno a defendê-lo. Não há duvidas de que se eu criticasse indelicadamente algo que seja do teu gosto, tu rebaterias da mesma forma.
      Gosto da tua iniciativa de criar um blog com opiniões próprias, mas tome cuidado para não ofender gratuitamente as outras pessoas que gostam.

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    3. Interessante. Principalmente porque, da maneira como tu fez o teu comentário, qualquer resposta que eu der me torna o vilão. Gostei. Boa articulação.
      De qualquer forma, ainda não considero qualquer mudança na minha opinião quanto ao livro. As questões informativas do livro são irrelevantes: Pra alguém que não conhece alemão, aquelas palavras e expressões vão simplesmente deixar de existir ou se tornar inúteis ao final de um mês depois da leitura. A mesma coisa quanto à questão histórica, mas com o agravante que é, basicamente, chovcer no molhado, porque qualquer obra sobre a segunda guerra vai dizer a mesma coisa.
      Quando um autor colocar os nazistas como os heróis do livro, ou ao menos mostrar as linhas alemãs com mais imparcialidade do que como meros soldados da morte, sem espírito e vontade, aí eu concordarei que é um bom olhar sobre a segunda guerra. Como eu disse, colocar nazistas como vilões desalmados enquanto os pobres judeus sofrem, já deu o que tinha que dar - mesmo sendo verdade. Só isso já é um ponto negativo no livro: ser mais do mesmo.
      Hum..
      Se eu continuar, vou me repetir. Outra vez.
      Bem, cada um de nós tem sua opinião. E minha opinião continua inalterada. Nem Só de Caviar Vive o Homem (Johannes Mario Simmel) tem muito mais informações, e mais interessante de ler, e não cai na mesmice. O Menino do Pijama Listrado (John Boyne) também é outra leitura mais interessante sobre o tema.

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  4. Amenina que roubava livros, uma obra muito interessante. Levei um mês para termina-la. Uma leitura um pouco complexa, porém, muito fascinante. Todos dizem saber sobre a segunda guerra mundial. Mas será que se perguntam como seria ter vivido na segunda guerra mundial? Obs: Vivendo num pais pertencente aos blocos envolvidos no "pega pra capá".
    O livro é narrado pela morte, uma narradora personagem que diferente de todos as outras "mortes" esta parecer não gostar de levar almas.
    O que aprendi? Bom... Os judeus foram muito massacrados. Mas isso a gente aprende na 8ª série. No entanto, aprendemos o sofrimento que o autor transmite pelo sua personagem? A prendemos o temor e o medo que os civis tião toda vez que uma sirene tocava na rua? Aprendemos o amor que pode nascer por uma alma condenada (judeus na 2ª guerra) a ponto de arriscar a vida de toda sua família, apenas para esconder um deles em seu porão? O livro me ensinou muitas coisas, faz tempo que o li. Tudo é informação, umas boas, outras nem tanto, mas sempre aprendemos um pouco mais com tudo. Nem num livro é horrível. Apenas pode ser um pouco menos interessante, para uma certa pessoa. :)

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    1. Tendo a concordar contigo sobre "toda informação útil", mas, perceba, esse é um blog pessoal com opiniões pessoais. Eu não tenho intensção de parecer falsamente neutro sobre o que leio.
      Como citei acima, há outros livros tão ou mais interessantes sobre o tema, e que exploram o ponto de vista dos pobres judeus. Mas, na verdade, há uma imensa série de filmes que fazem o mesmo.
      Pra mim, esse continua sendo um livro desnecessário.
      Mas, é claro, a argumentação sobre o tema, feita de forma madura, sempre me interessa. Só não posso garantir que vá mudar algo na minha linha de raciocínio - como é o caso aqui.

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