quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Slan

Quando eu li o título desse livro, eu pensei automaticamente em Slanns - apesar de saber que obviamente não tinha nenhuma relação. Realmente, não tem - eu procurei algum tipo de possível co-relação entre as das raças por toda a leitura, e não há nenhuma. então não procurem esse livro pelo fandon, Warhammers!

Um aviso: Haverão revelações sobre a trama ao longo dessa resenha - o livro foi escrito em 1940, em primeiro lugar, e em segundo, é muito difícil falar sobre as minhas impressões sem revelar algumas partes da trama.

Dito isso, vamos à resenha em si:

Slan é sobre uma raça de mutantes descobertos 400 anos antes do começo da história narrada no livro (por um cientista chamado S. Lan, daí o nome da raça). Os Slans são humanos com capacidades físicas e mentais muito superiores às dos humanos, mais fortes, mais rápidos, muito mais inteligentes e com uma capacidade de aprendizado muito superior à dos humanos, principalmente por conta de serem capazes de ler pensamentos. Fisicamente, além de algumas diferenças internas - eles tem dois corações, por exemplo - eles diferem dos humanos por apresentarem, na cabeça, uma série de vibrissas, que são os órgãos responsáveis por sua capacidade de telepatia - e o modo mais simples de reconhecê-los.

Graças as suas capacidades, os Slans se consideraram, em algum momento, como os líderes de direito
Uma ilustração de capa mostrando as
vibrissas dos Slans
da raça humana, o que levou à uma guerra entre as duas raças. Os Slans foram derrotados, e subsequentemente perseguidos e exterminados. Mas aparentemente a mutação responsável pela criação dos Slans é natural dos seres humanos, e volta e meia aparece algum deles por aí. E o livro conta, justamente, a história de um deles, Jomny, um jovem Slan em busca da verdade, de outros de sua raça e, claro, de sobrevivência em um mundo que o odeia.

Apesar de um tanto melodramático, Slan tem algumas qualidades. Nada acontece como o esperado. A maioria do conhecimento que Jomny tem é modificado ao longo da trama, em uma reviravolta espetacular. O problema aqui é que isso acontece tantas vezes ao longo do livro - praticamente cada informação que jomny descobre é revelada como uma mentira alguns capítulos mais adiante - que acaba se tornando um pouco chato. No fim, o final do livro acaba ficando extremamente previsível por conta disso.

alias, o final é muito mal explicado. Eu tive que ler os capítulos finais duas vezes, e admito que não entendi direito algumas coisas bastante relevantes. Vogt também decide joga por terra algumas coisas bem legais que construiu ao longo da trama bem no finalzinho do livro, o que estragou um bocado algumas coisinhas que eu tinha realmente gostado da história, e que não precisavam ser mexidas pra tornar a história verossímil ou eficiente.

O livro também parece uma crítica à perseguição contra os judeus durante a Segunda Grande Guerra: um povo perseguido, praticamente exterminado mas ainda considerado "dono do poder" por estar infiltrado em altos escalões do governo.

Não é um livro particularmente bom, do meu ponto de vista, e eu não recomendo a leitura dele particularmente. A visão do futuro de Vogt, ao menos nesse livro, é um tanto obtusa e a tecnologia beira a magia em alguns casos (transmissores mentais, anéis de energia infinita, raios desintegradores) e em outros ainda está na idade média (mídia impressa, revistas na base da apalpadela, inexistência de equipamentos de segurança de qualquer tipo), o ue cria uma série de situações inusitadas.

Em tempo: Estou lendo outro livro do E. A. Van Vogt que está me parecendo bem mais interessante, justamente por misturar magia e tecnologia. Provavelmente vai funcionar melhor, considerando o estilo do autor.