sábado, 27 de março de 2010
Até o dia em que o cão morreu
Lí nessa última semana, principalmente durante minhas longas viagens de ônibus da minha casa pra faculdade, "Até o dia em que o cão morreu". O livro me foi indicado e emprestado com o aviso: "só que o livro tem um final que pode ser frustrante".
Bom, aceitei o livro de qualquer modo. Estava pra começar um outro livro, mas coloquei "Até o dia em que o cão morreu" na frente, porque a leitura era mais rápida.
Se fosse uma histórias em quadrinhos, "Até o dia em que o cão morreu" seria chamado de "slice of life", que é um tipo de quadrinho que retrata simplesmente um pedaço da vida de alguém comum, num episódio (geralmente) relevante para aquela pessoa e, as vezes, para pessoas próximas à si. É um tipo de história intimista, que não quer mudar o mundo, nem revolucionar nada, mas simplesmente te mostrar um pequeno pedaço da vida de outra pessoa.
O livro de Daniel Galera faz exatamente isso.
Eu não tinha lido, até hoje, um livro nesses moldes. Geralmente, um livro com esse caráter de monstrar o cotidiano, o comum, tem por objetivo gerar uma reflexão sobre nossas próprias vidas, flertando de modo mais ou menos profundo com filosofia ou psicologia. Outras vezes, é uma crítica política. E, em alguns casos, é simples crítica social.
"Até o dia em que o cão morreu", no entanto, não é nada disso. É simplesmente uma visita à vida de um ser humano mediano como a maioria esmagadora de nós, diante de uma situação que poderia acontecer com qualquer um.
E só.
Daniel Galera é porto-alegrense, uma raça um pouco diferente da maior parte dos outros gaúchos do interior do estado, mas mesmo assim, escreve esse livro com um tom que permite que qualquer um se identifique com algum dos pouqíssimos personagens do livro - ao menos se o leitor for gaúcho.
Os palavrões que pontuam o livro são uma parte que me incomodou. Não são contantes, mas aparecem em momentos que eu, particularmente, considerei exagerado. Mas tenho certeza que eu sou uma excessão, porque a maior parte das pessoas realmente pensa em sexo de forma algo promíscua, ao menos de vez em quando. Não é o meu caso, e isso atrapalhou um pouco a minha leitura.
Fora isso, o livro é excelente.
Ah, e sobre o final... Eu terminei de ler o livro na rua, caminhando na direção da faculdade; Terminei com uma gargalhanda, e um sorriso me acompanhou nos lábios por algumas quadras, acompanhado por tragadas de cigarro, e um gosto meio amargo, meio doce, no fundo da graganta, depois de ler a última palavra do livro.
E se houvesse alguma outra palavra, qualquer que fosse, eu realmente teria considerado o livro frustrante!
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